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Montadora chinesa que promete transformar o mercado brasileiro se espelha na BYD e confirma chegada de navio capaz de trazer 7 mil veículos por viagem, incluindo caminhões e elétricos mais baratos que o BYD Dolphin

Navio de grande capacidade, avanço das montadoras chinesas e expansão da oferta de elétricos movimentam a estratégia logística que conecta China, Europa e Brasil.

A Geely confirmou que o navio porta-carros Jisu Fortune, com capacidade para transportar cerca de 7 mil veículos por viagem, deve ser incorporado às rotas comerciais entre China e Brasil.

A iniciativa acompanha o avanço da montadora no mercado nacional e repete a estratégia adotada por outras fabricantes chinesas, como a BYD, que já opera navios próprios no transporte de veículos.

Jisu Fortune e a capacidade de transporte de veículos

O Jisu Fortune é um navio do tipo Ro-Ro (roll-on/roll-off), projetado para embarque e desembarque de automóveis por rampas.

A embarcação tem aproximadamente 200 metros de comprimento e múltiplos conveses, permitindo o transporte de carros de passeio, caminhões e outros veículos comerciais, conforme informações divulgadas pela Geely.

Lançado em maio, o navio partiu inicialmente de Taicang, na China, com destino à Europa, levando cerca de 5 mil veículos de marcas que integram o grupo, como Geely, Zeekr, Smart, Lotus e Farizon.

A capacidade total, segundo a montadora, poderá ser utilizada de forma integral conforme a demanda das próximas rotas.

Navio Jisu Fortune, da Geely, chega às rotas Brasil–China e amplia a disputa com a BYD no transporte de veículos e elétricos no país.
Navio Jisu Fortune, da Geely, chega às rotas Brasil–China e amplia a disputa com a BYD no transporte de veículos e elétricos no país.

A embarcação opera com sistema dual fuel, que permite o uso de óleo combustível tradicional ou gás natural liquefeito (GNL).

A empresa afirma que o uso de GNL reduz emissões em comparação a combustíveis convencionais.

Especialistas em logística marítima explicam que o setor tem ampliado o uso do gás natural como alternativa para diminuir o impacto ambiental do transporte de grandes cargas.

Geely inclui o Brasil em sua rota global

Após priorizar o abastecimento de mercados europeus, onde o grupo controla marcas tradicionais que hoje mantêm parte da produção na China, a Geely passou a incluir o Brasil entre os destinos considerados estratégicos.

A montadora retomou operações no país com o SUV elétrico EX5 e anunciou a chegada do EX2, modelo compacto 100% elétrico posicionado em faixas de preço inferiores às de algumas versões do BYD Dolphin.

Com a ampliação da oferta de veículos elétricos no mercado brasileiro, a empresa informou que o Jisu Fortune será utilizado em rotas que incluem a América do Sul.

Representantes do setor automotivo afirmam que a entrada de um navio porta-carros dedicado tende a aumentar a regularidade das remessas e reduzir custos logísticos, especialmente em períodos de alta demanda.

A expansão logística ocorre paralelamente à parceria industrial entre Geely e Renault no Brasil.

A chinesa passou a integrar a operação da fabricante francesa no país, o que inclui o acesso à fábrica de São José dos Pinhais (PR).

Navio Jisu Fortune, da Geely, chega às rotas Brasil–China e amplia a disputa com a BYD no transporte de veículos e elétricos no país.
Navio Jisu Fortune, da Geely, chega às rotas Brasil–China e amplia a disputa com a BYD no transporte de veículos e elétricos no país.

Analistas do setor avaliam que a combinação de produção local e importações em grande escala pode elevar o volume de veículos disponibilizados à rede de concessionárias.

Crescimento das exportações chinesas pressiona o transporte marítimo

O aumento das exportações de veículos da China nos últimos anos provocou, segundo consultorias especializadas, um descompasso entre a demanda por transporte e a oferta global de navios Ro-Ro.

Relatórios de comércio internacional indicam que montadoras chinesas passaram a investir em frota própria para garantir embarque contínuo, já que navios disponíveis no mercado global têm filas de espera extensas.

Associação de Membros do Comércio Internacional (WITA) aponta que o crescimento da produção chinesa, aliado a barreiras comerciais em mercados maduros e à busca por novos destinos, fez com que fabricantes investissem em logística verticalizada, incluindo a operação direta de navios porta-carros.

Segundo a entidade, o domínio da capacidade de transporte reduz a dependência de armadores terceiros e aumenta a previsibilidade de entrega.

Ao operar o Jisu Fortune em rotas regulares, a Geely passa a controlar uma etapa essencial da cadeia logística.

Especialistas afirmam que isso pode diminuir custos de frete e reduzir atrasos, especialmente em momentos de congestionamento nos portos ou de elevado volume de exportações.

Frotas próprias ganham força entre BYD, MG e SAIC

A estratégia se assemelha a iniciativas de outras fabricantes chinesas.

BYD já colocou em operação diferentes navios Ro-Ro de grande capacidade, como o Explorer No.1 e outras embarcações que vêm fazendo viagens à Europa e ao Brasil.

A empresa anunciou planos para ampliar a frota a até oito unidades.

BYD apostou em oito navios do tipo para economizar no frete e diminuir atrasos nas entregasImagem: Divulgação
BYD apostou em oito navios do tipo para economizar no frete e diminuir atrasos nas entregasImagem: Divulgação

Registros de autoridades portuárias e imagens recentes mostram a chegada de navios da BYD ao país com milhares de veículos destinados ao mercado local.

Fontes do setor explicam que esse tipo de operação permite acelerar o abastecimento de concessionárias e mitigar eventuais impactos de mudanças tributárias sobre modelos importados.

Fabricantes como MG e SAIC também adotam medidas semelhantes, seja por meio de navios próprios ou de contratos de longo prazo com armadores especializados.

Consultores da área afirmam que esse movimento reforça a tendência de verticalização logística entre empresas chinesas, com o objetivo de garantir disponibilidade de frota marítima em meio ao aumento global das exportações.

Impacto no mercado brasileiro de veículos elétricos

O uso do Jisu Fortune pela Geely ocorre em um momento de expansão da oferta de elétricos no Brasil.

O EX2, posicionado para competir com o BYD Dolphin e com o Dolphin Mini, entra em um segmento que cresce com a busca por modelos compactos eletrificados.

Pesquisadores de mobilidade afirmam que o interesse por veículos elétricos mais acessíveis tem aumentado, embora fatores como renda e taxas de financiamento ainda influenciem a velocidade dessa adoção.

A combinação de novos modelos, parcerias industriais e operações logísticas de maior escala pode ampliar a presença da Geely no país.

Especialistas ressaltam que a disputa entre empresas que controlam sua própria frota de transporte tende a impactar disponibilidade de veículos e prazos de entrega.

FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS

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