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Exportações do minério de ferro de Minas Gerais recuaram 32% no primeiro bimestre

Resultado é reflexo de retração na demanda mundial da commodity, além de um cenário de incertezas no comércio internacional

A receita com as exportações de minério de ferro extraído em Minas Gerais apresentou queda de 32% no primeiro bimestre na comparação com o mesmo intervalo do ano passado. O montante recuou de US$ 2,4 bilhões nos dois primeiros meses de 2024 para US$ 1,6 bilhão no mesmo período em 2025. Especialistas apontam que o resultado é reflexo de uma retração na demanda mundial da commodity, além de um cenário de incertezas no comércio internacional.

Em volume, o Estado exportou 24,263 milhões de toneladas de minério de ferro no mesmo período. Na comparação com o ano passado, o recuo foi de 11,2%, período em que somou 27,332 milhões de toneladas. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

As vendas para a China, principal destino do minério de ferro de Minas Gerais, somaram US$ 1,3 bilhão no acumulado do ano até fevereiro, respondendo por 82% da receita total do Estado. O valor é 31,5% inferior ao apurado no mesmo período de 2024, quando alcançou US$ 1,9 bilhão.

O recuo na demanda, segundo o economista Paulo Henrique Duarte, foi puxado pelo país asiático e é resultado de uma desaceleração na economia chinesa, cujo avanço do Produto Interno Bruto (PIB) local segue em queda nos últimos anos. Somado a isso, a China estaria vivenciando uma transição de protagonismo econômico, que antes era liderado por infraestrutura e construção e hoje ganha espaço a partir do consumo interno.

Apesar do impacto significativo com a desaceleração, o especialista ressalta que a China segue como principal destino para exportações brasileiras. Segundo o Mdic, no primeiro bimestre deste ano, as mineradoras instaladas em Minas Gerais enviaram 19,699 milhões de toneladas da commodity à segunda maior economia global. O volume, no entanto, representa uma queda de 12% em relação ao mesmo intervalo do ano passado, quando totalizou 22,386 milhões de toneladas.

“Guerra tarifária” redesenha relações de comércio internacional

Outro fator de intenso impacto nas exportações de ferro em Minas Gerais são as retaliações promovidas pelos Estados Unidos, que levam a um cenário de incertezas a nível global. Para Duarte, esse cenário, que deve se permanecer nos próximos meses, dificulta negociações comerciais com países que não estão em contato direto com a maior economia do mundo, incluindo o Brasil.

Entretanto, o economista reforça que o atual contexto levará a uma série de retaliações internacionais de diversos países, que buscarão por alternativas que podem incluir novas negociações com o Brasil. “Temos acompanhado uma repactuação das relações de comércio internacional. Os Estados Unidos é um país que exporta significativamente, e, em caso de retaliação, Asia e Europa podem aumentar compra de insumos do Brasil, incluindo de minério de ferro para suprir essa demanda”, completa.

Na avaliação do presidente da Associação dos Exportadores do Brasil (AEB), José Augusto, o cenário para 2025 caminha para algo desafiador em decorrência das circunstâncias analisadas. “O cenário hoje é completamente indefinido. Existe muito estoque de minério e aço no mundo, a economia global não está em crescimento e o minério de ferro não terá força para se sobressair sem perspectiva de avanço na demanda”, destaca.

Crescimento em 2025 ainda é incerto

Para os próximos meses, segundo ele, o mercado, que movimentou US$ 29 bilhões em 2024, deve cair para US$ 25 bilhões até o final do ano. “Esperamos que o cenário melhore e que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, faça decisões técnicas e coerentes para evitarmos ainda mais desafios”, pontua.

Em contrapartida, Duarte avalia que o preço da commodity deve subir ainda em 2025, saindo dos atuais US$ 100 para US$ 140 por tonelada até o final do ano. “Apesar das incertezas, a tendência é que a economia global cresça mais este ano e que o preço se recupere em decorrência disso”, conclui. 

FONTE: DIÁRIO DO COMÉRCIO

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