Conselheiro Lafaiete, MG – Internada desde o início de janeiro em um leito de UTI no Hospital e Maternidade São José, em Lafaiete, a técnica de enfermagem Ângela Gomes, de 53 anos, oriunda de São Paulo, evoluiu de quadro grave — quando permaneceu entubada por 17 dias em fevereiro — para estabilidade clínica: ela respira espontaneamente, anda com auxílio dos enfermeiros e não faz mais uso de medicamentos contínuos. Porém, segue ocupando um leito de alta complexidade enquanto aguarda a liberação de um exame essencial para avaliar a necessidade de cirurgia de dilatação da traqueia.
Dados do sistema SUS Fácil apontam que as solicitações de vaga para exames e procedimentos podem levar horas, ou até dias, para serem atendidas, sobretudo em regiões com alta demanda e escassez de leitos . Essa lentidão burocrática mantém Ângela em uma UTI sem indicação clínica imediata, “tirando a vaga de quem está em estado mais crítico”, segundo a filha.
Por determinação judicial da Defensoria Pública de Lafaiete, foi concedida liminar para transferência de Ângela a um hospital de referência dentro de Minas Gerais que disponha de tomógrafo e equipe cirúrgica especializada em traqueoplastia. No entanto, até o momento, não foi disponibilizada nenhuma vaga pelo sistema de regulação estadual. Em casos semelhantes, a Defensoria Pública de Minas Gerais já conseguiu, em menos de 24 horas, a transferência de um recém-nascido para atendimento de urgência em UTI neonatal , o que reforça a frustração da família com a morosidade local.
Sem nenhum parente em Lafaiete, a filha de Ângela teve de alugar uma casa mobiliada para permanecer na cidade e acompanhar a mãe diariamente. “O aluguel, as contas de luz e água, e os deslocamentos diários de Uber até o hospital estão consumindo todas as nossas economias”, relata. Além dos custos financeiros, ela denuncia o isolamento emocional: “Estou sozinha, longe da minha rede de apoio em São Paulo, vendo minha mãe presa a um leito que ela não precisa mais ocupar”.
A família mantém contato com a Defensoria e a Secretaria de Saúde de Minas Gerais na tentativa de agilizar a regulação do exame e da eventual cirurgia. Paralelamente, tenta obter autorização para transferência a um hospital em São Paulo, onde teria suporte familiar e maior celeridade no atendimento. Até lá, Ângela permanece estável, mas retida em uma UTI, enquanto aguarda o próximo passo para retomar a recuperação fora de um leito de terapia intensiva.