O que era para ser um encontro com uma garota de programa, terminou em caso de polícia. Pelo menos quatro homens foram vítimas da mulher, suspeita de aplicar o chamado ‘Boa noite, Cinderela’, que consiste em seduzir as vítimas, dopá-las e roubar seus pertences. Cerca de R$ 250 mil foram levados pela mulher. Um idoso de 75 anos, uma das vítimas, não resistiu ao golpe e acabou morrendo após passar dois meses internado em um hospital com sequelas graves pela alta dose de medicamentos usados pela golpista.
“Toda a investigação começou em janeiro deste ano, quando a família de uma das vítimas, um homem, de 45 anos, nos procurou queixando de roubo. O homem foi encontrado desacordado em casa, após não dar notícias por três dias, não ir ao trabalho e, ao acordar, perceber que havia transferências de sua conta bancária e compras pelo seu cartão de crédito”, detalhou o delegado Gustavo Barletta, do Departamento Estadual de Investigação de Crimes contra o Patrimônio (Depatri).
A partir desta denúncia, outras duas queixas que estavam sendo investigadas em outras delegacias foram confrontadas e a Polícia Civil percebeu que havia semelhanças entre elas. A mulher foi presa na última quarta-feira (30 de abril), mas nega as acusações.

Como ela agia, segundo a Polícia Civil
A polícia começou a ouvir os envolvidos e percebeu semelhança entre os casos. Além disso, duas, das quatro vítimas, conseguiram reconhecer a suspeita.
“Pela cronologia, o primeiro caso foi em setembro de 2024, com um homem de 57 anos. A vítima e a autora estavam em uma festa, quando ela (autora) se ofereceu para um programa sexual. Eles foram para um local privado, ela (autora) ofereceu uma bebida, e ele apagou. Ficou desacordado o tempo suficiente para que a criminosa fizesse pix de R$ 15 mil para a conta dela”, disse o delegado.
Já o segundo caso foi contra um homem idoso de 67 anos, em outubro de 2024. “Eles estavam em um bar e a mulher se ofereceu para fazer um programa. Eles foram para casa dele, após muita insistência dela. Lá, ela disse que faria um drink para ele e, novamente, ela dopou a vítima”, contou. Entre pix, transferências bancárias e roubo de objetos pessoais, ela levou R$ 60 mil.
Casos mais graves e denúncias de latrocínio
A mulher que foi presa em casa, em Santa Luzia, na região Metropolitana de Belo Horizonte, não assumiu a autoria dos crimes. Ela também não informou quais medicamentos usou para dopar as vítimas, contudo, a Polícia Civil encontrou frascos de clonazepam (usado para prevenir e tratar convulsões, transtorno do pânico e transtornos de ansiedade) na casa dela.
Um homem de 29 anos, com quem ela já teve um relacionamento, também foi preso suspeito de ser o comparsa da mulher.
Nas duas primeiras ocorrências, as vítimas despertaram horas depois, e não precisaram de atendimento médico, contudo, a terceira e quarta vítimas ficaram em estado grave, tendo a última, evoluído para óbito.
“A gente acredita que ela tenha aumentado significativamente a dose de medicamento administrada, pelo estado que as vítimas ficaram. O homem de 45 anos, ficou três dias apagado, ficou 20 dias internado e ainda tem dificuldades na fala, não se lembra de nada do que ocorreu”, afirma o delegado.
Já o idoso, que ficou 30 dias em coma, após uma parada cardiorrespiratória, ficou dois meses hospitalizado, tendo o quadro agravado para uma múltipla falência dos órgãos, gerando a morte dele.
A mulher foi indiciada por latrocínio, que é roubo seguido de morte, tentado e consumado, pois, pelo entendimento dos policiais, ainda que as três vítimas tenham sobrevivido, ela assumiu o dolo, ou seja, o risco de matar.
Prejuízos
Somados, os valores roubados pela mulher somam mais cerca de R$ 250 mil, entre valores bancários, dinheiro em espécie e objetos como relógios, joias e outros. Entre um crime e outro, a dupla teria ido ao Rio de Janeiro, durante um feriado prolongado e gasto aproximadamente R$ 20 mil com hospedagens, restaurantes caros e festas.