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Professor Antônio Biagioni: duas décadas de ausência, um legado que o tempo não apagou

Transcorreu, em 24 de dezembro de 2025, vinte anos do falecimento do professor, educador e acadêmico Antônio Biagioni, ocupante da extinta Cadeira nº 100 da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette (ACLCL), tendo como patrono o Cônego Francisco de Santa Apolônia. A data convida à memória, à gratidão e ao reconhecimento de uma trajetória marcada pelo compromisso com a educação, a cultura, a vida comunitária e o serviço público.

Antônio Biagioni nasceu em Itabirito (MG), em 23 de outubro de 1923, filho de Delpho Biagioni e Marcelina Biagioni. Ainda criança, mudou-se com a família para Conselheiro Lafaiete, cidade que se tornaria o centro de sua vida pessoal, profissional e cívica. Realizou os primeiros estudos no município, prosseguindo sua formação no Seminário Arquidiocesano São José, no Rio de Janeiro, e no Seminário Orionita, em Paraíba do Sul (RJ). Movido inicialmente pela vocação sacerdotal, chegou a estudar em Roma, experiência que aprofundou sua formação humanística e espiritual. Ao retornar ao Brasil, convencido de que sua missão era servir à comunidade de forma mais direta, optou pelo magistério e pela atuação social.

Graduou-se em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Mater Divinae Gratiae, em Barbacena, consolidando uma sólida formação intelectual que se refletiria em toda a sua atuação profissional. Em Conselheiro Lafaiete, trabalhou no Centro Seletivo da Rede Ferroviária Federal, lecionou na Escola Profissional “Eugênio Feio”, além de atuar em instituições de ensino na capital mineira e em Corinto (MG). Dirigiu o Colégio Monsenhor Horta e teve papel decisivo na criação do Ginásio Napoleão Reis, fundado em 1958, do qual foi diretor por décadas.

Reconhecido como pioneiro da educação moderna no município, Antônio Biagioni fez do ensino gratuito uma verdadeira bandeira de luta. Desde a fundação do Ginásio Napoleão Reis, mobilizou a sociedade lafaietense por meio de campanhas comunitárias, demonstrando notável capacidade de liderança, espírito público e profundo compromisso social. Sempre atento ao aperfeiçoamento profissional, participou de congressos, seminários e encontros educacionais, acompanhando as transformações do ensino e contribuindo para sua qualificação local.

Seu trabalho como educador rendeu-lhe inúmeras homenagens, expressas em diplomas de honra ao mérito, medalhas, troféus e cartões comemorativos, em Conselheiro Lafaiete e em outras cidades. Em reconhecimento à sua contribuição à vida do município, a Câmara Municipal concedeu-lhe o título de Cidadão Honorário de Conselheiro Lafaiete e recentemente recebeu a comenda Profa. Avelina Maria Noronha de Almeida, em homenagem post mortem, pelo legado deixado em prol da educação.

Para além da sala de aula, Antônio Biagioni teve intensa atuação cultural e comunitária. Participou do teatro amador, colaborou com jornais locais e integrou programas educativos da Rádio Carijós, especialmente voltados aos estudantes. Homem profundamente religioso e caridoso, envolveu-se em movimentos cristãos, campanhas filantrópicas e iniciativas comunitárias, sempre pautado pela solidariedade e pelo espírito de serviço entre elas o Coro e Orquestra São Sebastião.

Conheceu pessoalmente o apóstolo da caridade e do bem Dom Orione que realizou grandes obras no Brasil e recebeu das mãos do santo italiano um impresso com a imagem de Nuestra Señora de los Milagros.

image Prof. Antônio Biagioni: 20 anos de saudade e perene legado na educação e na vida pública de Conselheiro Lafaiete
Acervo da família Biagioni

Além da vida caritativa também deixou sua marca na vida política do município, atuando como suplente de vereador (1962–1965), vereador (1966–1969) e vice-prefeito na gestão do prefeito Camilo Prates dos Santos Júnior (1972–1975), contribuindo para a administração pública com equilíbrio, diálogo e dedicação ao interesse coletivo.

Membro efetivo fundador da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette, Antônio Biagioni ocupou a Cadeira nº 100, integrando o quadro de intelectuais que ajudaram a consolidar a instituição como espaço de preservação da memória, da cultura e do pensamento lafaietense. Casado com Arlete Maia Biagioni, foi pai de quatro filhos, constituindo uma família que sempre caminhou ao seu lado em sua trajetória pública e privada.

Antônio Biagioni faleceu em 24 de dezembro de 2005, sendo sepultado no Cemitério Paroquial Nossa Senhora da Conceição. Vinte anos após sua partida, sua memória permanece viva no legado educacional que construiu, nas instituições que ajudou a edificar e no exemplo de dedicação ao bem comum. Ao rememorar sua vida, a ACLCL reafirma o compromisso de preservar e difundir a história daqueles que, como Antônio Biagioni, fizeram da educação, da cultura e do serviço à comunidade a razão maior de suas existências.

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