Evento terá nove dias de programação gratuita; público pode acompanhar atividades de forma presencial e online
Depois de dois anos em formato online, a Mostra de Cinema de Tiradentes retorna ao seu lugar de origem, ocupando praças, ruas e outros vários espaços da cidade histórica mineira que dá nome ao evento. Entre esta sexta-feira (20) e o próximo dia 28, a mostra trará uma programação robusta e gratuita. Ao longo de nove dias, serão exibidos 134 filmes (38 longas-metragens, três médias e 93 curtas) de 19 Estados brasileiros em 57 sessões.
Um dos curadores da mostra, Francis Vogner Reis destaca a alegria de retornar ao formato presencial. “A nossa expectativa é muito grande, porque foram dois anos de pandemia em que a gente teve que se reinventar no modo online. No final das contas, deu tudo certo, tivemos grandes apresentações e os filmes foram exibidos. Mas o festival tem uma dimensão muito importante, que acredito ter sido o que tornou Tiradentes famosa, em relação à convivência, ao encontro. Nesses anos todos, estar em Tiradentes, acompanhar os debates, relacionar-se com público, cineastas e crítica sempre foram coisas muito intensas. Uma troca muito direta”, afirma.
Para Francis, são esses encontros, inclusive, que fazem a mostra mineira um celeiro para ideias e novos talentos. “Sempre vi coisas acontecendo lá, cineastas se conhecendo e, nos anos seguintes, fazendo projetos juntos. Jovens estudantes de cinema que começaram a acompanhar o festival e, mais tarde, aparecendo com curtas e longas na Mostra. Então, essa dimensão do presencial, do encontro, da conversa, da interlocução, faz com que todo o festival tenha essa demanda do presencial”, acredita.
Embora ganhe potência pelos encontros proporcionados, a Mostra também mantém o caráter virtual. Com a expertise conquistada nos anos anteriores de pandemia, Tiradentes se estende para o ambiente online, com a exibição de 40 filmes da programação e de debates disponibilizados para acesso gratuito, de qualquer lugar do mundo por meio da plataforma mostratiradentes.com.br.
Coordenadora geral da mostra, Raquel Hallak, explica que a decisão de manter uma programação híbrida acontece, principalmente, pelo alcance internacional conquistado pelo evento durante a pandemia.
“Queremos que esse cinema brasileiro chegue ao maior número de pessoas possíveis. Essa é uma das missões que a gente tem com o evento. Queremos valorizar e promover o nosso cinema, que muitas vezes não chega até o público, não chega às salas comerciais do próprio país”, ressalta.
Importância
É, inclusive, por esse caráter de promoção do cinema feito no Brasil, que a Mostra de Cinema de Tiradentes é tão relevante e importante para o setor. “O evento é um catalisador no sentido de ser um espaço de distribuição, de exibição e com a presença de vários profissionais”, afirma.
“É uma mostra que está consolidada como o maior evento do cinema brasileiro, com atividades de formação, exibição, difusão e reflexão. Acho que ela é necessária para esse fazer cinematográfico, por ser ter um espaço generoso de debate, de encontros, de vozes”, avalia Raquel Hallak, pontuando também a importância do evento para Minas Gerais. “É um empreendimento mineiro, que gera empregos, renda e efeitos multiplicadores na economia”, completa.
Programação
Com centenas de produções na lista e uma programação de nove dias, a Mostra de Cinema de Tiradentes se abre para todas as idades. “Quem está com a família pode aproveitar, no primeiro final de semana, a ‘Mostrinha de Cinema’, que contará com a exibição da primeira animação mineira em longa-metragem, que é o ‘Chef Jack’. Vai ter show de mágica, cortejo. Teremos também pré-estreias de filmes nacionais. Então o público vai poder conhecer, em primeira mão, o que vai ser o cinema brasileiro em 2023”, sugere Raquel Hallak.
O curador Francis Vogner Reis destaca também as mostras Aurora, que apresenta produções de cineastas iniciantes, e Olhos Livres, que traz estreias e produções de veteranos. Há ainda a Mostra Homenagem, que, nesta edição, mergulha no trabalho da dupla mineira Glenda Nicácio e Ary Rosa.
Além do cinema, Tiradentes também abre espaço para outras atividades culturais, incluindo espetáculos de música, dança, teatro, circo e literatura. “Queremos mostrar que não há uma separação entre os segmentos da cultura. O cinema está em diálogo com todas as artes. Tudo na nossa vida virou audiovisual, agora, depois da pandemia, com mais intensidade ainda”, explica a coordenadora geral. “Essa conjugação das artes em uma programação só fortalece a nossa cultura e mostra que estamos sempre atentos em assegurar esse espaço para a produção mineira na programação”, conclui.
Olhos para o futuro
Uma das principais novidades da Mostra de Cinema Tiradentes é a realização do Fórum de Tiradentes – Encontros pelo Audiovisual Brasileiro. Acontecendo durante cinco dias, de forma presencial, a proposta reunirá pessoas de diversos segmentos do audiovisual para o diagnóstico dos pontos críticos da atividade. “É um momento para o setor também poder colaborar, apresentando diretrizes e recomendações que sejam representativas da nossa demanda”, explica Raquel. ( O Tempo)