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VIVA! Jeceaba tombou Capela de Santa Quitéria, patrimônio cultural religioso do século XVIII

Representantes da comunidade, com apoio da líder comunitária Aline Soares Marcos, moradora há 37 anos no povoado, se reuniram na Igreja de Santa Quitéria para celebrar o Decreto. – “O tombamento é um presente especial para a comunidade que nasceu a partir da Igreja. É um reconhecimento pela nossa história que agora estará resguardada”; Aline S. Marcos.

A Igreja de Santa Quitéria construída no século XVIII, provavelmente em 1712, conforme referência em elemento que compõe o adro, foi tombada por Decreto 005 de 06/02/2025 pelo Município de Jeceaba, MG. O patrimônio constitui-se como um marco que deu origem ao povoado homônimo, pertencente à Comarca de Congonhas e à Paróquia de São José de Congonhas. Porém, a capela está localizada no território de Jeceaba. A Festa de Santa Quitéria já é inventariada por Congonhas como bem imaterial, elaborado pela Diretoria de Patrimônio Histórico – Superintendência de Gestão da Cidade (SEPLAG), 2024. Embasada em estrutura em pedras que traz referências em cantaria, a delicada capela representa arquitetura típica do período colonial, porém em seu interior composto por dois alteres laterais e outros elementos artísticos, verificam-se interferências nas características originais.

Origem da Padroeira Santa Quitéria

– “Santa Quitéria, uma jovem mártir do século II, cuja vida se encontra envolvida em aspectos lendários, ainda pouco estudados. Filha de um nobre pagão, teria nascido na região de Braga (Portugal), juntamente com mais oito irmãs. Os primeiros milagres datam do século VIII, altura em que começou a ser venerada como mártir, destino que partilhou com suas irmãs. O martírio é referido, pela primeira vez, no século XII, estando relatado nos Flos Sanctorum de Alonso de Villegas e de Diogo do Rosário e inscrito no Martirológio Romano (22 de Maio). O culto de Santa Quitéria, promovido, particularmente, pelos jesuítas, encontra-se bem alicerçado na devoção popular que a invoca como advogada contra a raiva. A arquidiocese de Braga celebra a sua memória no dia 8 de Junho. Felgueiras não só lhe erigiu um santuário no local onde, supostamente, foi sepultada, como tem Santa Quitéria como padroeira”. Por André Sanches Candreva.

A devoção na região

– “De acordo com relatos orais, um fato ocorrido a 05/04/1734 em um dos “galhos” (caminhos paralelos) do Caminho Velho da Estrada Real, nas proximidades do atual bairro de Santa Quitéria / Congonhas, nos dá conta de que dois rapazes nesse percurso desentenderam-se por motivos fúteis e um deles, de posse de uma faca, fez menção de ferir seu desafeto. Este, se vendo em situação de aflição, invocou com veemência à Santa Quitéria, que intercedeu paralisando o braço do agressor, impedindo-o de cometer tal barbaridade. Diante do milagre acontecido, o português Manoel Mendes de Souza, que invocou a santa no momento do apuro, era dono de considerável extensão de terras nesta região, fez promessa de erguer um templo devotado à Santa Quitéria, surgindo assim a capela de mesmo nome e consequente denominação do pequeno povoado que a seu redor floresceu”. Igreja de Santa Quitéria, documento elaborado por elementos do Instituto Histórico e Geográfico de Congonhas (IHGC); André Candreva; Hugo Cordeiro e Maria da Paz.

Em 22 de maio de 2025, quando se completarão 291 anos de devoção e fé, a comunidade de Santa Quitéria, terá um motivo maior para celebrar a grande Festa da Padroeira: o tombamento e planos para a preservação.

A participação do IHGCongonhas

É importante destacar o trabalho fundamental do Instituto Histórico e Geográfico de Congonhas (IHGC) no processo do tombamento, especialmente, por Regiana Luiza Gonçalves, membro efetivo que detém a Cadeira 12 da entidade.

– “Fui criada na comunidade; minha mãe Maria Luiza foi zeladora da igreja e desde pequena me interesso pelas questões ambientais e patrimoniais do povoado. Tenho uma relação de memória afetiva com a Capela, pois acompanhava minha mãe durante as limpezas do templo, onde fui batizada, crismada e fiz a primeira comunhão. Sinto-me do dever de conscientizar a população sobre a importância da preservação patrimonial da capela, e do povoado que tem raízes quilombolas. A partir de agora todos nós iremos unir forças para a restauração e preservação”; pontuou Regiana Luiza Gonçalves.

Texto, jornalista Tarcísio Martins. Fotografias: Regiana Gonçalves, Hugo Cordeiro, Aline Soares, Albertino Soares, Sagê Soares.  

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