Nesta segunda-feira (02), três repúblicas estudantis de Ouro Preto foram acusadas da prática racista conhecida como “Blackface”, em uma festa ocorrida na sexta-feira (29). O assunto teve grande repercussão nas redes sociais, de modo que as repúblicas precisaram se retratar sobre o ocorrido.
Os estudantes foram acusados após publicarem fotos nas redes sociais das repúblicas onde apareciam com os rostos e corpos pintados de preto para participar de uma festa conhecida no meio universitário como “Miss Bixo”. O assunto gerou grande repercussão e revolta no meio estudantil. Nas redes sociais, uma estudante declarou: “isso é blackface, falta de noção, e acima de tudo, é crime! 2022 e ainda tem gente que acha que preto é fantasia”, disse.
O Diretório Central dos Estudantes da UFOP (DCE), entidade que representa os estudantes da instituição, se pronunciou sobre o assunto. “Essa prática de pintar o rosto de preto ou marrom para representar pessoas negras é racista, dolorosa e ofensiva. O blackface ridiculariza pessoas negras para o entretenimento dos brancos, reforçando estereótipos, ele tem raízes no racismo e isso é inaceitável”, declaram em suas redes sociais. Após a repercussão, as repúblicas envolvidas no caso se pronunciaram. Segundo elas, não foi praticado o blackface, pois as pinturas corporais estariam representando animais e personagens fictícios.
A república Xamego informou por meio de nota que escolheu a música da banda Mamonas Assassinas, Mundo Animal, como tema para participar da festa. “[…] nos fantasiamos de um dos animais citados na música: pombo. Realizamos a caracterização e confecção das fantasias com o intuito único e exclusivo de representar o animal citado. Gostaríamos de esclarecer que estávamos representando apenas o animal pombo e que nossa intenção nunca foi magoar ou ferir a existência de ninguém. Em nossas publicações deixamos claro (citamos em nossas legendas, inclusive, a parte da música que estávamos representando) que estávamos fantasiadas de um animal. Dessa forma, reforçamos nosso pedido de desculpas e retratação sobre o acontecimento”, informou.
A república Cravo e Canela também divulgou uma nota afirmando que: “Nossa tema escolhido foi Corrida Maluca, e para representar os personagem Mutley (cachorro) e os Irmãos Rocha, 3 pessoas foram pintadas de marrom para representar a pelagem dos personagens não-humanos em questão. Pedimos desculpas aos que se sentiram ofendidos pela forma como representamos esses personagens. Em nossa república repudiamos qualquer ato de racismo, e estamos abertas para esclarecer e debater sobre essa questão, mas esclarecemos que não fizemos Blackface para representar pessoas pretas. As fantasias pretendiam representar os personagens fictícios”, afirmaram.
A república Território Xavante também se pronunciou sobre o caso. “Nós estamos sendo indevidamente acusados da prática de racismo, mas especificamente ‘black face’[…] Para nosso tema escolhido, alguns dos moradores estavam fantasiados de cavalo. Após postar as fotos em nossas redes sociais, fomos acusados em massa da prática racista por diversas pessoas – essas por muitas vezes veiculando indevidamente nossa imagem além de agressões verbais. Tal acusação é completamente inapropriada, visto que em momento algum fizemos referência a nenhuma imagem de pessoas, e sim à figura do animal cavalo, tema de nosso miss bixo. Reiteramos que a a república repudia completamente todo e qualquer tipo de discriminação e pedimos desculpa a todos que se sentiram ofendidos pela forma como apresentamos nossas fantasias’, informaram.
Além da movimentação nas redes sociais, os estudantes que não concordaram com a situação criaram um abaixo assinado solicitando que a UFOP abra um processo contra a atitude dos envolvidos. Até o fechamento desta matéria, o documento contabilizava mais de 700 assinaturas. A equipe do O Liberal entrou em contato com a UFOP para esclarecimentos sobre o assunto, mas até o fechamento desta edição, não tivemos retorno. (O Liberal0
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