O cenário macroeconômico está mais favorável e, para crescer com ele, é preciso começar a traçar metas e mapear desafios
O sucesso de todo empreendimento passa obrigatoriamente por um cuidadoso e detalhado planejamento. Quanto mais informações a pessoa à frente da empresa tiver em mãos e souber lidar com dados macroeconômicos, maiores as chances de deslanchar e de estar preparada para imprevistos. Esta é a época do ano em que boa parte dos empreendedores dedica tempo à missão de delinear o futuro.
Não é uma tarefa simples: envolve a análise de uma série de fatores que podem afetar o negócio em 2024 ou até mesmo sua sobrevivência no médio e longo prazos. Entre os inúmeros indicadores econômicos, é fundamental levar em conta a projeção da inflação, as taxas de juros, as oscilações do dólar e a expectativa de aumento ou redução do PIB brasileiro.
Tem mais: cenários de instabilidade política, a exemplo do que vem ocorrendo nos últimos anos no Brasil, também podem ter impactos importantes, gerando desconfiança e insegurança nos investidores e no mercado. É preciso ainda acompanhar o surgimento de tecnologias e avaliar ameaças, entre elas o ingresso de concorrentes, as crises globais e os cenários de conflitos entre países, como acontece neste momento com a Rússia e a Ucrânia, e que provocam o aumento de preço de commodities, entre elas açúcar, milho, trigo e soja.
A boa notícia para o empreendedor neste segundo semestre é que vários índices econômicos apresentam evoluções positivas, provocando um otimismo moderado. A inflação medida pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor) vem desacelerando nos últimos meses. A estimativa da Selic, taxa básica de juros da economia, é de 9% para o próximo ano, menor do que a expectativa de 11,75% para 2023. Já a previsão para o PIB brasileiro é de um crescimento de 1,3% em 2024.
“A perspectiva para o próximo ano é boa, mas os empresários necessitam ter cautela”, afirma Tales Andreassi, vice-diretor da Fundação Getulio Vargas de São Paulo e professor de empreendedorismo. “As pequenas e médias empresas devem ter sempre muito cuidado, especialmente aquelas que não têm uma reserva financeira suficiente para sobreviver caso surja alguma novidade ou algo inesperado no horizonte.”
Com as taxas de juros mais baixas, o empreendedor deverá ter um pouco menos de dificuldade para buscar crédito no mercado e investir no crescimento da empresa sem comprometer sua saúde financeira. Ainda assim, todo cuidado é pouco na hora de fazer uma dívida. “O que deve ser levado em conta é que essa baixa das taxas de juros só ocorre porque a inflação está sendo controlada”, explica Samuel Barros, reitor do Ibmec do Rio de Janeiro e especialista em finanças. “Qualquer mudança no IPCA [Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo] pode provocar uma intervenção do Banco Central para que ela não fuja do controle.”
Da mesma forma, quem trabalha com importação de produtos e insumos deve ter atenção redobrada, pois o dólar tende a subir neste segundo semestre e continuar com viés de alta em 2024, justamente por causa das taxas de juros mais baixas. Isso reduz o interesse de investidores de apostarem no Brasil, o que provoca a diminuição do número da moeda estrangeira por aqui e sua consequente valorização frente ao real.
“Houve um aprendizado significativo por parte das empresas de que os cenários futuros são e continuarão sendo incertos, porque vivemos momentos de turbulência e imprevisibilidade”, diz Fabian Salum, professor titular de estratégia e inovação da Fundação Dom Cabral. “2024 ainda será assim, mas existem sinais que indicam um ano positivo.”
Para que você possa compreender melhor esse complexo cenário macroeconômico e definir os próximos passos do seu negócio em 2024, PEGN preparou uma lista de perguntas e respostas estratégicas que não podem faltar no seu planejamento. Elas ajudarão a avaliar e reduzir os riscos e a tomar as melhores decisões para alcançar metas e retomar o caminho do crescimento.
Para que você possa compreender melhor esse complexo cenário macroeconômico e definir os próximos passos do seu negócio em 2024, PEGN preparou uma lista de perguntas e respostas estratégicas que não podem faltar no seu planejamento. Elas ajudarão a avaliar e reduzir os riscos e a tomar as melhores decisões para alcançar metas e retomar o caminho do crescimento.
Tire suas dúvidas
1. Como posso verificar a saúde econômica do setor em que atuo?
“Há uma série de indicadores-chave, como rentabilidade, margem de lucro, índice de inflação, taxa de juros e rentabilidade sobre o patrimônio, que mostram como está o cenário atual e permitem fazer projeções para o futuro”, afirma Samuel Barros, do Ibmec. “Mas não basta avaliá-los uma única vez. É preciso acompanhar sua evolução ao longo do ano, pois nem sempre a resposta para o dia de hoje serve para o de amanhã.” Caso você não tenha acesso às informações, o especialista em finanças recomenda observar as grandes empresas de capital aberto do setor e checar se houve variação do preço das ações e da receita. Vale também fazer comparações com períodos anteriores para perceber tendências de crescimento ou queda, acompanhar os passos da concorrência e ter atenção a fatores externos, a exemplo da guerra na Ucrânia, que podem provocar o aumento do preço de insumos. Avaliar constantemente seu segmento de atuação é fundamental para ter uma perspectiva clara de como algumas características específicas afetam o negócio.
2. Como blindar meu negócio das oscilações políticas e econômicas do Brasil?
A informação é sua grande aliada, pois, por meio dela, é possível fazer o monitoramento constante de ameaças ao seu empreendimento e ao setor em que atua. Com o grande volume de fake news circulando, é preciso buscar fontes confiáveis, como os grandes e tradicionais veículos de comunicação, que fazem um trabalho sério e profissional. Não basta, porém, somente observar o que está acontecendo à sua volta. “Você precisa ter uma visão mais analítica dos cenários político e econômico”, alerta Salum, da Fundação Dom Cabral. “Questione-se sempre como uma determinada decisão poderá afetar o negócio.” A partir daí fica mais claro definir quais decisões podem ser tomadas para blindá-lo. Acompanhe as notícias da sua cidade, do estado e da federação. Em 2024, por exemplo, acontecerão eleições municipais. Avalie criteriosamente as propostas dos candidatos. Quais delas podem interferir de forma mais intensa no seu setor? Faça parte de entidades patronais para ter representação junto às agências governamentais e aos legisladores e poder influenciar nas decisões políticas, econômicas e novas regulamentações.
3. Há chance de os insumos voltarem a subir?
Essa possibilidade jamais deve ser descartada e tem que estar prevista no planejamento para minimizar seus impactos. Vários fatores podem provocar o aumento do valor dos insumos, como escassez de matéria-prima; aumento da demanda, dos custos de produção e da logística; crises globais e alterações climáticas. “No setor de alimentos, por exemplo, o reajuste maior do preço ocorre por inúmeras razões, entre elas a quebra da safra”, afirma Samuel Barros, do Ibmec. “Nas demais empresas, a elevação do dólar causa um aumento dos custos logísticos por conta do reajuste do preço dos combustíveis e dos insumos importados.” Para se proteger, você pode diversificar seus fornecedores, reduzindo a dependência de uma única empresa. Negociar contratos com duração maior ajuda a garantir preços mais vantajosos. Outras medidas são a formação de um estoque estratégico e a substituição por insumos mais baratos, mas que não afetem a qualidade.
4. É hora de fazer investimentos em novas máquinas ou frentes para o negócio?
Marcio Iavelberg, sócio da consultoria Blue Numbers, responde essa pergunta com outra: “Não ter um determinado equipamento vai beneficiar ou prejudicar seu negócio?”. “Se a máquina for fazer falta, então é hora de adquiri-la”, diz ele, “mas se for para deixá-la ociosa, guarde o dinheiro”. O mesmo raciocínio vale sobre abrir frentes de negócio. Se forem garantir a sobrevivência da empresa ou levá-la à liderança do setor, será hora de investir. E as taxas de juros? Se o investimento proporcionar um ganho maior, que compense a taxa de juros, vá em frente. Do contrário, não entre numa dívida que provavelmente comprometerá o seu caixa. “Se você visa a um retorno rápido, busque crédito rápido com pagamento também rápido”, aconselha Fábio Pina, assessor econômico da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo). Caso o investimento tenha como objetivo retorno para médio ou longo prazos, o mesmo deve acontecer com o tipo de financiamento. O ideal não é pagar empréstimo para sobreviver, mas para sair de uma posição para chegar a outra melhor no futuro.
5. Quanto de fundo de reserva devo ter na minha empresa, tendo em vista emergências?
Muitas empresas quebraram durante a pandemia porque não tinham uma reserva financeira para suportar o período em que os negócios ficaram praticamente paralisados. Ter um colchão que permita manter as contas em dia por um determinado período deve ser uma das prioridades para enfrentar não só momentos de crise, mas também para cobrir despesas inesperadas, como o conserto de um equipamento. Ou até mesmo poder apostar em estratégias de crescimento. Também ajudará você a ter mais tranquilidade para lidar com possíveis oscilações do seu fluxo de caixa e ficar menos dependente de empréstimos. “É razoável ter o equivalente a três vezes o valor da estrutura de custos do negócio e mais duas vezes a necessidade de capital de giro”, orienta Barros, do Ibmec. Para Tales Andreassi, da FGV, a reserva não precisa ser exclusivamente de dinheiro guardado no banco: “Pode ser algo em que você investiu e que consiga fazer dinheiro rápido diante de uma necessidade” – um carro, um imóvel ou um terreno, por exemplo.
6. No setor de energia, há chance de retornar a bandeira vermelha?
O risco sempre existe, pois está diretamente ligado às condições climáticas. “Vai depender de como estarão nossos reservatórios de água no próximo ano”, afirma Tales Andreassi, da FGV. “Se estivermos produzindo mais energia do que consumindo, a situação será tranquila; caso contrário, será preciso se preocupar e incluir um possível aumento na conta de luz no planejamento financeiro para o próximo ano.” O sistema de bandeiras vermelha, amarela e verde foi criado em 2015 pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para cobrar tarifas adicionais. No caso da bandeira vermelha, existem dois níveis de preços: no patamar 1, é cobrado R$ 6,50 a cada 100 quilowatts consumidos; no 2, para cenários mais graves de escassez de água, esse valor sobe para R$ 9,79. O aumento ocorre devido à necessidade de utilização de outras fontes de geração de energia, como a de usinas termelétricas, que têm custo mais elevado de produção e poluem mais o ambiente. Além de refletir o custo real da geração de energia, serve como uma forma de conscientizar as pessoas em relação ao consumo.
7. Com a desaceleração da inflação, devo reduzir preços ao consumidor?
Muitos empreendedores costumam fazer promoções assim que surge no horizonte a possibilidade de uma queda na inflação. Pode parecer um raciocínio lógico, especialmente se a ideia é aproveitar a oportunidade para alavancar as vendas, mas a estratégia pode trazer mais problemas do que bons resultados. “Essa decisão tem que estar ligada a uma análise da oferta e da demanda”, alerta Fábio Pina, da FecomercioSP. “Mesmo em momentos de desaceleração da inflação, há pessoas que não buscam descontos e estão dispostas a pagar o preço cheio.” Além de reduzir a margem de lucro, o desconto dado sem critério ou mal calculado pode impactar negativamente a marca de um produto e levar o cliente a questionar sua qualidade. Outro efeito é criar no consumidor o hábito de esperar por novas promoções durante todo o ano, o que é inviável para a sustentabilidade de qualquer negócio. Nesse caso, fica mais difícil aumentar o preço de um item quando for necessário, pois o cliente tenderá a não querer pagar o valor maior no futuro. Uma alternativa à redução de preços pode ser incluir brindes aos produtos ou mesmo oferecer serviços complementares, que aumentam o valor percebido.
8. Em que momento devo contratar mais pessoas?
“O critério é saber qual a sua capacidade”, responde de bate-pronto Davi Jerônimo, consultor de negócios do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). “Se você vai crescer 20% e sabe que não conseguirá oferecer um atendimento de qualidade com a equipe atual, então precisará contratar”, exemplifica. O desafio será encontrar talentos prontos para assumirem as vagas. Como há uma lacuna no mercado principalmente para cargos técnicos e de liderança, a solução será investir em treinamento – o que representa um custo a ser previsto no orçamento para o próximo ano. “O conceito de atrair e reter pessoas foi substituído pela alocação de talentos”, afirma Salum, da Fundação Dom Cabral. “Você tem que achar esse recurso humano em qualquer lugar do planeta e disponibilizar alternativas, como trabalho à distância ou aderir ao modelo híbrido”, diz. Essa é outra mudança que precisa ser considerada: muitos profissionais recusam ofertas de emprego hoje porque as empresas resistem em oferecer formas mais flexíveis de trabalho, como o home office. Caso decida rever essa postura, o empreendedor terá que adotar sistemas de monitoramento, criar formas de difundir os valores da organização e estimular o trabalho em equipe.
9. Quando vale contratar vendedores temporários?
Antes de sair contratando pessoas para aumentar a equipe, certifique-se de ser algo realmente necessário. A decisão só fará sentido se estiver previsto no planejamento financeiro um crescimento do negócio que a justifique, pois haverá um impacto na folha de pagamento. “O empresário não pode se dar ao luxo de ter um colaborador ocioso, mesmo que por um período menor”, diz Jerônimo, do Sebrae, “daí a importância de saber avaliar o momento e os picos sazonais de demanda”. Considere se haverá ou não aumento da carga de trabalho e se os novos projetos previstos podem exigir uma equipe maior, mesmo que temporariamente. Em seguida, faça as contas para conhecer os custos envolvidos e ter certeza de que existirão recursos disponíveis. Se a contratação for importante para suportar o aumento das vendas em datas especiais, como Natal, Dia das Mães, dos Pais e dos Namorados, então ela deve ser feita, mas sempre visando ao maior retorno financeiro. Avalie também a possibilidade de terceirizar algumas atividades e a aquisição de tecnologias para automatizar a realização de tarefas repetitivas, que tomam tempo das pessoas. Assim será possível realocá-las para as atividades mais estratégicas e importantes.
10. O que podemos esperar do desempenho do comércio?
Depende do segmento em que você atua. “A tendência é termos uma desaceleração gradativa no segundo semestre e entrarmos em 2024 com uma taxa de crescimento mais baixa”, afirma Pina, da FecomercioSP. “Quem lida com produtos de baixo valor deverá ter um ano melhor do que aqueles que vendem produtos mais duráveis.” Diante de cenários nebulosos, o brasileiro costuma fazer ajustes: por exemplo, em vez de comprar um carro zero, opta por um seminovo. Por essa razão, é tão importante conhecer seu setor de atuação, seu consumidor, se ele está ou não endividado e se existem ameaças externas. “A concorrência do pequeno comércio não é mais a lojinha do lado”, diz ele, “pode estar em qualquer lugar dos Estados Unidos ou da Europa”. Grandes marketplaces, como Shopee e Shein, que têm conquistado os consumidores com preços baixos, continuarão atrativos para quem prioriza a economia.
11. Devo aguardar a queda dos juros para tomar crédito?
Fugir das altas taxas de juros é uma espécie de mantra que deve ser seguido por quem empreende. Pesquisar as várias opções do mercado antes de assinar o contrato de financiamento também. O risco de esperar além do razoável para buscar crédito é não aproveitar uma oportunidade, não se modernizar e perder competitividade em relação à concorrência. Embora as taxas de juros estejam caindo, o ritmo é lento. “Essa tendência deve se manter para 2024, o que ajuda a fazer um planejamento com números próximos da realidade”, diz Davi Jerônimo, do Sebrae. Não deverão ocorrer mudanças drásticas. Portanto, se existir urgência, é hora de arriscar. Considere que o PIB deverá crescer pouco e a taxa de desemprego se manterá estável. Não é o ideal, mas essa perspectiva contribui para que as pessoas consumam um pouco mais e movimentem a economia. Continuará sendo difícil também antecipar recebíveis. “A taxa subiu de 1,2% para 3%, e pegar dinheiro para capital de giro ainda será algo caro”, diz Salum, da Fundação Dom Cabral.
12. É arriscado tomar um empréstimo para fazer investimentos?
“O financiamento sempre vai valer a pena se o ganho for maior do que os juros que a pessoa terá que pagar”, diz Iavelberg, da Blue Numbers. Como as taxas de juros estão caindo, os riscos também diminuem. Você deve ter bem claro os motivos para buscar crédito. Quais são as prioridades e os objetivos? O ideal é que esse recurso seja bem investido, como na aquisição de novas tecnologias, na expansão dos negócios ou em inovação. “O risco maior está justamente em não investir no futuro e ter que enfrentar novos concorrentes que entram no mercado mais preparados e com produtos e serviços mais competitivos”, diz Andreassi, da FGV. Há uma série de linhas oficiais de fomento com juros bem mais baixos do que os praticados pelos bancos tradicionais: BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Pronampe (Programa de Apoio à Pequena e Média Empresa) e o Proex (Programa de Financiamento às Exportações), este destinado a empresas que exportam ou produzem bens destinados ao mercado externo.
13. Quais são as perspectivas para o setor de serviços?
O setor terminou o primeiro semestre deste ano com uma alta de 4,7% em sua atividade econômica, segundo dados do IBGE. Para 2024, esse cenário de alta deverá mudar. “As pessoas estão pisando no freio e, emocionalmente, não vão querer consumir projetos de consultorias e serviços”, diz Salum, da Fundação Dom Cabral. Ele avalia, no entanto, que alguns segmentos terão uma demanda maior no próximo ano, como o de turismo e o de logística. “Embora a queda da Selic tenda a permanecer pequena em 2024, os setores de crédito imobiliário e de veículos se beneficiarão, assim como os segmentos de serviços que os atendem”, afirma Tales Andreassi, da FGV. Essa cadeia é composta pelos setores de design, decoração, terraplanagem, elétrica, hidráulica, locação de equipamentos, corretoras e empresas de avaliação de crédito e de risco, entre outros. Negociar contratos com duração maior ajuda a garantir preços mais vantajosos.
14. Como devo preparar o estoque para eventuais vendas maiores?
Invista em tecnologias para um melhor gerenciamento. Algumas delas permitem o monitoramento em tempo real das mercadorias, o que ajudará a tomar decisões com maior agilidade para a empresa não ficar desabastecida. Negocie uma redução no prazo de entrega dos fornecedores, pois, quando a demanda é crescente, o estoque pode ficar reduzido e você corre o risco de perder vendas. Jerônimo, do Sebrae, recomenda que o empreendedor coloque em prática o conceito de curva ABC, que divide os produtos de acordo com a sua relevância. “Invista em produtos com grande possibilidade de saída rápida, que fazem parte do grupo A”, diz ele. “Lembre-se de que, em geral, 20% dos clientes compram até 80% dos produtos, e eles merecem mais atenção.” Para aumentar as vendas do grupo B e transformá-los em A, faça campanhas de vendas, promoções e degustações para atrair o público e despertar seu interesse. Os do grupo C devem merecer menos atenção, já que não são o carro-chefe das vendas e não terão o mesmo impacto dos demais nos resultados.
15. O que devo esperar da reforma tributária?
Uma das principais propostas é consolidar num único imposto os cinco tributos que atualmente incidem sobre produtos e serviços no Brasil: Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social), IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), ISS (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza) e PIS (Programa de Integração Social). A mudança será gradativa e levará oito anos, de 2026 a 2033. “Muitos empreendedores não observam a agenda de Brasília e ignoram o efeito das tomadas de decisão que ocorrem por lá”, enfatiza Salum, da Fundação Dom Cabral. “Se a reforma tributária for aprovada sem a mudança que o Senado deve fazer no texto base enviado pelos deputados, o prestador de serviços mudará sua faixa de contribuição: quem está no regime tributário do lucro presumido de 15%, por exemplo, pode ir para 25%, o que impactará a precificação do seu serviço”, exemplifica. Alguns setores deverão pagar mais impostos, ao mesmo tempo em que outros poderão sofrer uma diminuição. O texto da reforma tributária foi aprovado em julho pela Câmara dos Deputados em Brasília, passou pelo Senado Federal em novembro e deve ser novamente votado pela Câmara.
FONTE PEGN