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Congonhas: entre a memória histórica e a luta por um ar mais puro

No início do século XX, em 1900, Congonhas recebeu a visita do Padre Júlio Engracia, enviado pelo bispado de Mariana com a missão de realizar uma sindicância e avaliar a situação financeira da “Irmandade do Bom Jesus”. Durante sua inspeção, Padre Júlio Engracia fez um relato notável, destacando que poucos trabalhadores adoeceram no período da construção do Santuário do Senhor Bom Jesus.

Hoje, a realidade da saúde pública em Congonhas e região é bem diferente. A população enfrenta constantemente as consequências das nuvens de poeira, uma situação que se agrava durante a época de seca. Este fenômeno recorrente compromete a saúde dos moradores, afetando especialmente aqueles com problemas respiratórios.

As ruas de Congonhas, que outrora testemunharam a construção de um dos mais importantes patrimônios históricos e religiosos do Brasil, agora são palco de uma batalha silenciosa pela saúde pública. O cenário descrito pelo Padre Júlio Engracia, de um ambiente saudável e propício ao bem-estar, contrasta fortemente com a realidade atual. A poeira, resultado das intensas atividades mineradoras, paira no ar como uma ameaça constante.

Os relatos dos moradores são repletos de preocupações com a qualidade do ar que respiram. A situação evidencia a necessidade urgente de medidas efetivas por parte das autoridades. Projetos de mitigação da poeira, como a umidificação das vias e o reflorestamento de áreas degradadas, são discutidos, mas a implementação ainda é tímida diante da gravidade do problema.

A comparação entre o relato do Padre Júlio Engracia e a realidade atual de Congonhas revela um contraste marcante, quase poético, entre um passado onde o ambiente natural era um aliado da saúde e um presente onde o desenvolvimento econômico impõe desafios à qualidade de vida.

Domingos T Costa

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