O tradicional Projeto Concertos na Matriz, idealizado e promovido pelo Madrigal Roda Viva, se consolida cada vez mais, como uma das âncoras da rica cultura artística de Lafaiete e região. O Projeto age como formador de plateia, propiciando ao público, espetáculos de alto nível, com as mais variadas formações, tendo como atores, músicos cantores, instrumentistas e maestros renomados, afeitos aos principais palcos do Brasil e exterior; além de oportunizar o surgimento e promoção dos talentos locais.
No mais recente capítulo, coube ao exímio violonista Lauzin Santos, da cidade de João Monlevade, o protagonismo. Foram seis canções de muita sensibilidade e de profundas reflexões. “Minha missão” de João Nogueira; “o ciúme” e “Onde eu nasci passa um rio” de Caetano Veloso, “A correnteza”, de Tom Jobim, “Cruzada” de Tavinho Moura, e “Verde” , de Eduardo Gudin, compuseram um repertório, quase temático, em alusão aos Rios, como fonte de vida. Notoriamente na música o Ciúme, que descreve as cenas ribeirinhas do São Francisco, em toda a sua extensão. Coube a “Verde” de Eduardo Gudin a apoteose, afirmando que “quem pergunta por mim / já deve saber do riso no fim…”
Lauzin, após passagem pelo Coral Monlevade, estudou violão erudito na Fundação Clóvis Salgado. É incansável estudioso e pesquisador dos mistérios do violão; se dedica a lecionar Educação musical e é graduado em licenciatura em música; participou, e participa como cantor; músico; arranjador e regente em trabalhos de relevância para a qualificação da música brasileira. Já nos acordes iniciais, é possível perceber a arrebatadora magia do violonista . Não se sabe onde termina o instrumentista e onde começa o instrumento. É um som que exprime a nobreza da verdade e traz alento para toda espécie de saudade, com vibrações que povoam festivamente, nosso íntimo. Claramente, Lauzin reescreve, mesmo com a sua identidade genuína, talentos como Paulinho Nogueira, Rafhael Rabelo e principalmente Rosinha de Valença.
PRELÚDIO
Antes do fim, o charme e excelência do Madrigal Roda Viva, que ao apresentar uma canção do gênero negro spiritual, denominada “Roll, Jordan, roll”, trouxe ao público através do maestro Vasconcelos, alguns saberes sobre a importância da música, para as pessoas escravizadas. O referido gênero estava presente em todas as manifestações daquela gente. Nos seus cultos, nas comemorações após as colheitas e nos planos de fuga, como linguagem subliminar. Ainda foi possível apreciar a impecável interpretação da “clássica” Ave Maria nos seus andores dos compositores, Jaime redondo e Vicente Paiva. Canção com elementos urbanos e referências à temática ecológica, além do contexto de fé e súplica; Também, uma agradável apresentação da famosa “My Way” (Frank Sinatra), em versão intitulada “Meu caminho”, culminando em “Cantores do rádio” de Lamartine Babo, onde o coro gentilmente se dirige à plateia: “agora peço que cante / um pouquinho para mim”
ESTREIA DE ESPLENDOR
Ainda antes do fim… causou comoção, quando após a introdução do violão por Lauzin Santos, as crianças Anielle de Oliveira Pinto e Shaylon José Martiniano da Silva, se levantaram do meio do público, entoando os versos de uma desconhecida, porém linda canção do compositor cearense, Aloysio de Alencar Pinto. Uma perola, chamada “Sodade”. Canção com sentido poético, de algo que não volta, mas que no verso “num laço de fita verde aí Sodade” emana a esperança de tempos melhores. Ambos, caminharam pelo corredor central da Igreja, até onde estava Lauzin o Madrigal Roda Viva, as demais crianças do Coral de Meninas e Meninos do Projeto Roda Moinho. foi a estreia do Coral de Meninas e Meninos do Projeto Roda Moinho. Ao final, o que se viu foi puro fascínio. Todos aplaudiam de pé, sob muita emoção. Após o concerto, Lauzin disse sobre esse momento: “…foi um afago em nossos corações. As lágrimas vieram ao vivo, e ainda agora, quando me lembro”. Geraldo Vasconcelos foi enfático: “Essa mocidade me faz caminhar nos jardins da memória, onde reencontro uma juventude de outrora, aguerrida e desafiadora, que semeou sonhos através do querido Coral Cantata do Colégio Nazaré. Nos dias que correm, são profissionais éticos; pais amorosos; alguns, músicos cantores e maestros de excelência, abrindo e apontando caminhos aos que estão chegando. Um mar de gratidão” .
Fechando o Concerto, o público ainda foi contemplado com Minueto – música de J.S. Bach e poesia de Celso Adolfo; Coral da Cantata 147 de Bach e Manhã de carnaval de Antônio Maria e Luiz Bonfá. Um raro prazer!
O MADRIGAL RODA VIVA
Entidade jurídica e privada, sem fins de lucros, sediada em Conselheiro Lafaiete. Em 24 anos de caminhada, o coro já despontou importantes nomes para a música, em sua pluralidade: cantores populares e eruditos, maestros, instrumentistas e professores de Educação musical. Sua história, registra participações em importantes eventos da música coral, no Brasil e exterior. Atualmente o grupo tem a seguinte composição: SOPRANOS – Vera Prado, Giselda Rodrigues, Juliana Vasconcelos, Kelly das Graças e Maria do Carmo Rodrigues; CONTRALTO – Andreia Marçal, Angelina Bento e Édila Shirley; TENORES: Luiz Claudio Campos e Adão Gomes; BAIXO: Jorge Murilo. A presidência é da Cantora, maestrina e professora Édila Shirley de Almeida Campos e a regência é do Professor e Maestro Geraldo Vasconcelos. O seu repertório é composto de música erudita (popularmente chamada de música clássica), música popular de várias nacionalidades e gêneros, além do folclore nacional.
Se você tem dezesseis anos completos e deseja conhecer, na prática, os encantos da música; cantar em grandes palcos e conhecer outros povos e suas culturas, venha soltar a sua voz. O Madrigal está oferecendo à comunidade, algumas vagas para todos os naipes. Os testes começam em breve. Vai perder?
O Madrigal Roda Viva, agradece e exalta o Violinista Lauzin Santos; Padre Geraldo Gabriel, Pároco da Matriz N. S. da Conceição, a Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, na pessoa do seu Presidente, Moisés Mota; a toda a equipe do Roda Moinho; aos 12 Empresários (legítimos construtores de cidadania) apoiadores do Projeto Concertos na Matriz; a Secretaria Municipal de Cultura e o Jornal Correio de Minas.