Programa Carro Sustentável e IPI Verde zeram ou reduzem o imposto para carros 1.0 flex produzidos no Brasil, derrubam preços em até cerca de R$ 13 mil e fazem as vendas da categoria crescerem, mas levantam dúvidas sobre quem ganha mais com o desconto verde.
O mercado de carros populares 1.0 flex vive uma virada em 2025. O motivo é o programa Carro Sustentável, que criou o chamado IPI Verde e reduziu ou zerou o Imposto sobre Produtos Industrializados para modelos considerados mais eficientes e ecológicos.
Na prática, os descontos chegam a vários milhares de reais e já mexem no bolso do consumidor brasileiro.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a nova política tributária beneficiou principalmente os carros compactos 1.0 produzidos no país, que atendem a critérios rígidos de emissões, peso, reciclabilidade e segurança. Em alguns casos, a redução de preço passou de R$ 10 mil, tornando esses modelos mais competitivos frente aos usados e a outros segmentos.
O efeito apareceu rápido nas concessionárias. Dados de julho de 2025 indicam que as vendas de veículos 1.0 cresceram cerca de 13% em comparação com o período anterior, impulsionadas justamente pelo Carro Sustentável e pela nova tabela do IPI Verde. Segundo reportagem especializada, ao menos cinco modelos de entrada tiveram o imposto zerado e puxaram esse movimento.
Ao mesmo tempo, cresceu a curiosidade em torno dos chamados “carros 1.0 com desconto verde”. Modelos como Fiat Argo, Fiat Mobi, Hyundai HB20 e HB20S, Volkswagen Polo Track e Renault Kwid passaram a figurar em listas de mais vendidos e de melhores negócios para quem busca carro econômico em 2025.
Como funciona o Carro Sustentável e o IPI Verde na prática
O IPI Verde é um mecanismo que ajusta a alíquota do imposto de acordo com o nível de sustentabilidade do veículo. A nova tabela parte de uma taxa base de 6,3% para carros de passeio, que pode cair até zero ou subir, conforme o desempenho em critérios como emissões de CO₂, eficiência energética, potência, segurança e reciclabilidade.
Dentro desse sistema, o governo criou a categoria de Carro Sustentável, voltada a veículos compactos e mais leves. Para se enquadrar, o modelo precisa ser fabricado no Brasil, ter motor flex 1.0 com potência de até cerca de 115–115,5 cv e cumprir limites de emissões (como menos de 83 g de CO₂ por quilômetro), além de usar alto percentual de materiais recicláveis.
Segundo a Agência Brasil e o próprio Planalto, a ideia é premiar carros que poluem menos e consomem menos combustível, ao mesmo tempo em que se fortalece a indústria nacional.
Montadoras que adaptam seus projetos para atender às novas regras recebem o benefício do IPI reduzido ou zerado, o que abre espaço para repassar parte dessa vantagem ao consumidor final em forma de desconto.
Modelos 1.0 que mais se beneficiaram do desconto verde
Entre os carros que surfam essa onda do desconto verde estão alguns velhos conhecidos do público brasileiro. O Fiat Argo 1.0, por exemplo, registrou forte alta nas vendas em 2025, numa combinação de equipamentos, consumo equilibrado e preço mais competitivo depois da redução de IPI.
Outro destaque é o Fiat Mobi, que se consolidou como um dos carros mais baratos do Brasil. Reportagens especializadas apontam quedas de preço que se aproximam de R$ 13 mil em algumas configurações, a depender da região e das campanhas comerciais, mantendo o modelo como opção de entrada para quem prioriza economia na cidade.
O Hyundai HB20 e o sedã HB20S 1.0 também aparecem entre os beneficiados, com redução de IPI e descontos expressivos nas concessionárias. Segundo levantamento do Estadão E-Investidor, versões 1.0 desses modelos tiveram cortes de vários milhares de reais, reforçando seu apelo em conforto, espaço interno e eficiência energética para famílias que buscam um carro novo sem sair muito do orçamento.
Na Volkswagen, o Polo Track 1.0 virou uma espécie de “queridinho” do programa. Credenciado pelo MDIC para IPI zero em diferentes versões, o hatch ganhou fama de bom custo-benefício ao combinar motor 1.0 eficiente, pacote de segurança atualizado e preço final mais baixo após o incentivo fiscal.
Já o Renault Kwid 1.0 continua entre os mais baratos elegíveis ao Carro Sustentável. Mesmo com críticas ao acabamento simples, o modelo segue competitivo pelo baixo consumo de combustível e pelo valor de tabela reduzido, o que mantém o carro em evidência entre motoristas de aplicativo, frotistas e consumidores que compram o primeiro carro.
Vantagens, limites e críticas ao “desconto verde” dos carros 1.0
Do lado positivo, o programa Carro Sustentável derrubou o preço de entrada de vários carros populares 1.0, aproximando o sonho do zero quilômetro de uma parcela maior da população. Com a isenção ou redução do IPI, o valor final fica mais baixo, as parcelas de financiamento diminuem e a frota tende a se renovar, tirando de circulação veículos mais antigos e poluentes.
Especialistas em mobilidade destacam que o IPI Verde também cria um incentivo estrutural para que montadoras invistam em tecnologias mais limpas. Critérios como eficiência energética, segurança ativa e reciclagem de componentes passam a contar pontos na formação da alíquota, o que pode acelerar a adoção de soluções mais modernas nas linhas de produção instaladas no Brasil.
Mas o “desconto verde” está longe de ser consenso. Críticos apontam que os maiores beneficiados, ao menos num primeiro momento, seriam as próprias montadoras, que ganham estímulos fiscais relevantes e podem calibrar quanto dessa vantagem é realmente repassada ao consumidor. Há análises mostrando que, mesmo sem isenção total de imposto, algumas fabricantes já ofereciam descontos altos por conta própria.
Outro ponto polêmico é o recorte do programa. Como a regra exige que o carro seja produzido no Brasil e se enquadre em critérios específicos de motor, peso e categoria, modelos importados e até alguns veículos mais tecnológicos ficam de fora ou enfrentam barreiras para adaptação, o que reduz a concorrência direta na faixa beneficiada.
Há ainda quem questione o fato de veículos elétricos e híbridos mais caros não serem o foco principal do Carro Sustentável. Parte das regras prioriza compactos flex 1.0, o que reforça o segmento de carros populares, mas pode atrasar a massificação de tecnologias totalmente limpas se não houver políticas complementares específicas para esses modelos.
O que esperar do futuro da mobilidade sustentável no Brasil
Para o governo federal, o Carro Sustentável e o IPI Verde são apenas a primeira etapa de uma estratégia maior ligada ao programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação). A meta é tornar o Brasil referência em produção de veículos mais eficientes, com metas de descarbonização alinhadas às discussões da COP30 e a compromissos internacionais de clima.
Nos próximos anos, a tendência é que mais montadoras ajustem seus carros 1.0, híbridos e até elétricos para ganhar pontos no sistema de bônus e malus do IPI Verde. Isso inclui investir em motores mais econômicos, alívio de peso, novos materiais recicláveis e pacotes de segurança ativa, o que pode elevar o padrão tecnológico do carro popular brasileiro.
Para o consumidor, a grande questão será avaliar se o desconto verde realmente compensa na comparação com outras ofertas de mercado, como promoções de fábrica, carros seminovos de pouca quilometragem e alternativas de mobilidade, como aplicativos e transporte público. A forma como bancos e montadoras trabalham o financiamento e o seguro desses veículos também deve pesar na conta final.
No fim das contas, o sucesso do Carro Sustentável vai depender de equilíbrio entre benefício fiscal, queda real de preços e ganho ambiental concreto. Se os carros 1.0 com desconto verde forem apenas uma estratégia de marketing para escoar estoque, a frustração pode ser grande; se de fato entregarem economia e menor impacto ambiental, podem inaugurar uma nova fase para o carro popular no país.
Na sua opinião, o desconto verde dos carros 1.0 é um avanço real para o bolso e para o meio ambiente ou mais um programa que favorece as montadoras em ano de vitrine internacional para o Brasil? Conte nos comentários se você pensa em aproveitar o Carro Sustentável, se prefere apostar em seminovos.
FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS



