A CSN Mineração, subsidiária da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), vai investir R$ 15 bilhões em Minas Gerais no período entre 2024-2027. A maior parte do aporte, R$ 8 bilhões, será destinada à construção de uma nova planta de beneficiamento de minério de ferro no complexo de Casa de Pedra, em Congonhas, na região Central, que promete ser um marco para a empresa.
A mineradora já investiu mais de R$ 2 bilhões no projeto e comprou todos os equipamentos. As obras terão início em 45 dias. Durante as intervenções, serão geradas 4 mil vagas de emprego temporário. Após entrar em funcionamento, a instalação industrial vai empregar, de forma definitiva, 1,5 mil colaboradores, aumentando em cerca de 20% o número de funcionários da companhia no Estado. O empreendimento deverá começar a operar no último trimestre de 2027.
Em entrevista exclusiva ao Diário do Comércio, o diretor de Investimentos da CSN Mineração, Otto Alexandre Levy Reis, destaca que a unidade produzirá pellet feed, um minério sustentável e de alto teor. Quando estiver em plena operação, prevista para o meio do ano de 2028, a planta, nomeada Itabirito P15, terá uma capacidade de produção de 16,5 milhões de toneladas anuais.
Conforme ele, o material possibilitará que as siderúrgicas produzam aço sem emissão de carbono, usando hidrogênio. As usinas do grupo CSN receberão uma fatia do volume fabricado, mas a maior parcela será direcionada à siderurgia japonesa, com quem a mineradora fechou um acordo para a compra de metade da fabricação. O Oriente Médio também estará na lista de clientes. A CSN Mineração é a segunda maior exportadora de minério de ferro do País, atrás apenas da Vale.
Outro ponto é que, na produção, a companhia reaproveitará um minério de baixo teor que está estocado, acabando com as pilhas existentes e reduzindo a geração de poeira, para fabricar um material de altíssimo teor. O dirigente diz que o novo produto terá entre 67,5% e 68% de teor, nível superior ao encontrado em Carajás (67%), considerado o de melhor qualidade do mundo.
Com o reaproveitamento, a vida útil de Casa de Pedra será estendida por mais de 25 anos, indo além de 2080, de acordo com o diretor de Investimentos. “Sempre existe uma preocupação da população de como será quando acabar o minério? Com essa nova tecnologia, estenderemos a vida útil da mina”, salienta Reis. “Quando fazemos isso, não estamos somente gerando mais empregos na região, mas também estamos garantindo os empregos atuais”, enfatiza.
A atual planta da CSN Mineração em Congonhas produz em torno de 32 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, porém, não fabrica pellet feed. Ele afirma que, para o futuro, a mineradora planeja converter a unidade para produzir o mesmo tipo de produto da Itabirito P15.
Impactos da nova planta na cidade e no Estado
O empreendimento que será construído na Casa de Pedra beneficiará o município, as regiões vizinhas e o Estado. Reis ressalta, por exemplo, que todo equipamento adquirido para a planta gera Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para Minas Gerais.
Ao mesmo tempo, ele salienta que, quando estiver operando, a unidade aumentará a arrecadação de Congonhas em 70% com o pagamento da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem). “Apenas nos últimos 18 meses, pagamos R$ 730 milhões de Cfem ao município”, diz.
O dirigente evidencia que os royalties da mineração e os impostos que são destinados à prefeitura e ao governo estadual ainda deverão retornar para a população em forma de prestação de serviços públicos. Ele também reitera que tanto a cidade quanto o entorno vão se beneficiar com um aumento da massa salarial dos moradores e com a elevação de compras no comércio local.
Investimentos em equipamentos, veículos e descaracterização de barragens
Do montante que a CSN Mineração pretende aportar em Minas Gerais no quadriênio, cerca de R$ 3,5 bilhões serão destinados para a compra de equipamentos e veículos. À reportagem, o diretor de Investimentos explica que a empresa vai adquirir caminhões maiores para a nova planta, que permitirão economia de combustível e redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). Adicionalmente, gastará parte do valor em novas escavadeiras e perfuratrizes para uso na mina.
A outra metade da cifra será para descaracterizar barragens. Segundo Reis, a companhia está investindo em concentradores magnéticos de alta intensidade para reprocessar os rejeitos e desconstruir as estruturas existentes. Duas já foram descaracterizadas. Em 2023, a empresa concluiu as obras civis para descaracterização da barragem do Vigia, que estará descaracterizada perante os órgãos reguladores após o período de monitoramento obrigatório de dois anos.
O programa de descaracterização da mineradora prevê a eliminação de todas as barragens, independentemente do método construtivo, o que inclui a de Casa de Pedra, de método a jusante e sem obrigação legal de ser descaracterizada. “Estamos em discussão com o poder público sobre como será feita. Estamos explicando para eles que, embora a gente não precise fazer, queremos e vamos apresentar os estudos e um cronograma de quando vai acontecer”, sublinha o dirigente.