João Batista de Paula nasceu em 1950 (74 anos) e sua esposa, Maria Geralda de Paula, em 1954 (66 anos), o casal tem três filhos, cinco netos, uma bisneta, e é proprietário de área de 7,3 hectares em Santa Quitéria, Congonhas, terras que já pertenciam a seus país, Geraldo Domingos de Paula e Maria Alves, há pelo menos 90 anos.
Senhor João conta que sempre lutou com dificuldade; tinha um boteco em Santa Quitéria por dez anos, depois foi operário dezoito anos na CSN, até se aposentar, com o suor do trabalho organizou o sítio, que é aconchegante e serve para complementação de renda, com abundância de água e bem estruturado: casa, curral, paiol e garagem.
O quintal tem imensa variedade de plantas, que Senhor João vai contando no dedo para não esquecer: mais de trinta pés de jabuticaba, café, pitanga, abacate, manga, laranja, mexerica, bananeira; a área ainda possui jacarandá, Camará, eucalipto, capim de trato da gado, mas seu carinho especial são quinze pés de ipê, cujas mudas ele próprio fez, e o Jatobá, tambem plantado por ele há cinquenta anos.
O nome do sítio é São Geraldo em homenagem ao pai.
Senhor João recebeu documento de ‘imissão na posse’ a favor da CSN expedido no dia 5 de junho’, sem tempo para recurso, e seus dias têm sido dor de cabeça.
Ele contou que teve esperança quando, em audiência com Dr. Felipe Alexandre Vieira Rodrigues, juiz da Comarca de Congonhas, entendeu que seria procurado novamente pela empresa porque, embora nunca tivesse pensado em vender, pois ‘o sítio é sua vida’, sempre esteve aberto à negociação, mas em desacordo dos valores irrisórios oferecidos pela mineradora, dizendo ela que a casa é antiga e que não paga sentimento.
Para sua surpresa, a empresa não voltou! Dr. Felipe deu causa favorável a Sr. João, mas, num prazo recorde de dois dias , ele perdeu no Tribunal em BH.
‘É uma vergonha, um absurdo’, desabafou.
A esperança de Sr. João agora é o apoio das organizações e instituições em geral e das autoridades (a partir do governo municipal) para que a decisão judicial, que lhe traz ameaça de despejo a qualquer momento, seja suspensa e, assim, com tempo hábil, se reestabeleça a Justiça.
Ele disse que ‘quer sossego ou negociar preço justo’.
O caso de Senhor João é emblemático no embate em torno do processo de expansão violenta da CSN, interessada em ampliar seus negócios com pilha de estéril nas proximidades de Santa Quitéria, escorada em decreto viciado do Governo de Minas de 12 de Julho de 2024.
Se a prepotência prevalecer, com um senhor idoso despejado de sua própria casa, a CSN ganhará força para expulsar os demais moradores. Se um munícipe é agredido no seu direito, o povo todo é ameaçado. Por isso a hora é agora! Ainda há tempo!
Por Senhor João!Por Santa Quitéria! Por Congonhas! Pelo Brasil.