Nova política automotiva muda o IPI: carros limpos pagam menos, modelos poluentes ou potentes enfrentam aumento no imposto até 2026
A nova política automotiva do governo federal está mudando as contas de quem pretende comprar um carro. O programa “Carro Sustentável”, que isenta de IPI os modelos mais limpos e eficientes até o fim de 2026, também traz um impacto direto para o outro lado do mercado: carros movidos a gasolina, diesel ou com motores muito potentes vão pagar mais imposto.
A medida, que entrou em vigor com o Decreto nº 12.549/2025, cria um sistema de compensação. Ou seja, o governo retira o imposto dos modelos sustentáveis e compensa essa perda fiscal com aumento do IPI em veículos considerados poluentes ou pouco eficientes.
Como o novo IPI é calculado
A alíquota-base do IPI para carros de passeio continua em 6,3%. A diferença está nos critérios que somam ou subtraem pontos percentuais desse valor.
Ao todo, são cinco fatores analisados: fonte de energia, eficiência energética, potência do motor, segurança veicular e facilidade de reciclagem.
Cada um desses critérios pode gerar bônus (descontos) ou malus (acréscimos). O resultado é uma nova alíquota final, que pode ser menor ou maior que os 6,3% de partida.
Veículos mais poluentes pagarão mais
O primeiro fator que gera aumento direto na alíquota é o tipo de combustível. Modelos movidos a gasolina ou diesel recebem acréscimos significativos.
Carros a gasolina recebem 6,5 pontos percentuais a mais. Já os movidos a diesel têm malus de 12%. Híbridos com base nesses combustíveis também sofrem acréscimos que vão de 2% a 5,5%, conforme o tipo de sistema híbrido e o combustível usado.
Um SUV a gasolina, por exemplo, já sai com uma alíquota de 12,8% — soma da base de 6,3% mais os 6,5% de malus.
Potência do motor também entra na conta
Outro fator que pode elevar o IPI é a potência do motor. Modelos com motores acima de 115 cavalos já começam a ter acréscimos. Um carro com 177 cv, por exemplo, sobe 1,5%. Acima de 395 cv, o acréscimo é de 6,5%.
Somando os dois critérios — combustível e potência —, o aumento pode ser expressivo. Um carro com 400 cv a gasolina pode chegar a 19,3% de IPI, segundo os parâmetros definidos.
Quem não tem bônus, perde desconto
Além dos acréscimos diretos, o novo sistema penaliza indiretamente os veículos que não atendem a critérios de reciclagem, segurança e eficiência energética.
Esses fatores não aumentam o imposto diretamente, mas tiram descontos possíveis. O máximo de bônus possível nesses itens é de 5 pontos percentuais.
Na prática, quem não cumpre os requisitos deixa de ganhar até 5% de desconto. E isso também pesa na alíquota final.
Modelos que pagam menos imposto
Na outra ponta, os veículos mais limpos e eficientes recebem bônus. Elétricos, por exemplo, têm desconto de até 2%.
Híbridos a etanol ou flex podem ter descontos de 1% a 2%. Carros com motor até 75 cv ganham até 2,15% de bônus.
Além disso, modelos com alto índice de peças recicláveis e tecnologias de segurança podem somar até 3% de desconto adicional.
O resultado é que um carro com bom desempenho ambiental e estrutural pode chegar a IPI de apenas 2,8%.
Comprar agora ou esperar?
Quem pretende comprar um carro potente a gasolina ou diesel pode querer antecipar a compra. Um exemplo citado foi o do Toyota SW4 a diesel.
Ele atualmente paga cerca de 13% de IPI. Com a nova regra, a alíquota sobe para 21,3%.
Já para quem quer um carro híbrido flex, elétrico ou com bom índice de reciclabilidade, o melhor pode ser esperar. Esses modelos devem se tornar mais acessíveis com o tempo, já que o imposto será reduzido até 2026.
Governo defende nova lógica
Durante o anúncio do programa no Palácio do Planalto, o governo explicou a mudança como uma redistribuição justa.
O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), disse que o novo sistema é um “exemplo de justiça social e ambiental”.
Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou que a medida é fiscalmente neutra. Ou seja, não representa aumento de arrecadação, mas sim uma redistribuição da carga de acordo com o impacto ambiental de cada veículo.
Descarbonizar sem aumentar imposto total
A meta do governo é ambiciosa: descarbonizar a frota brasileira. Isso significa reduzir o uso de combustíveis fósseis e estimular tecnologias mais limpas.
Ao mesmo tempo, o programa busca ampliar o acesso a veículos populares e sustentáveis.
Ainda que o principal efeito imediato seja a mudança de preços nas concessionárias, o governo aposta no longo prazo.
A expectativa é que a política ajude o Brasil a cumprir metas ambientais e fortaleça a indústria de veículos sustentáveis.
Com informações de UOL.