E a nossa viagem pelo norte de Minas Gerais continua…
Imagine um lugar mágico… Daqueles que impressionam qualquer um… Um pedaço do mundo que você se sente minúsculo frente a uma imensidão de beleza de tirar o fôlego. Pois é, foi assim que me senti ao chegar ao Parque Nacional Cavernas do Peruaçu.
O parque, que há muitos anos estava na minha lista de “lugares que ainda vou conhecer”, superou todas minhas expectativas.
O dia começou cedo. Saímos de Januária e seguimos a rota do Circuito Turístico Velho Chico. Desta vez, nosso destino foi o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. O parque, que pertence aos municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões, é a grande atração da região.
Combinamos de encontrar com a Camila, a condutora de turismo que iria nos acompanhar, no distrito de Fabião, um pequeno lugarejo de aproximadamente 700 moradores que pertence à Januária e é puro sossego.
O distrito recebeu este nome por causa de um fazendeiro chamado Fábio, que era dono de todas essas terras da região. O tempo passou, mas o distrito segue na mesma tranquilidade. É um daqueles lugares que a gente nem vê a vida passar.
Chegando lá, encontrei uma das guias de turismo mais simpáticas que já conheci, super gente boa, animada e apaixonada pelo Peruaçu. Entre um papo e outro, além do parque, a Camila me falou sobre os personagens, os sabores e os artistas da região.
Claro que fiz questão de conhecer alguns deles. Apertamos o passo e lá fomos nós. Afinal, também precisávamos de tempo para explorar, ao máximo, o famoso Parque.
O primeiro personagem que conheci por lá foi o seu Getúlio, um ex-minerador que hoje é guia de turismo e um dos grandes protetores do parque. Em um papo gostoso ele me contou um pouco de suas experiências de vida, como se encantou por este novo mundo e se tornou um defensor da natureza da região.
A vontade era passar horas numa prosa tranquila com o seu Getúlio. Mas a gente tinha que apressar o passo porque, pelo que me disseram, a gente tinha muito o que descobrir por ali.
Um lugar como este, claro, inspira qualquer um. E foi falando sobre inspiração que a Camila nos contou um pouco da história da Vanusa, uma ceramista que adora moldar, no barro, o que ela vê por ali. Animais e indígenas são a sua grande paixão.
Seguimos, então, em busca da Vanusa, na comunidade do Janelão. E foi na beira do rio que batemos um papo com ela, que nos contou como toda aquela região influencia sua arte e seus sonhos. Foi uma delícia ver esta artesã dando vida a obras singelas, mas de grandes significados.
Bem, e se este lugar inspira a arte, imagina a gastronomia. Quando a fome bateu, a Camila nos levou para conhecer a cozinha sertaneja da Associação Professora Ana Maria, que também fica na região. Lá conheci mulheres que encantam pelos saberes de uma cozinha raiz, uma cozinha tradicional, cheia de lembranças e histórias.
E foi a Lourdes quem preparou o famoso e tradicional peixe seco com abóbora. O peixe é uma delícia, uma receita de avó barranqueira, com tempero de lembranças e cheio de emoção. Impossível não voltar à cozinha de outros tempos da família da Lourdes. O fogão a lenha, as risadas, as lembranças e o temperinho fazem este peixe ser mais delicioso ainda.
Energias recarregadas e lá fomos nós rumo a uma das grandes joias do nosso estado: o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. A poucos quilômetros do distrito, o parque é uma unidade de conservação criada em 1999.
No total, são 11 atrativos abertos ao público, distribuídos em 56 mil hectares. Pra você ter uma ideia, corresponde a duas Belo Horizontes, ou seja, o parque é enorme!!!
Impossível conhecer tudo em apenas um dia. Resolvemos, então, conhecer um dos circuitos mais famosos, o circuito da Gruta do Janelão.
E se a Camila já tinha me deixado encantada com as histórias e personagens que me apresentou até então, quando chegamos no parque o meu encanto multiplicou. Cada árvore, cada bichinho escondido entre as folhas, cada pegada, cada pintura rupestre, era um novo universo que se abria, cheio de histórias e detalhes. Cada um mais apaixonante que o outro.
Já tinha visto muitas fotos, reportagens e vídeos sobre o Peruaçu, mas nada, nada mesmo, se equipara ao que vivi aqui. A sensação que temos quando entramos no parque é que somos transportados para outro mundo.
Nosso objetivo era chegar no famoso Janelão e na “perna da bailarina”, a maior estalactite do mundo, segundo o Guiness Book. Mas no caminho os encantos eram diversos: 4 claraboias incríveis, uma delas, e a que me chamou mais atenção, em formato de coração, o rio Peruaçu que passa dentro da gruta, uma ponte que liga as cidade de Januária e Itacarambi e por aí foi…
E depois de uma caminhada incrível, chegamos ao famoso Janelão.
Lá também se localiza a famosa “perna da bailarina”. E, aos seus pés, um quadro comparativo mostrando a dimensão desta estalactite… Dá uma olhada no nosso tamanho perto dela. Somos minúsculos perto da perna da bailarina.
Caminhar pelo Parque Nacional do Peruaçu foi uma daquelas experiências inesquecíveis. Uma joia do nosso estado, um patrimônio de todos nós…
FONTE R7