A pequena Raylla (de apenas 4 anos) foi sepultada ontem (26/5). Trata-se da criança que morreu, no domingo (25/5), após se afogar numa piscina da Fazenda Chaparral – espaço particular nos Portões, em Itabirito (MG), aberto ao público pagante. O pai e a mãe da criança moram no Nova Cintra, em BH. A família foi para a fazenda numa excursão com moradores do bairro Jaqueline, que também fica na capital.
O Radar Geral conversou com Whashigton Alves, tio da criança, e com o proprietário do estabelecimento, Renato Bretas. Entre eles há conflito de versões. A família disse que não havia salva-vidas na fazenda. O dono contesta e diz que o bombeiro civil estava no empreendimento.
TIO DA CRIANÇA
O Radar perguntou ao tio se houve negligência da família. A resposta foi a seguinte: “Não houve negligência da família. Infelizmente aconteceu o fato. Mas em momento algum a criança ficou jogada”.
Ele lamentou: “O questionamento da gente é não ter um salva-vidas e o dono do lugar ter omitido socorro. Falou que a gente tinha que se virar para chamar a emergência. Mesmo depois do ocorrido, ele queria continuar com o bingo, falando que tudo ia se resolver (…). Isso revolta a gente! A gente paga R$ 120 para entrar na fazenda e não tem um salva-vidas! Não tem ninguém preparado para os primeiros socorros. Aí uma criança de 4 anos se afoga e acontece o que aconteceu. Além de negligência, chega a beirar um crime. Se você tem um estabelecimento desses, você precisa ter tudo para que ele possa funcionar. Não é só laudo de bombeiro, liberação de Prefeitura, tem que ter salva-vidas (…). Ele ter falado: ‘vocês têm que se virar para chamar o socorro’. Se virar como? A gente estava de ônibus! Depois de quase 10 minutos, tentando reanimar a menina, apareceu um carro dele para levá-la ao hospital. Ao invés da UPA, levaram para o Hospital, que é mais longe. Isso é complicado. Tá muito difícil pra gente!”
Perguntado se eles entrarão na Justiça, o tio respondeu: “Processo indenizatório, a gente não tem interesse. Dinheiro nenhum vai trazer ela de volta. (Contudo) A gente vai abrir um processo criminal”.
O DONO DA FAZENDA
Renato Bretas conversou pelo telefone com o Radar Geral. Antes de mandar uma nota de seu advogado, ele disse que a fazenda tem, sim, salva-vidas, que estava disponível a cerca de 10 metros do local onde a criança foi encontrada.
Disse também que uma mulher se identificou como enfermeira, o que teria (segundo ele) atrasado o atendimento da criança. Afirmou inclusive que o deslocamento da menina ao hospital, no carro dele (de Renato), demorou cerca de 6 minutos.
Disse ainda que não aconteceu o bingo no dia e contesta a versão de que houve negligência por parte dele ou da fazenda. Segundo Renato, há muita desinformação no caso.
Por fim, o proprietário enviou a nota – que não trata a respeito de ter ou não um salva-vidas no local, como estebelece a Lei Municipal 3.332 de 2019 (a partir de projeto do combatente Veirlâneo, da Brigada, quando ele esteve na condição de verador).
LEIA A SEGUIR A NOTA DA CHAPARRAL:
“O escritório de Advocacia advocacia Dr. Yago Baião, representando o Sr. Renato Augusto Bretas, proprietário da Fazenda Chaparral, localizada em Itabirito, Minas Gerais, vem a público manifestar profundo pesar pelo falecimento de uma criança de aproximadamente quatro anos de idade, ocorrido recentemente nas dependências da referida fazenda.
O Sr. Renato Augusto Bretas, na qualidade de proprietário e responsável pela Fazenda Chaparral, se solidariza sinceramente com os familiares da criança neste momento de imensa dor, colocando-se desde o início à disposição para colaborar com tudo que fosse necessário.
É importante destacar que, tão logo a situação foi identificada, o Sr. Renato acionou prontamente o Corpo de Bombeiros. Diante da demora no atendimento, disponibilizou imediatamente seu veículo particular para que colaboradores da fazenda pudessem transportar a criança e seus familiares com urgência até o Hospital São Vicente de Paula, em Itabirito, na tentativa de salvar sua vida.
Ressalta-se ainda que a Fazenda Chaparral possui alvará de funcionamento regular, bem como laudo de vistoria do Corpo de Bombeiros vigente com validade até o ano de 2029, atestando que o estabelecimento segue todos os critérios legais de segurança.
Por fim, informamos que, em respeito aos familiares e à investigação em curso e à apuração dos fatos conduzida pela Polícia Civil, o Sr. Renato Augusto Bretas não se manifestará publicamente neste momento.
Itabirito/MG, 26/05/2025.
Dr. Yago Baião – advogado do Sr. Renato Augusto Bretas