Foi questão de segundos para que a alegria do Carnaval se transformasse em tristeza para a família de Ana dos Santos, de 50 anos. Ela é mãe da estudante Luciane Marques, de 25, que morreu durante um tiroteio no Bloco do Pinico, em Rio Pomba, na Zona da Mata Mineira, na madrugada de terça-feira (4). O crime foi cometido após dois homens, que estavam no evento, se desentenderem e trocarem tiros. A vítima não tinha nenhuma relação com eles. Outras 14 pessoas também ficaram feridas na confusão.
Ana diz que este era o segundo ano que Luciane ia ao evento de Carnaval em Rio Pomba. As duas moram em Ubá, na mesma região, e a jovem estudava para tentar entrar em uma faculdade de medicina. A família está em choque com a tragédia. “Minha filha era uma pessoa carinhosa, que amava a família, religiosa, muito divertida e cheia de sonhos. Extremamente corajosa. Sempre gostou de festa e também de Carnaval, mas ultimamente estava preferindo viajar para a praia. Ela era a minha companheira”, lamenta Ana.
Amiga de infância de Luciane, a quem considerava uma irmã, Ludimilla Maranhão, de 25 anos, diz que não consegue aceitar o que aconteceu. As duas cresceram juntas, pois suas mães também são amigas. “Nós viajávamos muito, tínhamos os mesmos gostos. Sempre estava ao meu lado. A ficha ainda não caiu. É com o coração em pedaços que eu me despeço. Eu a amo demais”, lamenta.
O tiroteio começou com uma briga entre dois homens. Segundo a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), um deles sacou uma arma e atirou contra o desafeto, mas teria acertado Luciane. O tenente-coronel Erick Leal, comandante do 21º BPM de Ubá, explicou que o homem que seria o alvo dos disparos, então, sacou uma pistola Glock 9 mm, provavelmente modificada para efetuar disparos em rajadas e começou a atirar em direção à multidão.
Vídeos divulgados em redes sociais mostram o momento do tiroteio. Em um deles, gravado por uma câmera de segurança, é possível ver que foliões correm para se proteger dos tiros. As imagens revelam pessoas caindo no meio da correria. Em outras gravações, um homem carrega uma mulher e a leva para uma viatura da PM. Também há um vídeo no qual é possível ver diversas pessoas caídas no chão com ferimentos.
Ao lembrar as imagens e o que aconteceu com Luciane, a quem considerava uma sobrinha, Maria da Glória Maranhão, mãe de Ludimilla, se revolta. “Vai fazer muita falta nas nossas vidas. É revoltante saber que ela se foi por conta de um criminoso”, diz.
Família perde outro ente querido
Poucas horas depois da morte de Luciane, já na madrugada de quarta-feira (4), um primo da jovem, João Célio dos Santos, morreu em um acidente na MGC-265, enquanto voltava de Rio Pomba para Ubá, onde morava. Ele pilotava uma moto quando foi atingido de frente por um carro. Segundo o boletim de ocorrência, o motorista do automóvel admitiu ter ingerido bebida alcoólica durante o dia e se recusou a fazer o teste do bafômetro.