×

Jovem grávida desaparecida há 3 meses no Rio São Francisco: ‘Quero resposta’

Bombeiros encerraram as buscas pelo corpo de Mariane Conceição do Couto Alves, de 16 anos. O irmão continua a procura com a ajuda de dois amigos, em Luz

Há pouco mais de três meses, em 16 de março deste ano, Mariane Conceição do Couto Alves, de 16 anos, desapareceu nas águas do Rio São Francisco, no distrito de Campinho, na cidade de Luz, Região Centro-Oeste de Minas. O corpo da jovem nunca foi encontrado. Sem poder realizar o velório, a família relata grande sofrimento e continua as buscas por conta própria. A Polícia Civil (PCMG) afirmou que não há indícios de crime.

Segundo o irmão, Hugo Couto, a menina estava grávida quando se afogou. Ele descobriu a gravidez após o desaparecimento da irmã, ao ver uma foto da barriga — que já indicava algumas semanas de gestação — em uma conversa com o então namorado da jovem.

Hugo conta que a irmã saiu às escondidas, sem o consentimento dos pais, Eliana Aparecida e Leonídio Alves. Mariane teria ido pescar com oito amigos, todos maiores de idade.

Segundo Hugo, os pais estão devastados, ambos diagnosticados com depressão e fazendo uso de medicamentos. O pai também está em terapia para lidar com a situação. “Minha mãe está tomando remédio para depressão. O meu pai nunca tomou remédio, e agora toma também e está indo ao psicólogo. Eles estão sofrendo. Desde o dia do afogamento, não voltaram mais para casa e foram para a roça, onde ela morava com eles”, conta.

A notícia chegou a Hugo por meio da mãe de Eduardo, namorado de Mariane. Assim que soube do ocorrido, ele foi até o local, onde encontrou apenas quatro dos oito amigos.

“Encontrei a mãe do Eduardo desesperada, dizendo que minha irmã tinha desaparecido na água. Peguei o carro e fui até o local. Quando cheguei, vi que era um lugar de difícil acesso. Algumas pessoas que foram pescar com ela ainda estavam lá, mas só quatro continuavam no local — os demais tinham ido embora. Eu mesmo acionei o Corpo de Bombeiros. Depois, ainda precisei procurar a Polícia Militar”, relata.

Segundo a Polícia Civil, às margens do rio a água é rasa, mas, a poucos passos adiante, a profundidade ultrapassa os seis metros. 

Dúvidas

O boletim de ocorrência registra que, às 14h40 do dia 16 de março, o Corpo de Bombeiros foi acionado por amigos de Mariane. Os colegas relataram que a menina entrou no rio para nadar na parte rasa e começou a se afogar. Eles tentaram resgatá-la, mas não conseguiram.

De acordo com Hugo, a irmã não gostava de água e tinha medo de nadar, o que o leva a desacreditar que tenha sido apenas um acidente. Hugo acredita que ela pode não ter “entrado no rio com as próprias pernas”.

Além disso, ele conta que, ao chegar à beira do rio, não havia nada que indicasse uma pescaria, nem bebidas ou comidas, itens comuns em uma reunião entre jovens.

O irmão afirma que não houve investigação por parte da polícia: “Eu tive que ir atrás da polícia de Luz. Passaram-se sete dias e eles não intimaram ninguém. Não procuraram saber como minha irmã morreu, porque é um lugar de difícil acesso. A Polícia Militar não considerou a possibilidade de procurá-la”, relata.

O que dizem as autoridades 

O Corpo de Bombeiros (CBMMG) informou que “desde o acionamento, as equipes realizaram buscas intensivas por 13 dias consecutivos, empregando técnicas de varredura submersa e explorando todos os pontos passíveis de busca, inclusive com uso de mergulhadores”.

Após esses 13 dias de buscas, foi determinado o encerramento oficial devido à exaustão dos profissionais, à falta de possibilidades técnicas e aos riscos operacionais.

Já a Polícia Civil informou, por meio de nota, que esteve no local junto com a equipe do Corpo de Bombeiros (CBMMG). “Foram ouvidas todas as pessoas que estavam no momento de lazer às margens do rio, e não foi identificado qualquer indício de crime. O afogamento e o desaparecimento da jovem foram considerados uma fatalidade ocorrida em meio às águas do Rio São Francisco”, diz a nota.

Todas as oito pessoas que estavam com Mariane — amigos de Eduardo e parentes da jovem — prestaram depoimento à polícia. A PC informa que, com as apurações e os depoimentos, foi constatado que se tratou de um acidente.

No entanto, o corpo não foi encontrado. “Não é raro, em locais com rios de tais dimensões ou mar aberto, não localizar o corpo da vítima”, afirma a nota da PC.

Busca sem fim 

Apesar do fim oficial das buscas pelo corpo de Mariane decretado pelos bombeiros, Hugo afirmou que continuará procurando a irmã pelo rio. Junto com dois amigos, em um barco, ele já a procura há 38 dias seguidos.

“Eu estava indo até Martinho Campos de barco, mas o mato é muito alto. Eles (as autoridades) fizeram o acesso de carro. Talvez estejamos procurando algo que não está aqui. Por ela ser uma menina mais franzina, era para ela ter aparecido”, lamenta Hugo.

“Não houve essa investigação, nada disso. Eu é que estou buscando respostas até hoje. Quero saber a verdade sobre o que aconteceu com minha irmã. Quero uma resposta”, afirma.  

FONTE: ESTADO DE MINAS

Receba Notícias Em Seu Celular

Quero receber notícias no whatsapp