Vilarejo mineiro sofreu com o furto de mais de 20 peças sacras na década de 1990
Itatiaia, Ouro Branco (MG) – Um dos mais antigos e encantadores vilarejos da Zona da Mata Mineira, Itatiaia é um refúgio de tranquilidade e beleza natural. Suas ruas serenas e construções em adobe e pau-a-pique guardam um patrimônio cultural de valor inestimável. No coração da comunidade, ergue-se a imponente Igreja Matriz de Santo Antônio, um marco tricentenário da fé e da arte barroca mineira.
Memória ferida, esperança viva
Em 1994, a Matriz sofreu um dos episódios mais dolorosos de sua história: o furto de 21 peças sacras do século XVIII. Entre as obras desaparecidas estão imagens de São Miguel Arcanjo, Santa Rita de Cássia, Nossa Senhora do Rosário, São Francisco de Assis, Santo Antônio, São Vicente Ferrer, Santa Efigênia, São José de Botas, São Benedito, Divino Espírito Santo, além de crucifixos e castiçais. Até hoje, apenas três peças foram recuperadas. Os altares permanecem com nichos vazios — um símbolo da ausência que ainda ecoa nos corações dos moradores.
Ação comunitária e educativa
Sob a liderança da Fomentarte, nasce o projeto “Mobilizados pelo Patrimônio – Educação Patrimonial”, aprovado pelo edital 01/2024 da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), com apoio do Ministério da Cultura, Prefeitura Municipal de Ouro Branco e da Associação Sociocultural Os Bem-Te-Vis.
A iniciativa tem como objetivos:
- Divulgar amplamente as imagens e peças desaparecidas de forma continua.
- Sensibilizar a população sobre a importância da preservação do patrimônio;
- Estimular denúncias e informações que possam levar à recuperação dos bens, por meio das plataformas BCP – Banco de Bens Culturais Procurados do IPHAN e SONDAR – Resgate de Bens Culturais;
- Promover oficinas, rodas de conversa e ações educativas com foco em identidade e memória.
Voz da comunidade
Segundo Wilton Fernandes, coordenador do projeto e diretor da Associação Sociocultural Os Bem-Te-Vis, a busca dos bens desaparecidos deve ser algo contínuo.
“Cuidar do patrimônio envolve luta, persistência e devoção. Essa será nossa missão — e também dos devotos e moradores de Itatiaia — preservar nossa história e tradição, seve ser algo contínuo. Acreditamos que a educação patrimonial é o caminho para formar guardiões da memória.” Conclui Wilton Fernandes – Coordenador do projeto.
Como ajudar
A comunidade convida todos a se engajarem. Qualquer informação sobre as peças desaparecidas pode ser crucial. Denúncias podem ser feitas de forma anônima e segura pelas plataformas:
Material audiovisual e mobilização visual
Além da divulgação nas redes sociais, o projeto utiliza fotos das peças desaparecidas em folders e em locais estratégicos da cidade, com o objetivo de sensibilizar moradores e visitantes sobre a importância do retorno do acervo.



