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Condutores socorristas do Samu pressionam por greve e cobram retomada de projeto no Congresso

Representantes dos condutores socorristas que atuam no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em Minas Gerais se articulam para uma possível paralisação da categoria. A mobilização já conta com um grupo organizado de 540 trabalhadores de diferentes regiões do estado, que pressionam o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde no Estado de Minas Gerais (Sindsaúde-MG) a convocar uma greve.

O movimento cobra melhoria salarial e o enquadramento da categoria no quadro de profissionais da saúde, o que daria direito a uma série de benefícios já garantidos aos demais servidores vinculados. Atualmente, como não são reconhecidos legalmente como profissionais da saúde, os condutores socorristas ficam de fora de adicionais, gratificações e condições de aposentadoria diferenciadas.

Para melhorar as condições dos trabalhadores, o Sindsaúde-MG quer a retomada da tramitação do Projeto de Lei 3104/2020 na Câmara dos Deputados. O texto propõe exatamente a inclusão dos condutores socorristas no rol das profissões da saúde, reconhecendo o caráter técnico e essencial da atuação desses trabalhadores no atendimento de urgência e emergência.

“O Samu inaugura a cena da ocorrência, dos acidentes. Tem protocolo específico e o condutor socorrista faz parte do atendimento. Nada mais justo que ele ser valorizado como os outros colegas de trabalho”, pondera a Secretária Executiva da Mesa Estadual Permanente de Negociação do SUS-MG, Núbia Dias. Ela ressalta que os salários pagos à categoria não estão de acordo com a função. “O salário hoje é de 1750 para uma carga horária exaustiva. Não é justo com esses trabalhadores”, diz.

Crise do Samu agrava tensão

A mobilização ocorre em meio a uma grave crise financeira enfrentada pelos consórcios que operam o Samu em Minas. Como revelou O Fator, os serviços regionais acumulam um déficit estimado em R$ 56,8 milhões por ano e alertam para o risco de descontinuidade dos atendimentos em parte do estado.

O presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde para Gerenciamento da Rede de Urgência e Emergência da Macro Sudeste (Cisdeste) e prefeito de Leopoldina (MG), Pedro Augusto Junqueira Ferraz (PL), acompanhou uma comitiva a Brasília no mês passado. Eles participaram de uma reunião com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Na pauta, estava a regularização dos repasses por parte da União e, ainda, um aumento nos valores.

“O Samu é uma ferramenta fundamental para a saúde do brasileiro e tem que ser valorizado. Ele é um sistema tripartite, em que a União arca com 50%, o Estado com 40% e o município 10%. E o governo federal não está entregando a parte deles. Estamos esperando a resposta do ministro”, cobra.

O prefeito de Barbacena e presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Rede de Urgência (Cisru) Centro-Sul, Carlos Du (PSD), acrescenta que o ideal era o pagamento de uma 13ª parcela por parte da União. O motivo é simples: muitos dos trabalhadores são contratados na modalidade CLT, que tem benefícios diferenciados, como o 13º salário.

O Ministério da Saúde foi procurado para saber a resposta do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a respeito das demandas dos prefeitos. O espaço está aberto para a manifestação da pasta.

  • O Fator

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