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Delegado e deputado federal debocha da morte de jovem atacado por leoa

Em seu perfil nas redes, porém, Matheus Laiola disse que se “solidariza com a família da vítima”. Jovem tinha passagens policiais e diagnóstico de esquizofrenia

O delegado da Polícia Civil no Paraná Matheus Laiola debochou nas redes sociais da morte de um jovem atacado por uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, em João Pessoa, na Paraíba, na manhã deste domingo (30/11). Gerson de Melo Machado tinha 19 anos e mais de dez passagens policiais por crimes de menor potencial ofensivo.

Conhecido na cidade como “Vaqueirinho”, ele havia sido preso duas vezes no mesmo dia na semana passada. Primeiro, o jovem tentou danificar dois caixas eletrônicos. Gerson foi detido, assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e foi liberado. Pouco depois, ele avistou uma viatura da Polícia Militar e arremessou uma pedra, que acertou e quebrou o vidro traseiro.

Em uma publicação no Instagram, que destaca o histórico criminal do rapaz, Laiola ironizou: “Espero que a leoa esteja bem”.

Também deputado federal pelo União Brasil, o delegado tem mais de seis milhões de seguidores — considerando todas as suas redes sociais — e se posiciona como defensor dos animais. No fim de junho, ele anunciou que passaria a coordenar na Câmara dos Deputados um grupo de trabalho da Frente Parlamentar Ambientalista voltado à proteção animal. 

O delegado também publicou a notícia sobre morte do rapaz em suas redes sociais. “A tragédia e o erro começam quando seres humanos ignoram limites básicos de segurança, arriscam a própria vida e colocam em risco também a vida do animal”, escreveu em uma publicação no Instagram, acrescentando que “se solidariza com a família da vítima”. O delegado termina o texto com a seguinte indagação: “Quem você acha que foi o ‘animal’ dessa situação?”.

Delegado debocou da morte de jovem atacado por leoa (esquerda), embora tenha prestado solidariedade em uma publicação em seu perfil no Instagram (direita)
Delegado debochou da morte de jovem atacado por leoa (esquerda), embora tenha prestado solidariedade em uma publicação em seu perfil no Instagram (direita)Instagram/Reprodução

Transtorno mental

A entrada na jaula foi classificada pela Prefeitura de João Pessoa como um ato deliberado da vítima. O homem escalou uma parede de mais de seis metros e grades para poder acessar o espaço privado do animal. Após a ocorrência, o parque foi fechado para os procedimentos de segurança e a remoção do corpo. A perícia da Polícia Civil do estado não descarta que a invasão tenha sido um ato de suicídio.

Ao Correio Braziliense, a conselheira tutelar Verônica Oliveira, que acompanhou Gerson desde a infância, afirmou que o jovem tinha diagnóstico de esquizofrenia e era atendido pelo Conselho Tutelar desde criança, quando fugiu de um abrigo em Pedras de Fogo, interior do estado.

Ainda na infância, Gerson e os quatro irmãos foram destituídos da mãe, também diagnosticada com esquizofrenia, e encaminhados para adoção. Todos os irmãos foram adotados, menos ele. 

A conselheira conta ainda que Gerson sempre teve o sonho de ir para a África domar leões e chegou a ser pego escondido no trem de pouso de um avião que ele acreditava ir para a África. Sem conseguir ser adotado, Gerson teve diversas passagens pela polícia e centros socioeducativos desde a infância.

Estado de Minas tentou falar com o delegado por meio das redes sociais, mas não houve retorno até o fechamento desta edição. A reportagem também entrou em contato com a assessoria da Polícia Civil do Paraná. A matéria será atualizada caso ocorra retorno.

FONTE: ESTADO DE MINAS

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