O deputado federal e pastor Marco Feliciano (PL-SP) é alvo de uma representação no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) por crime de racismo e intolerância religiosa. No último sábado, durante evento religioso em Conselheiro Lafaiete (Região Central), o pastor classificou como “feitiçaria” as religiões de matriz africana. “Não sobrará em Conselheiro Lafaiete Zé Pelintra, Zé Pilantra, Exu Caveira, Tranca Rua e Preto Velho. Nenhuma obra de feitiçaria vai governar mais essa terra, porque a presença do Deus eterno pode modificar os nossos corações”, afirmou o pastor em imagens de sua pregação no evento que viralizaram nas redes sociais.
Em maio deste ano, Feliciano foi condenado a pagar uma indenização de R$ 80 mil para a mãe do cantor e compositor Cazuza, Lucinha Araújo, por vídeos homofóbicos contra o artista, publicados pelo pastor em 2017, em suas redes sociais. Todos os recursos impetrados pelo parlamentar contra essa condenação foram recusados pela Justiça do Rio de Janeiro.
Essa não é a primeira vez que Feliciano, que já presidiu a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, é acusado de racismo religioso. Em 2013, em um vídeo publicado na internet, o parlamentar pregou “o sepultamento dos pais de santo” e “o fechamento de terreiros de macumba”.
Reação na Câmara
As falas de ódio do pastor e deputado federal em Lafaiete foram alvo de duras críticas na sessão da Câmara na noite desta terça-feira (16) e dominaram as discussões. O Vereador Pastor Angelino, um dos organizadores do evento, elogiou o clima de família e a segurança no evento. “Foi uma festa para orar e louvar o Senhor. Foi uma linda festa”, resumiu.
Em seguida diversos colegas repudiaram a fala do deputado. “Foi uma afronta a população de Lafaiete e esperamos que isso não aconteça mais. Nossa cidade foi mal falada em todo o Brasil. Um absurdo”, citou João Paulo Pé Quente, eximindo de culpa o Pastor Angelino.
“Nossa cidade não merece o que ocorreu. Claro que o evento foi lindo mas ficou manchado. Que o Pastor Marcos Feliciano pague pelos erros”, citou Simone do Carmo. “Quando se promove um evento desta grandeza isso gera retaliação. Se é que houve ofensas que o autor pague pelos erros”, comentou Roger Diego. Os vereadores Oswaldo Barbosa, Pedro Américo e Gina Costa também criticaram as falas do Marco Feliciano.