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Uma cidade mineira enfrenta sua pior crise econômica após o fechamento de uma fábrica gigante que dava sustento a milhares de famílias

Três Corações enfrenta crise após demissão em massa na maior fábrica de ração para pets da região

Crise em cidade mineira se agrava após fechamento de fábrica e ameaça quase todos os empregos criados no último ano

O anúncio do fechamento da fábrica da ADM em uma cidade do sul de Minas Gerais transformou-se em um dos maiores abalos econômicos de sua história recente. Em 90 dias, 780 trabalhadores perderão seus empregos diretos e quase 2 mil vagas indiretas deixarão de existir — números que superam praticamente todas as vagas formais criadas pelo município em 2023, segundo o representante jurídico do sindicato local, José Alberto de Oliveira Nador.

Para uma cidade de pouco mais de 80 mil habitantes, a perda é devastadora. “Estamos passando uma lista de empresas de ração de Minas para a prefeitura tentar contato”, afirmou Nador, destacando que a planta, avaliada em até R$ 1,5 bilhão, era referência na produção de mais de 500 mil toneladas anuais de ração para cães e gatos.

Efeito dominó na economia local

O economista Marçal Serafim Cândido explica que o fechamento de uma operação desse porte tem reflexos imediatos e prolongados. “Além do desemprego, o município perde arrecadação de impostos. E como cidades menores têm menos empresas para absorver essa mão de obra, o impacto pode se arrastar por muito tempo”, disse.

Localizada no sul de Minas Gerais, a cidade conta com pouco mais de 80 mil habitantes e tem sua economia baseada na indústria, no comércio e na produção de café. Até recentemente, abrigava uma das maiores fábricas de ração para pets do país, responsável por milhares de empregos diretos e indiretos.

O comércio local, prestadores de serviços e fornecedores já sentem a retração. Pequenos negócios, que dependiam do fluxo de salários circulando na economia, temem quedas significativas no faturamento. E o risco de êxodo de trabalhadores qualificados aumenta à medida que as oportunidades na própria cidade se tornam escassas.

Prefeitura tenta reação rápida

Para tentar conter a crise, a Prefeitura anunciou um mutirão de empregos voltado à recolocação dos trabalhadores demitidos. Representantes de dezenas de empresas se reuniram no dia 17 para alinhar estratégias e oferecer vagas compatíveis com o perfil dos profissionais afetados.

O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Gustavo Franco, informou que já há conversas com o Invest Minas e empresários interessados em parte da estrutura da planta. “Não podemos deixar que esses desligamentos impactem negativamente a cidade. A área tem, por exemplo, uma unidade de armazenamento de grãos que pode ser reaproveitada”, afirmou.

Uma das empresas que já sinalizou interesse é uma indústria de autopeças com 50 anos de atuação no município. Segundo o gerente executivo de RH, Fabiano Villatoro, estão abertas 220 vagas imediatas nas áreas operacional, técnica e administrativa. “Queremos garantir empregabilidade para os cidadãos e suprir nossa necessidade de mão de obra”, disse.


Centenas de trabalhadores aguardam posicionamento da empresa após anúncio do fechamento da fábrica, que deixará uma cidade mineira sem sua principal fonte de empregos.

Buscando soluções com a ADM

O prefeito está em Brasília em busca de diálogo com a direção da ADM para entender os próximos passos e acelerar negociações sobre o destino do complexo industrial. A expectativa da gestão municipal é reduzir o tempo de impacto social e manter o saldo positivo de geração de empregos formais, que até agora é de 330 vagas em 2025, segundo o Caged.

No entanto, até que um novo investidor ocupe o espaço ou que alternativas concretas surjam, a cidade encara um período de incertezas. O caso evidencia como a dependência de um único grande empregador pode fragilizar economias locais — e como decisões corporativas globais podem redesenhar, em poucos meses, o futuro de milhares de famílias.

FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS

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