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Guerra dos híbridos: Fiat, BYD e GWM adotam estratégias distintas no Brasil

Fenabrave revela disputa entre MHEV, HEV e PHEV; consumidor tende a migrar para os que vão na tomada

Fiat, BYD e GWM travam uma disputa inédita no mercado brasileiro de carros híbridos. Pela primeira vez, três fabricantes concentram estratégias distintas de eletrificação, cada uma apostando em um tipo específico de tecnologia com diferentes níveis de eletrificação para conquistar mercado. 

Segundo dados da Fenabrave referentes a agosto, os híbridos somaram 17.533 unidades vendidas no país. Nesse universo, BYD, Fiat e GWM responderam juntas por mais de 60% das vendas, com uma disputa acirrada por participação de mercado entre três tipos de tecnologia para modelos híbridos. 

Galeria: BYD Song Plus vs. GWM Haval H6 PHEV19

O resultado do mês mostra como cada fabricante definiu seu caminho:

  • A Fiat lidera entre os híbridos-leves (MHEV), com 3.576 unidades em agosto.
  • A BYD, que só oferece modelos híbridos plug-in (PHEV), emplacou 4.097 carros e ficou à frente das rivais.
  • A GWM totalizou 3.405 veículos, com destaque para a família Haval H6. Dentro dela, foram 1.445 HEV (46,6%) e 1.657 PHEV (53,4%), além de 303 unidades do Tank 300 PHEV.

Na prática, isso significa que 57,6% das vendas da GWM já correspondem a híbridos plug-in (PHEV), superando os híbridos convencionais (HEV) e sinalizando uma mudança na preferência do consumidor. A BYD, por sua vez, lidera o segmento apostando exclusivamente em modelos PHEV, os híbridos que precisam ser conectados à tomada. Já a Fiat foca nos MHEV (híbridos-leves), de baixo grau de eletrificação. 

A estratégia da Fiat: eletrificação mínima para volume

A Fiat apostou em uma solução de entrada, com os chamados híbridos-leves (MHEV). O sistema combina motor a combustão com apoio de um gerador elétrico de baixa tensão, que auxilia em retomadas e melhora a eficiência, mas não move o carro sozinho.

Os modelos Pulse e Fastback MHEV são os representantes dessa linha. Com preços mais acessíveis, atraem consumidores que desejam alguma vantagem de consumo sem mudar hábitos de abastecimento.

Apesar dos bons números, entidades do setor, como a ABVE, argumentam que os MHEV não deveriam ser classificados como veículos eletrificados, dada a limitação tecnológica frente a HEV e PHEV.

A ofensiva da GWM: equilíbrio entre HEV e PHEV

A GWM entrou no Brasil com uma linha mais diversificada. O Haval H6 é oferecido tanto em versão híbrida convencional (HEV) quanto em plug-in (PHEV), o que permite atingir públicos diferentes.

Em agosto, as vendas mostraram que o PHEV já superou o HEV na família H6. Além disso, o Tank 300, um SUV com proposta off-road, também aparece apenas em configuração PHEV.

Esse mix mostra a flexibilidade da estratégia da GWM, equilibrando a oferta entre consumidores que não querem depender de recarga e aqueles que já buscam maior autonomia elétrica.

A consistência da BYD: só plug-in

A BYD segue uma linha diferente: todos os híbridos da marca no Brasil são plug-in. Modelos como o Song Pro DM-i, Song Plus DM-i e o King DM-i oferecem autonomia elétrica de dezenas de quilômetros, permitindo ao usuário realizar deslocamentos urbanos praticamente sem usar gasolina.

Esse foco exclusivo nos PHEV aproxima a BYD do conceito de veículo elétrico, ainda que os preços fiquem acima das opções MHEV da Fiat. O resultado, no entanto, mostra que há espaço para a proposta: a marca foi líder em agosto no segmento híbrido.

Comparativo de vendas em agosto de 2025

MarcaTipo de híbridoPrincipais modelosVendas em ago/25Participação
FiatMHEVPulse, Fastback3.57620,4%
GWMHEV (1.445) + PHEV (1.960)Haval H6, Tank 3003.40519,4%
BYDPHEVSong Pro, Song Plus, King4.09723,4%

Toyota segue outro caminho

A Toyota segue uma estratégia distinta das demais. Em agosto, a marca respondeu por 14% das vendas de híbridos no Brasil, com 2.470 unidades, todas em versões HEV flex. Modelos como o Corolla e o Corolla Cross mantêm a aposta tradicional da montadora japonesa: híbridos não plugáveis, que combinam eletrificação com a flexibilidade do etanol. É uma escolha conservadora, mas que segue atraindo consumidores que ainda não querem depender de infraestrutura de recarga.

O cenário mostra que o consumidor brasileiro tem acesso a três níveis distintos de eletrificação para os híbridos. Do lado da Fiat, o foco é em soluções baratas e simples, que ajudam a elevar o volume. Já a GWM aposta na diversificação, com HEV para quem não quer depender de recarga e PHEV para quem busca maior autonomia elétrica. A BYD, por sua vez, concentra seus esforços nos plugáveis, apostando em uma transição mais rápida para o elétrico.

A tendência, segundo especialistas, é de crescimento dos PHEV e BEV, seguindo o padrão de mercados internacionais. Com a expansão da infraestrutura de recarga, queda de preços e aumento da oferta desses modelos, o consumidor tende a migrar para opções mais avançadas em termos de eletrificação. 

A disputa entre Fiat, BYD, GWM e Toyota retrata bem a transição energética no Brasil. Cada fabricante adotou um caminho distinto: a Fiat com a eletrificação mínima, a GWM com a flexibilidade, a BYD com o plug-in e a Toyota com os HEV flex. A tendência, contudo, é que, à medida que os consumidores entendam as vantagens da eletrificação, migre-se gradualmente para níveis mais altos de tecnologia: de um HEV para um PHEV e, depois, para um BEV 100% elétrico.

Fonte: Fenabrave

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