Empresa, com unidade no Campo das Vertentes, é pioneira na extração de minerais estratégicos a partir de rejeitos
A Boston Metal do Brasil irá iniciar no próximo mês a produção em escala industrial na unidade em Coronel Xavier Chaves, município próximo de São João del-Rei, no Campo das Vertentes. Com investimentos de R$ 1 bilhão até 2026, o espaço vai abrigar o primeiro hub de metais estratégicos do mundo produzidos a partir da tecnologia de Eletrólise de Óxido Fundido (MOE).
A unidade terá capacidade para produzir 12 mil toneladas anuais de produtos à base de tântalo, nióbio e estanho – metais essenciais para as indústrias de eletrônicos, construção, automotiva e aeroespacial.
Inicialmente, a produção será realizada em cinco células eletrolíticas, que utilizam energia renovável, além do uso de rejeitos mineração como matéria-prima. “A extração desses metais a partir de escórias e rejeitos é uma técnica inovadora no mundo, já que a empresa passa a recuperar valor de materiais que antes eram considerados irrecuperáveis”, pontua o presidente da Boston Metal do Brasil, Itamar Resende.
Além disso, a tecnologia se destaca por ser altamente escalável e modular, dispensando grandes estruturas desde o início, com células instaladas conforme a demanda, o que oferece flexibilidade e facilita a expansão. “É uma revolução na forma de produzir metais, especialmente os críticos”, destaca.
Após a primeira fase em maio, a expectativa é que o projeto esteja em plena operação até setembro de 2026. A operação, segundo o executivo, consolida o grupo como referência no desenvolvimento de tecnologias com projeção de gerar um faturamento anual de R$ 2 bilhões. “Hoje temos uma demanda imensa mundo afora e já estamos nos preparando para atendê-la”.
Para Minas Gerais, que já possui a mineração como uma das principais vocações econômicas, a tecnologia abre novas fronteiras. O grande feito, segundo o executivo, está no benefício de se transformar rejeitos de mineração, conseguindo no futuro eliminar barragens, recuperando o valor desses materiais, que possuem relevante interesse global.

China, Estados Unidos e continente europeu devem importar matéria-prima
Países como Estados Unidos e China, além do continente do europeu, devem ser os principais destinos da matéria-prima. Para Resende, os atuais conflitos comerciais e eventuais taxações não são uma ameaça até o momento, já que os materiais críticos são encarados de forma positiva pelo mercado internacional devido à relevância, aliada à sustentabilidade. “Os materiais que produzimos são altamente especializados e o Brasil é um dos poucos países com reservas significativas”, acrescenta.
Para compor o projeto é esperada a geração de 150 empregos diretos, com possibilidade de alcançar até 700 envolvidos em toda a cadeia de produção. Além da empregabilidade, a empresa promoverá a capacitação dos trabalhadores para lidarem com as tecnologias, formando mão de obra qualificada a partir de treinamentos recorrentes.
“É um projeto audacioso em termos de tempo e tecnologia. Construímos uma fábrica em 10 meses e agora qualificamos a mão de obra, que é uma das vertentes mais importantes de todo o processo”, conclui. Reportar erro
FONTE: DIÁRIO DO COMÉRCIO