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Projeto Memória Viva de Queluz – Sedição de Queluz  – 180 anos da Batalha de Queluz – Movimento Revolucionário de 1842

                                                          

Por João Vicente

4ª Parte   –  A REVOLTA DE SILVEIRAS NO VALE DO PARAÍBA

                                    Silveiras em 1857 ( fonte: Portal da PM de Silveiras-SP)

Nota: Na quarta parte iríamos destacar o papel da imprensa nos acontecimentos da revolta liberal nas províncias  de SP  e MG mas, resolvemos deixar para falar desse assunto mais lá frente. Nesse capitulo da série Sedição de Queluz, falaremos mais um pouco sobre os acontecimentos do Movimento de 1842 na província de São Paulo na cidade de Silveiras região do Vale do Paraíba.

O Movimento de 1842 não terminou com a derrota dos liberais no Combate de Venda Grande na província de São Paulo. O Vale do Paraíba, região dominada pelos Barões do Café ainda resistia. As liderança liberais e conservadoras locais se enfrentariam em Silveiras em um combate sangrento em 12 de julho, onde desatacaria as figuras do Tenente Anacleto Ferreira Pinto do lado liberal e o Coronel Manoel Jose da Silveira(morto com um tiro na cabeça dentro do seu Sobrado e arrastado pelas ruas de Silveiras em confronto com os moradores que apoiavam os insurgentes liberais em 3 de junho)pelo  lado dos legalistas. O desfecho da pacificação do Vale do Paraíba pelo Barão de Caxias( que ficou ferido no combate de 12 de julho)deixou um rastro de sangue e saques na freguesia de Silveiras que voltaria a ser palco de uma novo conflito armado, a Revolução Constitucional de 1932.

Um pouco da história  de Silveiras, um dos principais núcleo  do tropeirismo no Brasil e sua participação em dois movimentos revolucionários o Movimento de 1842 e o de 1932

Silveiras surgiu ao final do século XVIII em torno de um rancho de tropas, o da família Silveira – daí o seu nome. “Vamos lá para os Silveiras”. Logo, outros “ranchos” foram se instalando, com destaque para as famílias Guedes, Siqueira, Ventura de Abreu, Santos, Bueno, dentre outros. Seus bairros denominados Macacos e Bom Jesus – encosta da Serra da Bocaina e em direção à Cunha e Paraty surgiram antes, também em torno de tropeiros, já em pleno ciclo de ouro – na saga da “trilha entre Minas Gerais e os portos de Mambucada e Paraty”.

     Silveiras no século XIX foi o mais importante núcleo de serviços dedicado ao tropeirismo do Brasil. Nossos “ranchos” atendiam aos tropeiros e suas tropas que faziam as “trilhas do ouro” e da “independência” (São Paulo X Rio de Janeiro – Café).

Antigo casarão do século XIX, no centro de Silveiras, funciona um restaurante com culinária típica, a hospedaria com 32 leitos, biblioteca e museu do tropeiro, além do espaço para eventos e exposições

O desenvolvimento foi acelerado já nos primeiros anos do século XIX com a chegada do café, e em 1830 surgia a Freguesia dos Silveiras, no enorme município de Lorena. Freguesia – era a definição da época  caracterizando a implantação da Paróquia homenageando Nossa Senhora da Conceição de Silveiras, fortalecendo a capela antiga surgida em 1780, erguida no mesmo local onde está a Matriz.

 Com o desenvolvimento constante, a freguesia foi elevada à condição de Vila em 1842 – desmembrando-se de Lorena e tendo a Nossa Senhora da Conceição, como padroeira. Vale registrar, que a solicitação para a criação da Vila surgiu dos próprios silveirenses assegurando condições de independência e vida autônoma para a Vila.

     Naquela época viviam em Silveiras 3.300 homens livres e entre 1.600 e 1.700 escravos de origem africana.

     Foi um período dramático para Silveiras. A Revolução Liberal explodiu no Brasil e o no município foi palco doloroso de combates. Sangrentos encontros deixaram 56 chefes de família assassinados pelas tropas do então Barão de Caxias na manhã de 12 de julho de 1842, e aí estão as trincheiras – para testemunhar aquela tragédia. Essas mesmas trincheiras foram reabertas em 1932 por ocasião da Revolução Constituinte, marcas profundas do civismo nesta terra.    

Trincheiras em Silveiras na Revolução Constitucional de 1932

Nota do Sobrado do Capitão Silveira:

Em ruínas, o sobrado foi sede de uma antiga fazenda de tropeiros localizado na cidade de Silveiras (SP), fundado no século XIX em razão da introdução do café no Vale do Paraíba. Foi residência de Francisco Antônio da Silva e sua esposa Maria da Silveira, e posteriormente foi herdado pelo capitão Manuel José da Silveira que morreu assassinado dentro da casa durante a Revolução Liberal de 1842. Após a morte do capitão, a propriedade foi doada à igreja.

Apesar de ser tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico (Condephaat), o imóvel se encontra em grave estado de deterioração.

Arquitetura

A casa foi construida em estilo colonial oitocentista feito em taipa de pilão e pau a pique. O corpo central é dividido em dois pavimentos com telhado em quatro águas. Suas telhas originais em capa e canal foram substituídas por telhas francesas. Algumas paredes foram suprimidas no pavimento superior. (fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.)

Os moradores de Silveiras já apoiaram duas revoluções e mantêm trincheiras abertas até hoje nos morros onde houve batalhas e um marco do Combate de Silveiras em 1842, um cruzeiro chamado de Santa Cruz .

As trincheiras existentes na cidade são de 1842, ano em que famílias de Silveiras enfrentaram tropas de duque de Caxias -à época, barão na Revolução Liberal.O levante, comandado por liberais que queriam maior participação no governo conservador, terminou após a Batalha de Silveiras, citada como a mais sangrenta da revolução no livro “História Geral da Civilização Brasileira” (“O Brasil Monárquico”), organizado por Sérgio Buarque de Hollanda.

De acordo com o livro, o Barão de Caxias ficou ferido em Silveiras.  Ao todo, segundo registros históricos, foram 48 mortos e 14 feridos. Após o combate, a cidade teve de suportar ainda dois dias de saques, promovidos por tropas governistas.O caos da guerra voltou a se instalar na cidade entre os dias 3 e 12 de setembro de 1932.

Conclusão

 A Revolução Liberal de 1842 deixou marcas tão profundas em Silveiras que a reconstrução da cidade levou mais de 2 anos para ser concluída. Além disso, o município de Silveiras foi desligado da Província de São Paulo e foi anexado ao Rio de Janeiro, como castigo por ter tomado parte da Revolução de 1842. Caxias pensava que os silveirenses deveriam pagar caro pela audácia de terem se levantado em armas contra o Governo Central. A batalha final se deu na entrada da cidade onde um cruzeiro singularmente homenageia os dois lados do conflito. Pelo lado dos legalistas, Duque de Caxias e pelo lado os revoltosos liberais, o Tenente Anacleto Ferreira Pinto. 

Movimento Revolucionario de 1842 as cidades acima passaram a pertencer a Provincia do Rio de Janeiro. Isso aconteceu com a Câmara de Queluz que teve um periodo funcionando no Distrito de Catas Altas da Noruega( assunto para capitulos posteriores)                                           

Fonte-( Parte do texto e das fotos são do site órgão oficial da PM de Silveira, artigo da Folha de São Paulo de 1998 e do blog Hora de Preservar)

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