Moradores de Resende Costa relatam prejuízos e dificuldades diárias na estrada que liga Resende Costa a São Tiago – a LMG-839. Trecho é de responsabilidade do DER
A situação precária de conservação em que se encontra a estrada que liga Resende Costa a São Tiago, a LMG-839, com cerca de 37 quilômetros de extensão, é motivo de indignação para moradores e motoristas que dependem da via. De responsabilidade do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG), o trecho que nunca foi asfaltado está em péssimas condições de conservação, com inúmeros buracos, desníveis e “costelas”. Embora, existam relatos de que a estrada já apareceu até mesmo como asfaltada em alguns mapas antigos, a obra nunca foi executada, e o trajeto continua precário – uma realidade que afeta o dia a dia da população e a economia local.
A quitandeira e moradora do povoado dos Pintos, zona rural de Resende Costa, Josiane Silva, descreve a situação como desanimadora. “Temos nossos compromissos, sejam eles de lazer ou de trabalho, e precisarmos ir até a cidade. Mas cada vez que saímos de casa, vamos frustrados porque sabemos que essas idas vão refletir no nosso bolso. Nossos gastos com mecânica de carro praticamente dobraram. O único problema que não temos que reclamar são as sinalizações, o restante enfrentamos todos ao decorrer do ano, muitas das vezes vários desses ao mesmo tempo.”
Ela também alerta para os reflexos na rotina dos moradores: “alunos chegam com dor de cabeça, com enjoo e muito cansados. O acesso à saúde às vezes é limitado porque, se chove muito, isso impede que o médico chegue até o local de atendimento (isso acontece menos), diferente do ônibus escolar, que não consegue rodar quando há lama. Uma manutenção muito mal-feita pelo DER foi executada no início do ano, mas piorou ao invés de melhorar, infelizmente. Vimos que já estão sendo tomadas providências e ficamos muito felizes, porém esperamos que isso perdure, que não seja apenas uma ação momentânea.”
Josiane reforça que a comunidade aguarda soluções definitivas. “A manutenção para retirada das costelas acho que é o que mais está prejudicando no momento. Mas gostaríamos também que o poder público unisse forças de algum jeito para lutar por esse asfalto que já consta e não existe. Sei que não é uma tarefa fácil. No entanto, o poder público tem acesso mais de perto às autoridades de outras cidades, ao Ministério Público, governantes, enfim, a órgãos e pessoas que ajudem nessa empreitada.”
Economia e segurança
O produtor rural Wesley Marques também reclama da precariedade em que se encontra a estrada. “Um caos. A famosa ‘quebradeira de carro’. Devido a uma manutenção mal-feita pelo responsável pela estrada. No início do ano foi feita uma manutenção na estrada, a qual não foi bem executada. Brita solta, que resultou em costelas e buracos. Aos motociclistas, demandava nível máximo de atenção e cuidado, pois estava perigosa demais. Buracos e costelas, sem dúvidas, são o maior problema enfrentado na estrada. Poeira e barro são o de menos.”
Segundo ele, o impacto é geral. “Com a estrada ruim, frete fica mais caro, tudo é afetado. Uma volta pela outra estrada rende a mais uns 10 km, que, no final, para quem passa todos os dias, são 100 km (ida e volta) a mais no combustível. A estrada traz movimento para Resende Costa, já que muitos caminhões de empresas que abastecem a cidade passam por ela. Com isso, obviamente, movimenta a economia local”.
Wesley também cobra mais atenção do poder público. “No mínimo uma manutenção diária (mesmo não sendo da obrigação da prefeitura). Ou seja, cobrar, questionar o Estado para uma solução e não deixar ficar igual está! Chegar ao ponto crítico igual chegou.” Ele ainda reforça que as estradas vicinais também precisam de reforma. “Em minha opinião, se houvesse um acordo entre município e Estado (não sei se é possível) para que realizassem a manutenção preventiva sempre da estrada… A linha escolar usa a estrada, caminhões passam por ali, transporte da saúde… e nós, que dependemos diretamente da via. E vale lembrar que estrada não é só cascalho: é necessária a limpeza, a retirada da água da estrada (enxurrada). Todo anto, antes da festa de São João do povoado dos Pintos, a prefeitura dá uma ‘catada’ na estrada. Por que não fazer isso sempre?! E detalhe: não é só a estrada principal que está ruim, não! As vicinais também estão precisando de reformas. Pelo menos no meu caso e de todos meus vizinhos. A máquina passa na estrada no alto sentido Parruca (localidade próxima ao povoado dos Pintos), mas não desce pra gente. Já pedimos e estamos aguardando a manutenção.”

Posição da Prefeitura
O prefeito Lucas Paulo reconhece as dificuldades e explica que o trecho é de responsabilidade do Estado. “Infelizmente, é um trecho que se fala em asfaltar desde a época do (governador) Nilton Cardoso, na década de 80. E o que podemos fazer sempre é estar cobrando. Cobramos o Estado para dar a manutenção no trecho e, claro, corremos atrás sempre para tentar esse recapeamento. Na verdade, essa pavimentação asfáltica. Mas somos realistas: não podemos nunca prometer isso para a população, porque sabemos que é um projeto muito caro.”
Segundo o prefeito, o custo estimado é bem alto. “A última atualização que tivemos do projeto, conversando com o Estado, fica em torno de 70 milhões de reais para executar. Acredito que o Estado de Minas, hoje, dificilmente vai investir tanto dinheiro nessa pavimentação. O projeto unificado até Bom Sucesso fala-se em 130 milhões de reais. Sempre corremos atrás junto com os prefeitos de São Tiago e de Bom Sucesso, com deputados, senadores e o governador, mas é uma situação difícil. O reforço que o mínimo que cobramos é a manutenção do trecho, o que também tem deixado a desejar.”
Lucas explica que a prefeitura atua apenas de forma emergencial. “Conseguimos fazer algumas ações emergenciais para minimizar riscos para a população. Porém, o patrolamento e o cascalhamento são de responsabilidade do DER. Não é que a prefeitura não queira fazer a correção do trecho. É não poder, legalmente, realizá-lo. Quando fazemos alguma intervenção, é sempre emergencial, para não deixar a população desassistida.”
O prefeito confirma que uma intervenção temporária foi iniciada em 14 de outubro. “Neste momento, estamos fazendo, com autorização da Câmara Municipal, uma recuperação do trecho para dar condições de tráfego possíveis ao pessoal. Depois vamos abrir um processo administrativo contra o Estado, cobrando o custo que nós estamos tendo, que é o máximo que podemos fazer. E lembrando que isso (manutenção da estrada pela prefeitura) não pode virar rotina.”
Por fim, o prefeito comenta sobre o registro da rodovia “Apesar de algumas pessoas afirmarem que a estrada é asfaltada, não há registros oficiais. Essa informação vem de mapas antigos. Em todas as reuniões que fizemos com o Estado, está claro que é um trecho não pavimentado. Foi feita uma previsão de licitação em 2013, mas o processo não teve continuidade”, finaliza Lucas.
Posição do DER
A reportagem entrou em contato com o DER e obteve as seguintes informações sobre a conservação da rodovia LMG-839: “O DER-MG já realizou os levantamentos necessários para manter a trafegabilidade no trecho de 36 km da LMG-839, entre Resende Costa e São Tiago, e a execução dos trabalhos entrará na programação do órgão.” O órgão confirmou que “os últimos serviços de manutenção no segmento foram concluídos em março deste ano e foram executados patrolamento e encascalhamento de pontos críticos.”
FONTE: JORNAL DAS LAJES



