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Além do pão de queijo e do torresmo, Minas pode ser também a terra das pedras preciosas e das joias

A ocupação do território que hoje constitui o Estado de Minas Gerais ganhou fôlego a partir do século XVI, quando os avanços para o interior mudaram de direção; do Sul, que seria rota imaginada para acesso à prata descoberta pelos espanhóis, para o Norte. Agora o rumo presumido do Eldorado e, sonhavam os colonizadores portugueses, do ouro em abundância. Por ironia, a primeira descoberta confirmada, em Sabará, acabou ficando por conta de boiadeiros que vinham da Bahia. A extração se deu rápida e aceleradamente, determinou a ocupação do interior e a abundante riqueza bastou para fazer de Ouro Preto, ou Vila Rica, a maior cidade, em população, das três Américas.

Tudo isso é passado e o ouro que adiante financiou a Revolução Industrial na Europa não deixou legado de monta. O mesmo destino do Distrito Diamantino, no seu apogeu o maior centro de extração de diamantes do planeta. Lembrança também de que toda a atividade extrativa, nos séculos XVI e XVII principalmente, foi limitada à superfície e ao leito de riachos, sem quase nenhuma incorporação de tecnologia, o que pode significar, conforme crença de muitos, que a maior parte dessas riquezas ainda não foi alcançada, permanece por ser mapeada e explorada. Para Minas Gerais no presente, uma possibilidade a ser melhor considerada.

E agora não mais para apenas recolher aquilo que o solo esconde, limitada ao processo extrativista. Existem condições objetivas que deveriam levar a pensar e agir de forma diferente, no reconhecimento de que ouro e pedras se e quando beneficiados têm seu valor multiplicado várias vezes. Elementar. Estamos falando da ourivesaria e da lapidação numa escala que nunca aconteceu, que nunca fez jus ou representou adequada contrapartida para o Estado, para todos aqueles diretamente envolvidos na atividade. Pode e deve ser diferente, a começar das atividades informais que se realizam à margem, do fisco inclusive, assim repetindo as perdas ancestrais. Ou a sina para os mineiros de serem ricos, mas continuarem pobres.

Não cabe repetir o passado, cabe sim fazer diferente. Para, por exemplo, colocar de pé a antiga ideia de implantação no Estado de um grande centro de gemologia, inclusive com escola voltada para a formação de lapidadores, tudo isso num ambiente em que as portas ao contrabando seriam fechadas. Na mesma toada, apoio forte à ourivesaria, valorização da cultura mineira neste campo, melhor suporte também ao design, tudo rematado com promoção em escala bem mais ambiciosa.

Minas Gerais pode e deve continuar sendo a terra do pão de queijo e do torresmo, mas pode ser também, com igual destaque, a terra das pedras preciosas e das joias.

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