A Vero Internet acaba de levantar R$ 900 milhões com uma debênture que vai refinanciar dívidas de curto prazo e acelerar a expansão do ISP para novas cidades e capitais, onde a empresa quer desafiar as gigantes da telecom.
A captação – a segunda da Vero este ano depois de uma emissão de R$ 725 milhões em debêntures incentivadas em março – foi dividida em quatro séries.
A primeira série, de 5 anos e a NTN-B + 1,65%, levantou R$ 163,3 milhões, e é a única que não é incentivada.
A segunda série, de 7 anos e NTN-B + 1,65% (com limite de 7,65%), captou R$ 259 milhões.
Já a terceira, de 7 anos (carência de 3) a CDI + 1,65% (com um limite de 13,65%), captou R$ 208,4 milhões.
A quarta, de 10 anos, carência de 4, e com a mesma remuneração da terceira, captou R$ 269,3 bilhões.
O CEO Fabiano Ferreira disse que a captação vai ajudar a empresa a aumentar o prazo média de sua dívida de 4,2 anos para 5,4 anos, além de diminuir em dois dígitos baixos sua despesa financeira.
Do total captado, 25% vão para o alongamento de dívidas existentes, e o restante vai para o capex de expansão.
Hoje a Vero atua em 420 municípios de nove estados, além do Distrito Federal. “Temos mais de 3.000 municípios para explorar somente nesses estados,” Ferreira disse ao Brazil Journal.
Depois de crescer somente no interior, a Vero agora está dando seus primeiros passos em capitais. No mês passado, estreou em Belo Horizonte e Goiânia.
Como estes são mercados já bem ocupados por gigantes como Vivo, TIM e Claro (e portanto demandam investimentos massivos em marketing), a Vero está primeiro colocando o pé para saber a temperatura da água: em vez de colocar rede própria, está alugando a rede da V.tal, controlada pelo BTG.
“Para colocar a própria rede tem que valer muito a pena, então estamos sentindo esse início de atuação nas capitais. Mas as primeiras semanas foram de recordes para nós,” disse Ferreira.
Segundo o executivo, o dinheiro captado é suficiente para bancar a expansão orgânica até o final de 2025, mas a empresa pode voltar ao mercado de dívida se surgirem oportunidades de M&A.
Em julho, a Vero se fundiu com a Americanet criando um ISP com receita de R$ 1,6 bilhão e 1,3 milhão de assinantes, passando a liderar o segmento de ISPs independentes juntamente com a Aloha Fibra, controlada pela eB Capital.
Com a fusão, a Vero passou a ter em sua composição acionária gestores como Vinci Partners, Warburg Pincus e Invest Tech.
Ferreira disse que há mais conversas acontecendo e que novos anúncios podem acontecer ano que vem – mas disse que serão negócios bem menores do que o anunciado com a Americanet.
O IPO continua sendo uma intenção para uma próxima janela, mas o executivo disse que não está satisfeito com os múltiplos que os setores estão negociando.
Enquanto as grandes operadoras estão negociando a 5,5x EBITDA, os ISPs menores estão no patamar de 5x.
“Mas lá fora, empresas como a nossa estão avaliadas a múltiplos acima de 9x,” disse Ferreira.
Nos últimos 12 meses terminados em junho, a Vero reportou um EBITDA ajustado de R$ 850 milhões e uma margem EBITDA de 52%.
Já o EBITDA ajustado menos o capex ficou em R$ 454 milhões no mesmo período – com a margem chegando em 17%.
Segundo o CEO, trata-se de um número recorde dentro do setor, e a Vero quer mostrar ao mercado que a empresa “sempre teve disciplina financeira.”
O BTG Pactual foi o coordenador-líder da emissão, num sindicato que incluiu ainda XP, UBS BB, Santander, Itaú BBA e ABC Brasil.