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Como nasceu a Fanta: a trajetória curiosa do refrigerante criado na Alemanha durante a guerra que virou sucesso mundial

Pouca gente sabe, mas a Fanta, uma das marcas mais populares do mundo, foi criada durante o regime nazista como resposta à falta de insumos para produzir Coca-Cola na Alemanha. Entenda como nasceu a Fanta e como esse refrigerante criado na Alemanha durante a guerra se tornou um fenômeno global.

A origem da  Fanta remonta a um dos períodos mais sombrios da história: a Segunda Guerra Mundial. Em meio à tensão global e ao colapso das relações comerciais entre os Estados Unidos e a Alemanha nazista, um novo refrigerante surgiu para suprir a ausência da Coca-Cola no país germânico. E, ironicamente, nasceu dentro da subsidiária alemã da própria Coca-Cola.

Durante o conflito, a Coca-Cola GmbH, subsidiária da marca norte-americana na Alemanha, enfrentou um desafio inédito: com o bloqueio comercial imposto pelos EUA após a entrada na guerra em 1941, ficou impossível importar o xarope-base da Coca-Cola. Foi então que o executivo Max Keith, que dirigia as operações da marca no país desde 1938, precisou encontrar uma solução para manter os negócios funcionando. Entenda como nasceu a Fanta.

Como nasceu a Fanta: criatividade sob racionamento e guerra

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Foi nesse contexto que nasceu a ideia de criar um novo refrigerante, utilizando os ingredientes disponíveis na Alemanha em plena escassez alimentar. A solução foi utilizar subprodutos da indústria de alimentos, como:

  • Polpa de maçã fermentada (usada na produção de cidra)
  • Soro de leite e resíduos da indústria de queijo
  • Sacarina e pequenas quantidades de açúcar

A mistura deu origem a uma  bebida doce, com sabor frutado variável, pois os ingredientes dependiam do que havia disponível no momento. A receita era instável, mas suficientemente saborosa para ganhar espaço em um mercado privado de outras opções.

A criação da Fanta: nome inspirado na palavra “Fantasie”

Com a fórmula definida, restava batizar o novo produto. Max Keith propôs aos funcionários da Coca-Cola GmbH que usassem a imaginação para criar um nome marcante. Foi então que Joe Knipp, um vendedor veterano da empresa, sugeriu “Fanta”, derivado da palavra alemã “Fantasie”, que significa “fantasia” ou “imaginação”.

O nome agradou, foi registrado, e a criação da Fanta se oficializou como uma marca da Coca-Cola GmbH — ainda que a empresa matriz nos Estados Unidos não tivesse qualquer controle sobre o produto durante a guerra.

Sucesso imediato entre os alemães

Lançada em 1942, a Fanta rapidamente se tornou um sucesso de vendas. Apenas um ano depois, em 1943, a bebida já somava três milhões de garrafas vendidas, número expressivo considerando as limitações de produção e distribuição impostas pelo conflito.

A popularidade se deu não apenas pelo sabor, mas também pelo racionamento de açúcar na Alemanha nazista. A Fanta, com sua doçura artificial, passou a ser usada como adoçante para infusões e até mesmo para receitas culinárias. Ou seja, mais do que uma bebida, ela passou a suprir uma demanda prática da população em tempos de guerra.

A ligação controversa com o regime nazista

O fato de a Fanta ter sido criada durante o Terceiro Reich levanta até hoje questionamentos sobre a relação da Coca-Cola GmbH com o regime nazista. Apesar de a empresa ter mantido distância ideológica de Hitler, havia um esforço claro para manter os negócios funcionando dentro do território alemão.

Inclusive, Hermann Göring, comandante da força aérea nazista e braço-direito de Hitler, tentou nacionalizar a Coca-Cola no país. Seu objetivo era tomar posse da fórmula da bebida original, o que acabou não se concretizando.

Max Keith, por sua vez, conseguiu manter as operações da empresa com apoio do governo, mas nunca se posicionou como colaborador direto do regime. Após a guerra, a Coca-Cola investigou a atuação de Keith e concluiu que o executivo não havia colaborado com os nazistas. Pelo contrário, ele teria protegido funcionários perseguidos pela Gestapo e oferecido caminhões da empresa para fornecer água potável a civis após bombardeios.

Apesar do sucesso local da nova bebida, o avanço das tropas aliadas teve impacto devastador. As 43 fábricas da  Fanta na Alemanha foram completamente bombardeadas. Com o fim da guerra, a Coca-Cola retomou o controle da subsidiária alemã e reiniciou a produção da Coca-Cola no país.

Mas a Fanta não foi esquecida. A fórmula precária da época foi reformulada, e a marca ganhou uma nova chance — agora, com a chancela oficial da Coca-Cola Company.

Anos depois: Fanta ganha o mundo

Foi apenas na década de 1960 que a Coca-Cola decidiu investir globalmente na marca Fanta. O refrigerante, criado originalmente como uma alternativa improvisada, passou a ser produzido com sabores frutados mais definidos — especialmente laranja, uva e abacaxi — e foi lançado nos Estados Unidos com grande receptividade.

O sucesso foi tanto que a Fanta se consolidou como uma das maiores marcas do portfólio da Coca-Cola, ao lado da própria Coca-Cola, Sprite e Schweppes.

Atualmente, o refrigerante está disponível em mais de 190 países, com mais de 90 sabores diferentes adaptados a gostos regionais.

A Fanta se transformou em uma marca associada à juventude, alegria e irreverência. Campanhas publicitárias ao redor do mundo apostam em cores vibrantes, personagens animados e ações voltadas ao público adolescente.

No Brasil, a Fanta Laranja é um dos refrigerantes mais consumidos da categoria, perdendo apenas para Coca-Cola e Guaraná Antarctica. Além da tradicional Fanta Laranja, outras versões como Fanta Uva, Fanta Guaraná e Fanta Maracujá já passaram pelos mercados brasileiros.

Curiosidades sobre a Fanta e sua origem

  • primeira Fanta da história não tinha sabor fixo e nem mesmo cor padronizada. A composição mudava de acordo com os ingredientes disponíveis no mercado alemão durante a guerra.
  • rótulo da Fanta original incluía a frase “um produto da Coca-Cola GmbH”, para dar credibilidade ao novo refrigerante.
  • Apesar da origem nazista, a marca nunca foi oficialmente associada ao regime de Hitler, tendo sobrevivido à guerra com reputação relativamente intacta.
  • A Fanta foi relançada oficialmente nos EUA somente nos anos 1960, sendo “descoberta” pelo público americano muito depois de seu nascimento na Alemanha.

O período pós-guerra foi decisivo para a reconstrução da marca Coca-Cola na Europa. A empresa se aproveitou da popularidade espontânea que a Fanta havia conquistado e a transformou em um produto global, ajustando seu sabor e imagem ao novo cenário político e econômico.

Ao longo das décadas, a Fanta deixou para trás a imagem de um refrigerante criado na Alemanha durante a guerra e passou a representar a diversidade de sabores e a criatividade dos mercados locais. Cada país passou a ter sua “Fanta favorita”, com versões exclusivas e campanhas regionais.

Como nasceu a Fanta e se tornou um dos refrigerantes mais consumidos do planeta

A história de como nasceu a Fanta é, sem dúvida, uma das mais curiosas do universo das  bebidas. O que começou como uma solução improvisada em meio ao racionamento e ao bloqueio comercial da Segunda Guerra Mundial, acabou se tornando um dos refrigerantes mais consumidos e amados do planeta.

A criação da Fanta, em uma Alemanha devastada pela guerra, é prova de que até em momentos de crise, a criatividade pode abrir caminho para ideias que atravessam gerações. Hoje, longe de seu passado sombrio, a Fanta é símbolo de cor, sabor e diversidade.

FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS

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