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A verdadeira cidade dos bilionários no Brasil fica em Minas Gerais, tem cerca de 111 mil habitantes e uma renda média mensal de R$ 6.929 por pessoa

Estudo da FGV Social com dados do Imposto de Renda aponta Nova Lima (MG) como o município com maior renda média da população e reacende o debate sobre desigualdade e reformas

Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, apareceu no topo de um levantamento da FGV Social que mapeou onde está a maior concentração de pessoas ricas no país, com base em declarações do Imposto de Renda. A cidade mineira lidera o ranking com renda média de R$ 6.929 mensais, segundo o Censo de 2022, superando municípios mais conhecidos por condomínios de luxo e polos econômicos.

O dado chama atenção porque Nova Lima, com 111 mil habitantes segundo a última contagem oficial do IBGE em 2022, fica a cerca de 24,5 km da capital mineira e, apesar de ter dimensões menores que grandes centros urbanos, concentra condomínios de alto padrão e atrai executivos que trabalham em Belo Horizonte. Ao mesmo tempo, o município também carrega contradições típicas de regiões que crescem rápido e encarecem.

O estudo foi conduzido pelo economista Marcelo Neri e utiliza informações de rendimentos declarados no IRPF de 2018, calculando a renda média ao dividir o total declarado pela população do município. Na prática, é um retrato da geografia da renda mais alta a partir do que é reportado ao fisco, com limitações conhecidas, mas com um recorte útil para observar o topo.

Além de listar os municípios mais ricos, o levantamento também evidencia extremos: enquanto Minas Gerais aparece no topo com Nova Lima, o Maranhão concentra a maior parte dos municípios com menor renda média. O contraste, para especialistas, ajuda a entender por que discussões sobre tributação da rendapatrimônio e políticas públicas voltam a ganhar força.

Nova Lima MG aparece no topo do ranking de renda e mostra como riqueza e endereço caminham juntos

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A liderança de Nova Lima é explicada por uma combinação de localização privilegiada e perfil de moradia. A cidade ganhou notoriedade por concentrar empreendimentos residenciais de alto padrão e por funcionar, na prática, como extensão nobre da capital, com rotas rápidas para áreas empresariais e serviços.

O levantamento também cita que o município abriga instituições e estruturas corporativas relevantes, como a Fundação Dom Cabral e centros ligados à atuação da Vale, o que reforça a presença de executivos e profissionais de alta renda na região. Esse tipo de infraestrutura cria um círculo de atração que alimenta o mercado local de serviços qualificados.

Hoje, a população estimada de Nova Lima é de 120.959 habitantes (2025), no ano de 2022 esse número era 111 mil, segundo o IBGE, número que ajuda a dimensionar a pressão por moradia e infraestrutura em uma cidade que cresceu com novos bairros e centros comerciais. A expansão amplia a arrecadação e a atividade econômica, mas também pode aprofundar desigualdades dentro do próprio município.

Santana de Parnaíba Aporé e outras cidades ricas mostram que o topo não depende de um único tipo de economia

Logo atrás de Nova Lima aparece Santana de Parnaíba (SP), com renda média de R$ 5.384,77, conhecida nacionalmente pelos condomínios fechados e pela proximidade com a capital paulista. O município é frequentemente associado a um estilo de vida voltado a segurança, exclusividade e acesso rápido a empregos e serviços em São Paulo.

O terceiro lugar ficou com Aporé (GO), com R$ 5.233,93, caso que costuma ser ligado ao peso do agronegócio e da renda elevada em uma população pequena. Na sequência do ranking surgem São Caetano do Sul (SP) com R$ 4.565,34 e Niterói (RJ) com R$ 4.186,51, reforçando que o topo mistura cidades dormitórios de alta renda, municípios com forte capital humano e localidades impulsionadas por setores específicos.

Qualidade de vida escolaridade e profissões explicam o padrão apontado por Marcelo Neri

Um ponto central do estudo é que a concentração de renda não se explica apenas por produtividade local ou pelo tamanho do PIB municipal. Segundo Marcelo Neri, os mais ricos tendem a escolher lugares com melhor qualidade de vida, o que inclui segurança, infraestrutura urbana, oferta de serviços e atrativos ambientais.

Isso ajuda a entender por que cidades litorâneas ou com alto IDH aparecem bem colocadas. No ranking citado no levantamento, a capital mais bem posicionada é Florianópolis (SC), em sexto lugar, com R$ 3.998,30, seguida por Santos (SP)Porto Alegre (RS)Vitória (ES) e Campos do Jordão (SP) entre as dez primeiras.

A lógica, na visão do pesquisador, passa pela presença de profissionais com maior escolaridade e ocupações de alta renda, como médicos, advogados e outros profissionais liberais. Onde esse público se instala, cresce a demanda por serviços sofisticados, o que retroalimenta a atratividade do município.

Ao mesmo tempo, rankings paralelos de bem estar ajudam a ilustrar por que alguns lugares viram “ímãs” de renda alta. No IPS Brasil 2025, por exemplo, Nova Lima aparece entre as primeiras colocadas e é destacada por indicadores sociais e ambientais, algo que costuma pesar na decisão de moradia de famílias de renda elevada.

Maranhão no outro extremo e o debate sobre imposto de renda que volta ao centro da conversa

Na parte inferior da tabela, o estudo aponta que o Maranhão concentra oito dos dez municípios com menor renda média. O pior resultado é o de Fernando Falcão (MA), onde a renda média indicada é de R$ 19,89 e o patrimônio líquido médio é de R$ 156, um número que resume, de forma brutal, o tamanho do abismo social brasileiro.Play Video

O levantamento também chama atenção para Brasília em um recorte específico. Embora Nova Lima lidere entre os municípios, o Distrito Federal aparece como a unidade federativa de maior renda média, com R$ 2.981 quando o cálculo considera toda a população.

Dentro do DF, o Lago Sul se destaca como um ponto fora da curva: a renda média por habitante chega a R$ 23.020 no cálculo para a população total, e é ainda maior quando se olha apenas para declarantes. A disparidade costuma ser usada como argumento para discutir reforma administrativa e caminhos para uma reforma do Imposto de Renda, já que os dados ajudam a enxergar com mais nitidez o topo da pirâmide.

Você acha que rankings como esse retratam a realidade ou acabam “maquiando” a desigualdade ao olhar apenas a renda declarada? A concentração de ricos em cidades com boa infraestrutura é consequência natural ou um sinal de que o Brasil virou um país de bolsões de riqueza cercados por carências? Deixe seu comentário e diga como você enxerga esse contraste.

FONTE: Click petroleo e gas

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