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Auxílio de até R$ 600 para cuidadores familiares de idosos e pessoas com deficiência avança na Câmara

Projeto em discussão cria benefício de até R$ 600 por mês ou alívio fiscal para cuidadores familiares que cuidam em casa de idosos e pessoas com deficiência, sem salário

Projeto em análise na Câmara dos Deputados cria benefício de até R$ 600 para cuidadores familiares que cuidam em casa de idosos e pessoas com deficiência, sem qualquer remuneração. A proposta integra a Política Nacional de Cuidados, ainda depende de aprovação no Congresso e de regulamentação do governo federal, mas já acende a esperança de milhares de famílias que vivem do trabalho invisível do cuidado.

Cuidadores familiares de idosos e pessoas com deficiência podem ter um reforço fixo no orçamento se o texto for transformado em lei. Pela redação em debate, o auxílio para cuidadores familiares poderá chegar a 600 reais por mês ou assumir a forma de benefício fiscal para quem dedica boa parte do dia a um parente dentro de casa, sem receber salário. A intenção é reconhecer que esse trabalho, hoje tratado como “obrigação de família”, sustenta o sistema de saúde e a assistência social.

O foco do auxílio são famílias de baixa renda em que alguém precisou abandonar o emprego ou reduzir drasticamente a jornada para acompanhar um idoso acamado, uma pessoa com deficiência intelectual, um parente com demência ou com limitações graves de mobilidade. De acordo com informações da própria Câmara, o projeto já foi aprovado em comissão temática, mas ainda não está valendo e não autoriza nenhum tipo de pagamento neste momento.

Enquanto o debate político avança, cuidadores familiares seguem acumulando jornadas exaustivas sem salário, direitos trabalhistas ou descanso adequado. Em muitos casos, são mulheres que passaram a viver 24 horas por dia em função do cuidado, dividindo-se entre tarefas domésticas, medicação, consultas médicas e vigilância constante para evitar quedas, crises ou agravamento do quadro de saúde do parente.

Reconhecimento do cuidado como trabalho que gera economia ao Estado

O texto em discussão passa a tratar o cuidado como parte estruturante da Política Nacional de Cuidados e cria, dentro dessa política, um apoio específico para cuidadores familiares de idosos e pessoas com deficiência que vivem em domicílio. A mensagem é que o cuidado não é apenas um “ato de amor”, mas também um trabalho que exige tempo, conhecimento básico em saúde e enorme responsabilidade, gerando economia para o poder público.

Nos pareceres aprovados em comissão, deputados ressaltam que o trabalho do cuidador familiar reduz internações hospitalares, adia ou evita o envio de idosos e pessoas com deficiência para instituições de longa permanência e diminui a pressão sobre o SUS. Em termos práticos, o Estado economiza recursos porque alguém da família assume tarefas que seriam desempenhadas por profissionais de saúde, cuidadores formais ou entidades especializadas.

O valor de até 600 reais é apresentado como teto do auxílio para cuidadores familiares. A tendência é que o montante final seja definido a partir da renda da família e do grau de dependência do idoso ou da pessoa com deficiência, critérios que ainda serão detalhados em regulamentação posterior. O desenho também abre espaço para que, em alguns casos, o apoio ocorra na forma de benefício fiscal, como um tipo de alívio em tributos ligado à situação de cuidado.

Situação atual do projeto e risco de golpes

Por ora, não existe cadastro oficial, site, aplicativo ou formulário do governo destinado ao auxílio de até R$ 600. Toda divulgação que prometa inscrição imediata em “auxílio para cuidadores familiares” deve ser tratada com desconfiança, especialmente quando chega por correntes de WhatsApp ou perfis desconhecidos em redes sociais. Segundo a Câmara, o projeto está em tramitação e ainda passará por novas análises antes de qualquer decisão definitiva.

O auxílio para cuidadores familiares ainda precisa cumprir o caminho completo no Congresso, passando por outras comissões, podendo ser levado ao Plenário da Câmara e, depois, ao Senado. Só depois da aprovação nas duas Casas e da sanção presidencial é que virá a fase de regulamentação, quando o governo definirá regras detalhadas, prazos e forma de pagamento.

Relação com BPC, Bolsa Família e outros programas sociais

O auxílio para cuidadores familiares não substitui benefícios como o Benefício de Prestação Continuada, o BPC, nem o Bolsa Família. Esses programas consideram principalmente a renda da família e a situação do idoso ou da pessoa com deficiência. Já o novo auxílio desloca o foco para quem cuida, criando uma camada extra de proteção social voltada diretamente ao trabalho de cuidado dentro de casa.

Na prática, a depender da versão final aprovada, uma família poderá continuar recebendo o BPC, se o idoso ou a pessoa com deficiência estiverem dentro das regras, manter o Bolsa Família, se a renda se enquadrar nos limites, e ainda ser contemplada pelo auxílio para cuidadores familiares. O objetivo é evitar que a pessoa que precisou deixar o emprego para cuidar fique completamente sem renda própria, dependendo apenas do benefício do parente.

Envelhecimento da população e pressão sobre as famílias cuidadoras

O Brasil vive um processo acelerado de envelhecimento da população e registra, ano após ano, o crescimento de diagnósticos que exigem apoio permanente, como doenças degenerativas, sequelas de acidentes e deficiências físicas ou intelectuais. Em muitos lares, isso significa que um parente em idade produtiva abre mão da carreira, da previdência e da autonomia financeira para garantir segurança e dignidade a quem não consegue viver sozinho.

Sem qualquer forma de apoio, o cuidador familiar de idosos e pessoas com deficiência entra em um ciclo de sobrecarga física, emocional e econômica. O trabalho é intenso, o tempo para estudar ou buscar renda extra é quase nulo e, muitas vezes, a casa passa a depender exclusivamente de um benefício assistencial. O risco de pobreza e de adoecimento mental aumenta de forma silenciosa.

Ao propor um auxílio de até 600 reais para cuidadores familiares, o Congresso começa a reconhecer que esse trabalho tem valor econômico e precisa ser protegido. O projeto não resolve todos os problemas, mas sinaliza uma mudança de paradigma ao admitir que a economia do cuidado sustenta o sistema de proteção social e que quem cuida também precisa ser cuidado.

Próximos passos e reflexão para as famílias brasileiras

O próximo passo do debate passa por negociação política, definição de fonte de recursos e avaliação do impacto fiscal nas contas públicas. Se o projeto for confirmado, o Brasil se aproximará de experiências internacionais que já oferecem apoio financeiro ou previdenciário a cuidadores familiares, aproximando a legislação da realidade de casas que vivem em função do cuidado.

Enquanto isso, acompanhar a tramitação e buscar informação em canais oficiais é fundamental para não cair em golpes e para se preparar para uma eventual abertura de cadastro. Se o auxílio para cuidadores familiares de idosos e pessoas com deficiência sair do papel, ele pode representar a diferença entre a sobrevivência no limite e um pouco mais de segurança para quem cuida em tempo integral.

Na sua casa, alguém também teve que deixar o trabalho para cuidar de um idoso ou de uma pessoa com deficiência em tempo integral?

FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS

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