O futebol, que deveria ser palco de celebração e paixão, virou cenário de barbárie em Piranga. No domingo (14) durante um jogo do campeonato municipal, o árbitro Marcus Vinicius da Silva Francisco, de 41 anos, foi brutalmente agredido por jogadores, supostos torcedores, dirigentes e até integrantes da comissão técnica da equipe Mestre Campos, após a derrota para o Barra por um gol.
Lesões e consequências
Segundo declaração médica, Marcus Vinicius relatou ter levado um soco na cabeça e na região da boca, além de múltiplos chutes em ambas as pernas. O documento descreve hematomas, escoriações e um corte no dedo da mão direita, além de tonturas persistentes desde o episódio.
O árbitro e seus assistentes, acuados e sob risco de morte, precisaram ser escoltados pela polícia até uma vila próxima. Nenhum agressor foi detido no local.
Amor à arbitragem, desprezo à violência
No futebol amador da região, árbitros e auxiliares não atuam apenas por dinheiro. A maioria está nos campos movida pelo amor ao esporte, assim como treinadores, dirigentes e jogadores. Quando a violência se instala, ela destrói não apenas a integridade física de quem apita, mas corrói o sentido de comunidade e paixão que mantém viva a tradição do futebol local.
Até quando?
O episódio de Piranga acende um alerta vermelho sobre a escalada de agressões no futebol regional. Árbitros e auxiliares, já alvo constante de insultos, agora enfrentam o risco real de morte em campo. O que deveria ser esporte e convivência comunitária transformou-se em campo de guerra.
A pergunta que ecoa entre os profissionais da arbitragem é clara: até quando a violência continuará sufocando o futebol de várzea, afastando famílias, jogadores e árbitros e colocando vidas em risco em nome de um resultado esportivo?
Taça Vertentes
Pouco antes do episódio de Piranga, outro caso já havia acendido o alerta entre os árbitros da região. Na final da Copa Vertentes, o árbitro principal recebeu ameaça de morte. O clima de insegurança foi tão intenso que a partida não teve um campeão definido em campo — a decisão acabou sendo levada ao chamado “tapetão”, com a homologação de dois campeões. Um retrato da incapacidade de garantir segurança mínima a quem conduz o espetáculo.