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Fim do segredo da BYD? Como montadora da China se tornou uma das principais marcas em apenas 3 anos

Montadora chinesa dispara nas vendas e desafia gigantes do setor automotivo mesmo sem fábrica no Brasil. Estratégia ousada, carros elétricos acessíveis e marketing intenso transformaram a BYD na marca que mais cresce no mercado nacional em tempo recorde.

A BYD alcançou em 2025 o 9.º lugar no ranking de montadoras no Brasil, consolidando-se à frente de marcas como Caoa Chery e Nissan.

Ficou a cerca de duas mil unidades da Honda no total de automóveis vendidos.

A ascensão meteórica se deu mesmo sem produzir nenhum carro em solo nacional até agora, com todos os modelos importados da China após o investimento inicial em automóveis, iniciado em 2022.

Para muitos analistas, esse crescimento é a trajetória mais rápida desde a abertura do mercado na década de 1990.

Estratégia de lançamento com carros elétricos de luxo

Conforme matéria publicada nesta segunda-feira (16) pelo portal UOL, em 2022, a BYD chegou com modelos de luxo como o HAN e o TAN — elétricos de R$ 500 mil — desafiando o preconceito quanto a carros chineses de luxo elétricos.

A receptividade, impulsionada por cabines sofisticadas, tecnologia de telas giratórias e câmeras 360°, mostrou que havia espaço para inovação nesse segmento.

Pouco depois, veio o híbrido plug‑in Song Plus, sinalizando a transição para modelos de volume.

Carro elétrico tem de ser isso: tecnologia e preço acessível

Em 2023, com os brasileiros ansiosos por EVs acessíveis, a BYD apostou no Dolphin: elétrico urbano de cerca de R$ 150 mil, com conforto, segurança e dirigibilidade competitiva.

Seu sucesso ecoou nos números – em maio, o Dolphin Mini foi o carro elétrico mais vendido do país, com 2.576 unidades, seguido pelo Dolphin com 1.864.

Modelos que combinam inovação, tecnologia e preço competitivo, segundo especialistas, são essenciais para que a “eletrificação massiva” avance.

Um carro elétrico tem de ser isso: acessível, tecnológico e urbano – um automóvel elétrico que o brasileiro quer.

Ofensiva dos híbridos e promoções agressivas

O ano de 2024 marcou a entrada em massa dos híbridos: Song Pro, King e Song Premium chegaram com descontos constantes, valorização do usado e taxa de financiamento atraente.

Todas as semanas, ações nas concessionárias reforçam esse apelo popular.

Essa estratégia de varejo agressivo, aliada a investimentos pesados em marketing e influenciadores – de micro criadores digitais a participações em novelas e carnaval do Rio –, tornou a BYD quase “onipresente” no imaginário do consumidor.

Crescimento do mercado de veículos elétricos no Brasil

Dados da ABVE apontam: de janeiro a maio de 2025 foram vendidas 16.641 unidades eletrificadas em maio, alta de 12,7% em relação a abril e de 22,3% sobre o ano anterior.

O total acumulado no período foi de 71.324 unidades, crescimento de 19,5%.

Entre esses, os elétricos representaram 31,3% das vendas, com os híbridos plug‑in dominando 50% das emplacagens.

Com 75% da participação no segmento de VEs, a BYD não só atendeu, mas também criou a demanda.

Entregou tecnologia acessível em modelos urbanos bem equipados, como o Dolphin.

E o impacto?

Comparações com Creta, T‑Cross e Tracker mostram consumidores optando por um carro elétrico tem de ser isso — cheio de recursos e prático para o dia a dia.

Fábrica de Camaçari: produção no Brasil e atrasos

A fábrica de Camaçari (BA), resultado da parceria com a Ford e investimento de US$ 600 milhões, prometia operação em 2025.

Agora, a montagem em kits (SKD) deve começar ainda em 2025.

A produção plena está prevista apenas para dezembro de 2026, com geração de até 10 000 empregos diretos e 20 000 indiretos.

Em junho, a BYD confirmou que a produção local do Dolphin Mini começa em 26 de junho de 2025.

Mas há controvérsias. Autoridades flagraram condições precárias de trabalho entre os chineses na obra, descritas como “degradantes” e “semanais”, motivando processos e suspensão de vistos.

Esse impasse pode atrasar ainda mais a operação.

Pressão tarifária e política industrial

Ao explorar o Brasil, a BYD se beneficiou de tarifas reduzidas (10%) e incentivos até 2026.

Importou cerca de 22 mil veículos em 2025, com expectativa de 40% de aumento até o fim do ano.

Mas a reação veio: entidades pedem aumento da tarifa para 35% já em 2025, a fim de proteger a produção nacional.

Esse movimento destaca o dilema: manter os preços acessíveis ou fortalecer a indústria local.

Marketing como motor do crescimento da marca

O gigantesco investimento em automóveis foi acompanhado por uma estratégia de marketing multicanal.

Influenciadores digitais, merchandising em novelas, mídia tradicional, presença em feiras e eventos e ações regionais fizeram da BYD uma marca moderna, jovem e sustentável.

Essa exposição intensa reforça a frase‑chave: um carro elétrico tem de ser isso — uma experiência que se conecta ao cotidiano, ao meio ambiente e ao estilo de vida do consumidor brasileiro.

Desafios e riscos da estratégia da BYD

Apesar da potência do plano, persistem desafios.

  • A fábrica segue atrasada.
  • A picape Shark não decolou.
  • E a estratégia de promoções constantes levanta o risco de desvalorização de marca em longo prazo.

Além disso, a pressão sobre o modelo financeiro — com pesada dependência de importações e grandes subsídios — pode comprometer a sustentabilidade caso as receitas ou incentivos caiam.

A BYD tem uma história notável em solo brasileiro. Em 2023, vendeu 77% dos VEs, colocando quatro modelos no top 5 do segmento.

Nos três primeiros meses de 2025, liderou globalmente com 336 681 carros vendidos, deixando a Tesla para trás.

Um carro elétrico tem de ser isso: acessível, equipado, urbano e conectado com as necessidades reais do brasileiro.

Qual será o próximo passo para consolidar sua posição no Brasil: operar localmente, enfrentar barreiras tarifárias ou ganhar reputação com práticas mais sustentáveis?

FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS

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