Salto nas ocorrências se deve principalmente à conscientização das pessoas, que têm procurado a polícia para denunciar agressores
Os casos de maus-tratos a animais dispararam em Minas, com aumento de 51% no primeiro semestre de 2025. Em média, 17 atos de crueldade e abusos são registrados por dia no Estado. Para especialistas, o salto nas ocorrências se deve principalmente à conscientização das pessoas, que têm procurado a polícia para denunciar agressores. No entanto, o cenário também reforça a necessidade de maior fiscalização e mais políticas públicas de proteção aos bichos.
De janeiro a junho deste ano, foram 3.171 ocorrências, contra 2.098 no mesmo período de 2024. O levantamento é da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Além de agressões, são considerados maus-tratos o abandono, falta de cuidados com a higiene do animal e manter o bicho em local insalubre, sem água e comida.Publicidade
Atos de covardia também entram na lista, como o caso recente envolvendo um influenciador digital, preso em flagrante após publicar um vídeo em que joga uma galinha viva para dois cães da raça Cane Corso. O crime ocorreu em Contagem, na Grande BH.
Além desta prisão, pelo menos outras 220 pessoas foram detidas no território mineiro após cometer maus-tratos a animais este ano. O número é 26% maior do que o registrado no mesmo período de 2024. No primeiro semestre do ano passado, 174 suspeitos foram conduzidos pelas polícias Civil e Militar.Publicidade
O número de detidos, no entanto, poderia ser maior, caso o combate ao crime fosse feito com mais rigor. Para a coordenadora do Movimento Mineiro pelos Direitos Animais (MMDA), Adriana Araújo, o tema tem ganhado maior visibilidade, favorecendo as denúncias. Mas ainda falta fiscalização e atuação coordenada entre os órgãos públicos.
“A ausência de fiscalização por parte dos órgãos responsáveis, por falta de equipe capacitada e estrutura, dificulta a ação efetiva”, diz. Segundo Adriana, há um “empurra-empurra” entre instituições das três esferas de governo, o que acarreta sofrimento e morte de animais.
Ela também denuncia a ausência de orçamento público para ações concretas de proteção animal. “Hoje, dependemos de emendas parlamentares esporádicas, que são insuficientes e, muitas vezes, eleitoreiras”.
O Governo de Minas foi procurado para informar as ações realizadas no Estado para prevenir e combater os casos de maus-tratos a animais, mas não houve retorno.
Lei Sansão endurece pena contra agressores
A Lei Sansão, sancionada em 2020, endureceu as penas para quem comete maus-tratos a cães e gatos. O tempo de cadeia passou de três meses a um ano para dois a cinco anos, e também há previsão de multa e proibição de manter animais sob guarda.
A norma recebeu esse nome em homenagem ao cachorro Sansão, que teve as patas traseiras decepadas em Confins, em um caso que causou comoção nacional. Com a nova legislação, o crime deixou de ser considerado de menor potencial ofensivo, o que possibilita prisão em flagrante.
FONTE: HOJE EM DIA