O Sul do Brasil vai virar de ponta-cabeça! Novas ferrovias podem transformar a logística nacional, escoar cargas com eficiência e desafogar rodovias. Com bilhões em investimentos, portos estratégicos e apoio de investidores internacionais, a revolução ferroviária está prestes a sair dos trilhos da burocracia direto para o futuro do transporte de cargas!
Projetos ambiciosos de expansão ferroviária ganham força no Sul do Brasil, com potencial para transformar a forma como o país transporta suas cargas, desafogando rodovias congestionadas e elevando a competitividade dos portos da região.
Enquanto o Brasil convive com um sistema ferroviário limitado e ineficiente, os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul se articulam para tirar do papel projetos de ferrovias que podem reposicionar a logística nacional.
A proposta é clara: investir em infraestrutura ferroviária para impulsionar o escoamento da produção e reduzir a dependência do transporte rodoviário, cada vez mais sobrecarregado.
Porto de Itapoá quer acesso direto à malha nacional
Um dos projetos mais promissores está em Santa Catarina.
O porto de Itapoá solicitou à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a autorização para construir e operar duas novas ferrovias no norte do estado.
As linhas pretendem conectar o terminal à malha ferroviária nacional. A primeira ferrovia ligaria Itapoá a Araquari, num percurso de 113 quilômetros.
A segunda faria a conexão entre Itapoá e Morretes (PR), ao longo de 83 quilômetros.
Essas conexões seriam essenciais para consolidar a integração com outros modais e aumentar a competitividade do terminal.
Atualmente, o porto de Itapoá movimenta mais de 70 mil contêineres por mês e realiza entre 1,6 mil e 2 mil transações de cargas diariamente.
Com a dragagem da Baía da Babitonga, iniciada em março de 2025, Itapoá será o primeiro porto brasileiro a receber navios de 366 metros de comprimento em sua capacidade máxima.
Segundo o CEO do porto, Ricardo Arten, “a modernização e expansão das ferrovias é fundamental para garantir previsibilidade e segurança ao transporte de cargas”.
O executivo reforça que o terminal já opera com rotas regulares para mercados na Ásia, Europa e Estados Unidos.
Megaferrovia entre Paraná e Rio Grande do Sul
Outro projeto de grande escala no Sul prevê a construção de uma ferrovia com 1.549 quilômetros, ligando Terra Roxa (PR) a Arroio do Sal (RS).
O trajeto atravessará áreas próximas à fronteira com o Paraguai e terminará em um novo porto gaúcho que será construído com recursos federais.
De acordo com informações da Revista Veja, o investimento estimado para o porto em Arroio do Sal chega a R$ 1,3 bilhão, conforme anunciou o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.
A proposta da ferrovia foi apresentada à ANTT pela Doha Investimentos e Participações, com apoio de investidores russos.
A concessão solicitada prevê um prazo de administração de 99 anos. A autorização ainda está em análise e depende de estudos técnicos, econômicos e ambientais para definição do traçado e dos custos.
Paraná aposta na expansão da Ferroeste
O Governo do Paraná adiou para 2025 o leilão da Nova Ferroeste, um projeto que visa conectar o município de Maracaju (MS) ao porto de Paranaguá, no litoral paranaense, com uma extensão de 1.567 quilômetros.
O projeto inclui ainda um ramal entre Foz do Iguaçu e Cascavel, além de conexões com Chapecó (SC).
Segundo o plano do governo estadual, a Nova Ferroeste será o segundo maior corredor logístico de grãos e contêineres do país.
A administração da malha será compartilhada entre a América Latina Logística (ALL), responsável por 2.039 quilômetros de ferrovias, e a Ferroeste, uma sociedade de economia mista que opera cerca de 248,5 quilômetros.
Brasil ainda tem malha ferroviária subutilizada
Apesar de sua dimensão continental, o Brasil possui uma malha ferroviária tímida e mal aproveitada.
São aproximadamente 29 mil quilômetros de trilhos, segundo o Plano Nacional de Logística (PNL), mas apenas 7 mil estão em plena operação.
Outros 13 mil têm baixa densidade de tráfego e cerca de 8 mil quilômetros estão subutilizados ou sem operação comercial.
A título de comparação, os Estados Unidos contam com 295 mil quilômetros de ferrovias.
Já a Argentina, mesmo com território três vezes menor que o brasileiro, possui uma malha ferroviária de 36,9 mil quilômetros.
Malha Sul deve ser dividida, segundo setor produtivo
O fim da concessão da Malha Sul, prevista para 2027, reacende o debate sobre a gestão das ferrovias no Sul do país.
Atualmente, essa malha tem cerca de 7 mil quilômetros de extensão, sendo que no Rio Grande do Sul, dos 3,3 mil quilômetros existentes, 1,5 mil estão desativados ou com operação suspensa.
Em Santa Catarina, são apenas 763 quilômetros de ferrovias ativas. Trechos históricos, como a Ferrovia do Contestado (entre Porto União e Marcelino Ramos), estão fora de operação desde os anos 2000.
Segundo Edson Vasconcelos, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), é necessário modernizar o modelo de concessão e considerar a divisão da Malha Sul, permitindo que Paraná e Santa Catarina operem de forma conjunta, enquanto o Rio Grande do Sul gerencia sua própria rede.
O G7, grupo que reúne entidades do setor produtivo do Paraná, defende essa reformulação.
Caminhões ainda dominam, mas problemas se acumulam
A predominância do transporte rodoviário no Brasil gera inúmeros gargalos logísticos e problemas de infraestrutura.
Só em janeiro de 2025, foram registradas 130 ocorrências nas rodovias federais de Santa Catarina envolvendo veículos de carga.
Dessas, 61 ocorreram na BR-101, uma das mais críticas da região, com 10 feridos.
O excesso de peso em caminhões é outro desafio. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), mais de 4,7 milhões de quilos de carga acima do permitido foram retirados de circulação só em 2024.
Esse excesso acelera o desgaste das estradas, causa buracos, rachaduras e aumenta o risco de acidentes.
Investir em ferrovias é estratégico para o futuro
Além de reduzir o número de caminhões nas estradas, as novas ferrovias podem contribuir para tornar o transporte de cargas mais seguro, previsível e ambientalmente sustentável.
O Brasil ainda precisa superar entraves burocráticos e garantir financiamento adequado para que os projetos em análise se tornem realidade.
A expectativa é que a aprovação dos pedidos junto à ANTT e os estudos de viabilidade avancem nos próximos meses.
Com isso, o Sul do país pode se transformar em um verdadeiro corredor ferroviário, impulsionando o agronegócio, a indústria e o comércio exterior.
E você, acredita que o Brasil conseguirá finalmente investir com seriedade em transporte ferroviário ou os projetos continuarão no papel?
FONTE: CLICK PETRÓLEO E GAS