Guardião da arte em pedra sabão

O mestre canteiro é um profissional habilidoso que trabalha com pedra, especialmente na escultura e na construção. Em “Congonhas do Campo”, um dos nomes mais notáveis nesse ofício foi o mestre Tomás da Maia Brito, conhecido por sua contribuição significativa na construção do adro do Santuário do Senhor Bom Jesus.

A pedra sabão: material e ferramentas

A pedra é uma rocha macia e fácil de esculpir composta principalmente por talco e minerais de mica, é conhecida por sua textura suave e capacidade de reter o calor. Essa característica a torna um material popular para diversas aplicações, incluindo a criação de esculturas que adornam muitas igrejas barrocas em Minas Gerais.

Os mestres canteiros utilizavam uma variedade de ferramentas especializadas para esculpir e dar forma à pedra sabão. Entre essas ferramentas, destacam-se:

  • Formões: usados para esculpir e dar forma à pedra, permitindo cortes e detalhes precisos.
  • Escopros: empregados para remover grandes áreas de pedra, especialmente em trabalhos de escultura em alto-relevo.
  • Grosas: ferramentas abrasivas que suavizam e dão acabamento à superfície da pedra.
  • Prensa de rosca: utilizada para fixar a peça de pedra-sabão durante o trabalho.
  • Serrotes: empregados para cortar pedaços maiores de pedra antes de iniciar a escultura.
  • Martelos: usados para bater nos formões e escopros, auxiliando na precisão da escultura.
  • Cinzéis: utilizados para detalhes mais finos e cortes precisos.
  • Brocas: empregadas para fazer furos na pedra-sabão, seja para fixações ou para criar aberturas decorativas. O grande mestre

Tomás da Maia Brito desempenhou um papel importante na construção do Santuário do Senhor Bom Jesus em Congonhas. Iniciando seu trabalho ao lado de Feliciano Mendes, ele exerceu várias funções, incluindo pedreiro, mestre de cantaria e encarregado da escrituração, durante a gestão de Inácio Gonçalves Pereira, administrador do Santuário. Com sua vasta experiência no conhecimento da pedreira, na escolha da pedra, transporte adequado e trabalho de acabamento, Tomás se destacou como líder e artesão de excelência.

Em 1766, Custódio Gonçalves de Vasconcelos contratou Tomás, junto com Domingos Antônio Dantas e o arquiteto mestre de pedreiro e canteiro Francisco de Lima Cerqueira, para realizar as obras de acréscimo das duas torres com campanários, onde seriam acomodados os sinos.

A construção do adro da Basílica

Em 1777, Tomás da Maia Brito e seus oficiais foram encarregados da construção do adro do santuário. Enormes pedras-sabão eram selecionadas e transportadas em carroças e carros de bois até o alto do morro Maranhão. Os escravos descarregavam a carga e preparavam as pedras para serem cortadas e emparelhadas antes de serem assentadas. A habilidade e a técnica de Tomás na esculpir essa pedra de maneira a criar peças intricadas e belas foram fundamentais para a ornamentação do santuário.

Após a morte de Inácio Gonçalves Pereira, no final de 1790, Tomás assumiu a administração do Santuário. Durante a gestão do terceiro ermitão, ele foi responsável pelas anotações no “Livro de Despesas do Santuário”. Com seu talento e liderança, contribuiu para a construção de um dos mais importantes monumentos religiosos de Minas Gerais, mas também deixou uma marca permanente na história da arte em pedra-sabão.

Domingos T Costa

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