O Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, continua reunindo milhares de romeiros em dias de intensa fé, oração e devoção. Reconhecido como uma das maiores manifestações religiosas de Minas Gerais, o evento mantém viva a tradição de missas, procissões e peregrinações que atravessam gerações. Mas, em meio à espiritualidade que envolve a celebração, um episódio de violência manchou a tarde de segunda-feira, 9 de setembro. Três barraqueiros se envolveram em uma briga motivada por dívida. A discussão terminou em esfaqueamento e todos os envolvidos, com idades de 44, 36 e 24 anos, precisaram ser levados ao Hospital Municipal de Congonhas, onde seguem sob cuidados médicos.
Diante do ocorrido, o reitor da Basílica, Monsenhor Nedson Pereira de Assis, fez um desabafo durante a missa. Ele lamentou a confusão e criticou o excesso de comércio que se formou em torno do Jubileu: “Nós não precisamos desse comércio imenso que se formou em torno do Jubileu. Precisamos de pessoas que vêm aqui celebrar sua fé. Esses serão sempre bem-vindos. E o Jubileu não é facada, não é briga, não é comércio. É um ato de fé. Muito obrigado que aqui rezar e celebrar o Bom Jesus. Não confundam o Jubileu com o comércio ao redor da Basílica”, desafabou.
A fala trouxe à tona uma discussão antiga: até que ponto o comércio popular, representado pelas centenas de barracas instaladas nos arredores do Santuário, integra ou descaracteriza a essência religiosa da festa?
De um lado, há quem concorde com o monsenhor e defenda que a celebração deve se concentrar no sagrado, livre do peso de interesses econômicos. De outro, estão as famílias que dependem das barracas como fonte de renda e veem no comércio uma tradição que também faz parte do Jubileu. Entre a devoção e a polêmica, a festa segue movimentando Congonhas. O que permanece incontestável é que a fé continua sendo a força que move multidões até o altar do Bom Jesus de Matosinhos.