Um casarão assombrado. Um abandono que vem de décadas e macula a preservação do patrimônio histórico de Lafaiete (MG). O casarão, tombado pelo município, em 2002, conhecido como “Casa da Remonta”, que durante anos ele serviu para abrigar inúmeras pessoas, delegações, recepções e reuniões, se contrasta com um cenário de total abandono e precarização e omissão. O telhado contem infiltrações e goteiras, o assoalho tem buracos, há trincas e rachaduras nas paredes, portas e janelas quebradas, risco de desmoronamento e em estado avançado de deterioração. O imóvel fica aberto com risco de invasão e cercado pelo mato e sujeira. A casa de Hóspedes da Remonta necessita de um estudo técnico para sua avaliação estrutural.
Em 2018, uma comissão de vereadores concluiu que diante da precariedade do local, a falta de controle de responsáveis da manutenção e segurança do casarão, desde 2010, eles não conseguiram apontar os destinos dos objetos furtados/extraviados que guarneciam o imóvel. Diversos Boletins de Ocorrências foram registrados por furtos no local nos últimos anos. Na verdade o abandono permitiu a ação de desfalque total do casarão, muito bem mobilizado, como camas, vasilhames, móveis, mesas, roupas de camas, vasos, lustres, pia, maçanetas e fiação, etc. A Casa dos Hóspedes da Remonta é o símbolo lafaietense do descaso e da irresponsabilidade com a coisa pública e abandono com o patrimônio histórico.
A utilização da Casa da Remonta é fruto de um termo de cooperação firmado em 2014 entre o Município e o Exército no qual é de responsabilidade da prefeitura a sua manutenção como do Tiro de Guerra e suas atividades como também de casas existentes que servem de moradia para o Exército. A Remonta poderia ser usada desde que sua manutenção fosse custeada pelo município, conforme prevê o termo.
Em setembro de 2016, a Defesa Civil solicitou a interdição parcial do local e o diante do abandono o Exército suspendeu seu uso pelo município. Durante vários, o Exército alertou a prefeitura sobre a situação da Casa de Hóspedes, sem manutenção ou segurança solicitando providências. O que se conclui em que ao longo da última década houve um jogo de “empurra-empurra” entre as gestões sobre a responsabilidade pelo zelo na atual condição que o patrimônio se encontra. Como um bem tombado os sucessivos governos se omitiram em zelar pelo bem.
Há menos de 2 anos, o então secretário de Cultura, Geraldo Lafayette, conseguiu a reforma do telhado.
Um pouco da história
Esse casarão localiza na Rua Quintino Bocaiuva esquina com Marechal Deodoro, no Bairro Santa Matilde (parte conhecida como Remonta). Ele epresenta um dos exemplares das construções do início do século XX.
O nome, “Casa dos Hóspedes! foi porque ali ficou hospedado o Governador de Minas em 1926. Durante a Administração do prefeito Vicente Faria (entre 1997 a 2004),em parceria com o Exército, o município passou a ser tutor do espaço, zelando pela manutenção. Durante Administração do prefeito Dr. Júlio (2005-2008), algumas pessoas ficaram hospedadas nesses casarão, e entre elas a Dona Helena Dos Santos (falecida no Rio de Janeiro em 23/10/2005), que nasceu em Queluz de Minas, atual Conselheiro Lafaiete, em 1923,e foi uma das compositoras do Cantor Roberto Carlos.
Obra ricamente construída, a denominada Casa de Hóspede, em estilo aproximado ao neo-clássico e de linhas harmoniosas e arrojadas para uma propriedade rural daquela época em nossa região, tendo sido, durante um certo período, casa de veraneio do Governo de Minas, tendo se hospedado ali, quando de sua visita a Conselheiro Lafaiete, o presidente do Estado Dr. Melo Viana, que veio com a missão de inspecionar as minas da Jurema. Posteriormente, o Governo Federal, através da diretoria da Remonta do Exército, adquiriu o imóvel, reformando o e fazendo ali a residência oficial do Comando da Caudelaria até a sua extinção em novembro de 1959.
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