Estudantes adotam inteligência artificial para tarefas escolares, enquanto educadores buscam estratégias de orientação.
O uso da inteligência artificial na educação deixou de ser tendência e já faz parte do cotidiano dos estudantes brasileiros.
Segundo a mais recente pesquisa TIC Educação, realizada pelo Cetic.br, ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), sete em cada dez alunos do ensino médio admitem utilizar ferramentas de IA generativa para realizar trabalhos escolares.
Apesar disso, apenas 32% relatam ter recebido orientação da escola sobre como empregar essas tecnologias de forma adequada.
Esses dados revelam um cenário de transformação acelerada no processo de ensino e aprendizagem, mas também escancaram os desafios da mediação pedagógica em tempos de inovação digital.
Inteligência artificial ganha espaço entre os estudantes
O levantamento ouviu 10.756 participantes em 1.023 escolas públicas e privadas de todo o país, incluindo gestores, professores, coordenadores pedagógicos e alunos. A pesquisa mostra que o contato com a IA generativa começa cedo:
- 15% dos estudantes dos anos iniciais do fundamental (1º ao 5º ano) afirmaram ter usado essas ferramentas nos três meses anteriores à pesquisa.
- Nos anos finais do fundamental (6º ao 9º ano), o percentual sobe para 37%.
- Já no ensino médio, a adesão dispara para 70%.
Plataformas como ChatGPT, Copilot e Gemini se destacam entre as mais mencionadas, consolidando-se como aliadas (ou substitutas) nos trabalhos escolares.
Vídeos e redes sociais também são protagonistas no aprendizado
Outro dado relevante é o papel dos canais de vídeo e redes sociais na rotina de estudos:
- 74% dos alunos utilizam buscadores como o Google para resolver atividades escolares.
- 72% recorrem a plataformas de vídeo, sendo o YouTube (95%), o TikTok (66%) e o Kwai (19%) os mais populares.
- O uso das redes sociais também impressiona: 88% citaram o WhatsApp e 71% o Instagram como fontes de apoio.
Esses números colocam vídeos e redes sociais à frente de sites tradicionais como a Wikipedia, usada por apenas 43% dos estudantes.
O desafio da orientação pedagógica
Apesar da ampla adesão às novas tecnologias, a pesquisa revela uma lacuna preocupante: apenas 32% dos alunos do ensino médio receberam orientações formais sobre o uso da IA em atividades escolares.
Entre os professores, 54% afirmam ter participado de formações continuadas em tecnologias digitais no último ano, mas nem todos tiveram treinamento específico sobre inteligência artificial. Dos que participaram, 59% receberam capacitação em IA e 61% sobre checagem de informações na internet.
A coordenadora da pesquisa, Daniela Costa, alerta que não se trata de condenar ou enaltecer o uso da IA, mas de garantir um uso crítico e consciente.
Sem mediação adequada, os alunos correm o risco de se apoiar em respostas incorretas, enviesadas ou até em “alucinações” geradas pelos sistemas.
Uma geração em transição
Os dados deixam claro: a educação já está sendo impactada pela inteligência artificial, mesmo sem preparo suficiente das escolas e dos educadores.
Enquanto os estudantes avançam no uso das novas ferramentas, o desafio para o futuro será construir estratégias pedagógicas que aproveitem os benefícios da tecnologia sem comprometer a formação crítica e criativa das novas gerações.
FONE: CAPITALIST