Até a próxima sexta-feira, dia 9 de dezembro, o bloqueio imposto pelo governo Bolsonaro ao orçamento das federais no último dia 1º de dezembro vai causar um rombo de R$ 2 milhões e 73 mil nas contas da Universidade Federal de São João del-Rei. Isso quer dizer que não há dinheiro para pagar contratos gerais, como terceirizados, manutenção, contas de água, luz, telefone, e nem bolsas de mestrado, doutorado, estágio, monitoria e residência. A informação foi repassada nesta terça, 6, pelo reitor Marcelo Andrade aos representantes da Associação de Docentes (ADUFSJ), Sindicato dos Servidores (SINDS-UFSJ) e Diretório Central dos Estudantes (DCE). “É o caos”, resumiu Marcelo.
De acordo com o reitor, a situação é tão grave que a UFSJ já está com as contas negativas em R$ 600 mil. “E vai piorar porque, a partir de amanhã, quinto dia útil, vencem vários contratos, bolsas e contas, que não temos como honrar. Nossa preocupação maior é a manutenção do básico. Muitos alunos dependem da bolsa Pase, o Programa de Assistência Social Educacional, por exemplo, para continuar o curso, se alimentar, pagar o transporte e até o aluguel”, acentuou.
Impacto social e econômico
A preocupação do reitor é a mesma do representante do DCE. O primeiro secretário do Diretório, Micael Matos, disse que a entidade está recebendo vários e-mails, consultas e ligações de alunos sem perspectiva com a situação. Micael, que recebe a bolsa de assistência e mora numa república com mais cinco pessoas, disse que não tem como pagar sua parte do aluguel, pois depende do recurso. O estudante observou que isso é apenas um detalhe: “Se o aluguel não for pago na data certa, temos multa e isso vira uma bola de neve que atinge a todos.”
Presentes à reunião, a presidente da ADUFSJ, Jaqueline de Grammont, e o coordenador geral do SINDSUFSJ, Joaquim Costa, informaram ao reitor que vão fazer assembleia conjunta na próxima semana para discutir o bloqueio do orçamento. Preocupada com o desmonte que o governo Bolsonaro vem promovendo nas universidades públicas, Jaqueline apontou para a necessidade de uma grande mobilização, a nível nacional, para que a população e as autoridades tenham consciência dessa situação que, segundo ela, “é caótica sob todos os aspectos.”
Marcelo informou que estará em Brasília na próxima quinta, 8, para reunião da Andifes, a associação nacional de reitores das universidades federais, e que o bloqueio do orçamento é o primeiro e mais importante ponto de pauta. “Além disso, temos pleito junto ao Congresso para que busquem uma solução a curto prazo. Na semana passada, estivemos com o deputado federal Reginaldo Lopes, que iria tentar uma forma legal, jurídica, para o desbloqueio”, informou.
Quadro gravíssimo
Num estudo minucioso feito pela Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento da UFSJ, o pró-reitor, Renato Vieira, disse que o bloqueio pegou a todos de surpresa e de forma inédita. “O Ministério da Economia ZEROU o limite financeiro do Ministério da Educação e de suas unidades vinculadas, incluindo a UFSJ, impossibilitando os pagamentos de despesas já empenhadas e liquidadas, o que representa um montante de R$ 4.850.485,54”, exemplificou.