Pernambucano, que começou levando a comida em um carrinho de mão, emprega seis pessoas e abriu restaurante
A decisão de deixar Pernambuco no Nordeste do Brasil, em 2011, para trabalhar como motorista de carreta em Minas Gerais mudou completamente a vida de Robson Rogério Guimarães, de 45 anos. Após um período dirigindo pela BR-040, entre Belo Horizonte e Conselheiro Lafaiete, ele percebeu o movimento intenso e decidiu fazer e vender marmitas na beira da estrada, usando um carrinho de mão para transportar a comida. O começo não foi fácil, mas Robson conta que persistiu e, atualmente, vende mais de mil marmitas por mês no trecho, emprega seis pessoas e abriu um restaurante em Congonhas.
A história desse pernambucano inaugura a série Marmiteiros, produção da Itatiaia sobre pessoas que produzem vários tipos de marmitas e vendem a outras pessoas.
“Vendo essa BR-040 muito movimentada, decidi criar um plano b. Decidi fazer a marmita. Lá no Pernambuco todo mundo vende cajá, umbu, manga na estrada. E por que não trazer para cá? Aí inventei a marmita. Outras pessoas também inventaram, mas não insistiram como eu insisti”, ressalta Robson, que lembra da trajetória, iniciada em 2018, com orgulho.
“Comecei fazendo (comida) em casa e trazendo em um carrinho de mão, caixa de isopor, depois passou para o Fiat Uno. Fui trocando de lugar. Foi quando resolvi abri o restaurante também. Uma coisa puxou a outra. É meio uma gratidão. Eles (caminhoneiros) me ajudam e eu ajudo eles”, comemora Robson.
Preço justo
Cada marmita custa R$ 15 e é acompanhada de um suco super gelado. Robson conta que o cardápio é variado e farto. “Atende a todos os gostos, sempre com três tipos de carne. Não tem isso que o boi tá caro e nem nada. A gente tem que ter coisa diferente. Sexta-feira é feijoada, tropeiro, peixe”, diz. “A tendência é crescer mais, se Deus quiser”, completa.
As marmitas são vendidas nos dois sentidos do KM 617 da BR-040, em Congonhas. O ponto é estratégico por ficar a metros de onde ele abriu o restaurante Toque da Casa. “Subindo e descendo, você vai ver de um lado e do outro as meninas sempre aqui vendendo marmitex”, ressalta.
Robson diz ser “pau para toda obra” e faz de tudo. No dia em que recebeu a reportagem da Itatiaia, ele dividia o tempo entre pintar o restaurante e orientar as vendedoras. “A maquinha de cartão está ok”?, perguntou para uma das funcionárias que já estava com caixa de isopor repleta de marmitas.
O ex-caminhoneiro diz que o preço popular incomoda a concorrência. “O pessoal fica bravo, fala que estamos morrendo de fome, que tá não sei o que, que veio do Pernambuco, mas é um preço justo. Quem me fornece a mercadoria, graças a Deus, tem preço bom também e a gente está aí com esse preço bom de 15 merréis”, acrescentando que recebe Pix, cartão e débito. “Tem uns (clientes), que a gente não vai divulgar, que tem até notinha”.
Aprovado
Ao longo dos anos, Robson conquistou uma clientela fiel. A maioria, claro, formada por caminhoneiros. É o caso de Luís Carlos Ribeiro Júnior, 45 anos, que passa com frequência pelo trecho tocando a carreta com 32 toneladas de minério. “Pego sempre com eles. Comidinha boa, preço bom. Hoje em dia a despesa nossa na estrada está muito cara. A gente procura economizar um pouco, porque não está fácil para ninguém”, diz.
Hildemar da Cunha Gonçalves, 34 anos, tem 12 anos de profissão, e se surpreendeu ao saber que o rei das marmitas era motorista de carreta. “Foi uma boa ideia, porque adianta o tempo da gente. Não temos muito tempo para ficar parando e almoçar. Sempre pego aqui”, diz.
Exemplo
O empreendedorismo de Robson inspira funcionárias, como Ester Caetano Pereira, 31 anos, que trabalha há 11 meses vendendo as marmitas de Robson. “Tem dia que vendo 30 marmitas. Tem muitos que pegam todos os dias, de segunda a sábado. Compra a marmita e ganha um suco de brinde”, diz a trabalhadora, que teve ideia de fazer chup-chup para vender como sobremesa.
“Em uma semana, vendi 102. Tem de goiaba, morango, coco, amendoim com chocolate. Tô vendendo a rodo. Tô vendendo mais chup-chup que marmita, por causa do calor”, brincou.
FONTE ITATIAIA