Para a maioria das pessoas, a luz do sol é algo natural no dia a dia. Mas imagine morar em um lugar onde os raios solares nunca alcançam diretamente as ruas. Essa é a realidade de Rjukan, uma pequena cidade na Noruega que passa boa parte do ano completamente à sombra das montanhas ao seu redor.
Durante o inverno, a escuridão toma conta da cidade, e seus moradores precisam encontrar maneiras criativas de lidar com a falta de luz natural. Mas como é viver em um lugar onde o sol nunca brilha diretamente?
Por que Rjukan nunca recebe luz solar?
Rjukan foi fundada no início do século XX como uma cidade industrial, localizada em um vale profundo e estreito cercado por montanhas. Durante o inverno, o sol fica muito baixo no horizonte e simplesmente não consegue ultrapassar as encostas íngremes ao redor da cidade. Como resultado, Rjukan fica sem luz solar direta por quase seis meses ao ano, entre setembro e março.
Essa condição extrema sempre foi um desafio para os moradores, que precisavam encontrar maneiras de compensar a escuridão prolongada. No passado, as pessoas costumavam viajar para áreas mais altas para tomar sol ou usar lâmpadas artificiais dentro de casa.

A solução criativa: espelhos gigantes para refletir o sol
Em 2013, após mais de 100 anos vivendo na sombra, Rjukan encontrou uma solução inovadora para trazer a luz do sol para a cidade: espelhos gigantes montados no topo da montanha.
Os espelhos, conhecidos como heliostatos, foram instalados a 450 metros acima da cidade e acompanham o movimento do sol, refletindo sua luz diretamente para a praça central de Rjukan. Com isso, pela primeira vez na história, os moradores puderam desfrutar de um pouco de sol durante o inverno sem precisar sair do vale.
A praça iluminada se tornou um ponto de encontro para a população, e muitos consideram o projeto um sucesso, pois ajuda a melhorar o humor e a qualidade de vida durante os meses mais escuros.
Curiosidades sobre Rjukan
- A cidade foi fundada por uma fábrica – Rjukan surgiu para abrigar trabalhadores de uma empresa de energia hidrelétrica.
- Já foi palco de uma operação da Segunda Guerra Mundial – Durante o conflito, a cidade foi alvo de sabotagens por conter uma usina ligada ao desenvolvimento de armas nazistas.
- O projeto dos espelhos custou cerca de 5 milhões de reais – Apesar do alto custo, a ideia atraiu turistas curiosos para ver a tecnologia em funcionamento.
- Ainda há moradores céticos – Alguns habitantes acreditam que os espelhos não substituem a luz solar real e preferem viajar para lugares mais ensolarados no inverno.
- A cidade tem um teleférico desde 1928 – Ele foi construído para levar os moradores até áreas mais altas para que pudessem tomar sol.
Como a falta de sol afeta a vida na cidade?
Além do frio intenso, a ausência prolongada da luz solar pode causar impactos na saúde física e mental. Muitos moradores de Rjukan sofrem com déficit de vitamina D, um problema comum em países nórdicos, e podem desenvolver depressão sazonal, um distúrbio ligado à falta de exposição ao sol.
Para compensar, além dos espelhos, os habitantes costumam utilizar lâmpadas especiais que simulam a luz natural e ajudam a manter o bem-estar durante os meses mais escuros.
Uma cidade sem sol pode ser um bom lugar para viver?
Apesar das dificuldades, os moradores de Rjukan aprenderam a conviver com a falta de luz solar e encontraram formas criativas de tornar a cidade mais habitável. A instalação dos espelhos trouxe um pouco de alívio e chamou a atenção do mundo para essa cidade única.
Mesmo sem sol direto, Rjukan continua sendo um lugar cheio de história, inovação e resiliência – um verdadeiro exemplo de adaptação humana a condições extremas.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE