Segundo as investigações, suspeitos teriam reagido à abordagem e optaram por atirar no policial
O medo da abordagem policial pode ter sido a causa do assassinato do cabo Rafael Delgado, em 28 setembro deste ano, em frente a uma casa noturna no bairro Santa Terezinha, na região da Pampulha. O inquérito que investigou as circunstâncias do crime foi apresentado pela Polícia Civil de Minas Gerais, nesta terça-feira (22) e revela que os suspeitos, que já tinham diversas passagens, reagiam à investida do policial.
“Os dois cabos estavam curtindo a noite de folga, aproveitando que o policial que morreu havia ficado solteiro há duas semanas. Eles estavam bebendo desde às 22h da noite anterior e, na porta da boate em questão, ele foi alvejado após fazer a abordagem nos autores, que estavam de armados”, informou o delegado Lucas Nunes, responsável pelas investigações.
Segundo o apurado, poucos minutos depois que a dupla de PMs havia chegado, o carro usado pelos suspeitos chegou na boate.
“O carro dos suspeitos estava com defeito no para-barro, e eles pararam em frente a boate. Um dos suspeitos desceu e foi verificar. O cabo Rafael estranhou a atitude e foi questionar a situação. Ao se aproximar do carro, o PM visualizou uma arma de fogo e se afastou do carro, mas o motorista disparou e o atingiu”, detalhou o delegado.
Por imagens obtidas pelo circuito de segurança do local é possível ver que o outro PM não reagiu aos disparos. Ele levantou os braços para mostrar que não estava armado. De acordo com depoimento prestado por ele, na condição de testemunha, ele teria entrado em choque e por isso não reagiu.
“Após o crime, ele alega ter saído para procurar os suspeitos pela região, mas foi parar na casa de uma ex namorada e foi trocar o pneu do carro que foi atingido por uma bala. Quando estava la, ele pediu que a mulher o levasse a cena do crime”, completou.
Pela quebra de sigilo telefônico, a polícia identificou três ligações para 193 e depois uma conversa com outro policial, que estava na região, e pediu que ele retornasse. Com relação ao estado de choque, o policial, apesar de ter cerca de 15 anos de profissão, alega compôr o setor administrativo e não ter muita experiência no operacional.
As prisões
A dupla de suspeitos fugiu logo na sequência do crime. Antes de seguirem fuga em direção à Três Marias, eles teriam deixado a arma na casa de um comparsa, que foi preso por posse ilegal.
Depois, eles foram abordados em Três Marias, onde um foi preso. Já o outro foi até Corinto, onde parou depois que o veículo que ele dirigia deu defeito.
“Ele ficou escondido em uma mata e contou com ajuda de populares que não sabiam do crime. Ele também recebeu ajuda de duas parentes que foram presas por favorecimento pessoal ao suspeito”, informou o delegado.
Dias depois, a população chamou a polícia, que fez a prisão do homem.
“Os dois autores vão responder por homicídio triplamente qualificado, por ter sido uma emboscada, ter sido contra uma autoridade e por assegurar vantagem sobre outro crime”, finalizou.
Eles já tinham passagens por tráfico de drogas e lesão corporal.
O PM está respondendo a um inquérito dentro da Polícia Militar. Na Polícia Civil ele foi liberado por não ter provas contra ele.
FONTE O TEMPO