De símbolo de reconstrução ao topo da indústria automotiva global: descubra como a Volkswagen, criadora do Fusca, da Kombi e Gol, construiu um império que hoje controla marcas como Bugatti, Porsche e Lamborghini
No mundo das quatro rodas, a Volkswagen comanda tudo. Dona dos ícones Fusca, Kombi e Gol, ela é proprietária de várias marcas de automóveis. O grupo possui marcas como Audi, Porsche, Lamborghini, Bentley, Bugatti, Seat, Skoda e, em alguns mercados, até mesmo a marca Ducati para motocicletas.
Em um cenário global onde poucas marcas conseguem manter relevância por décadas, a Volkswagen não apenas sobreviveu — ela moldou o futuro da indústria automotiva. Com raízes em uma Alemanha devastada pela guerra, a fabricante que começou com o Fusca tornou-se a força por trás de algumas das mais icônicas marcas de carros de luxo, superesportivos e até motocicletas de alto desempenho. Hoje, a Volkswagen dita o ritmo da inovação sobre quatro — e duas — rodas.
A origem do carro do povo
A trajetória da Volkswagen se inicia oficialmente em 1937, com o apoio do governo alemão para criar um carro acessível à população. A missão foi dada ao engenheiro Ferdinand Porsche, que em 1934 já desenhava o conceito de um veículo compacto, robusto e econômico. Esse projeto ganhou força com o apoio direto de Adolf Hitler, que enxergava no “carro do povo” (Volkswagen, em alemão) um símbolo da nova Alemanha.
O modelo criado — posteriormente conhecido como Fusca — começou a ser produzido em 1938, mas teve sua trajetória interrompida pela Segunda Guerra Mundial, quando as fábricas da marca passaram a produzir equipamentos militares.
A reconstrução pós-guerra e o renascimento do Fusca Volkswagen
Após o fim da guerra, a fábrica da Volkswagen estava em ruínas. Mas foi a visão de um oficial britânico, Ivan Hirst, que mudou o destino da montadora. Ele viu potencial na estrutura destruída e reiniciou a produção do Fusca, inicialmente para as forças aliadas.
“A fábrica foi completamente destruída. Nós a pegamos e fizemos dela uma das maiores e melhores do mundo”, declarou Hirst em entrevistas posteriormente resgatadas pelo Volkswagen Group.
Em 1947, o Fusca voltou oficialmente ao mercado civil e rapidamente se transformou em um símbolo de renascimento para a Alemanha. Conquistou milhões de consumidores pelo mundo e consolidou a Volkswagen como uma potência em ascensão.
Da reconstrução ao império industrial
Com o crescimento da demanda, a Volkswagen percebeu a necessidade de expandir. A primeira grande aquisição veio em 1965, com a compra da Audi, um movimento que trouxe à empresa alemã acesso a tecnologias avançadas e motores de alto desempenho.
Na década de 1980, a marca alemã acelerou sua expansão internacional. Em 1982, adquiriu a espanhola SEAT, e logo em seguida integrou também a Skoda, da República Tcheca. Essas estratégias garantiram presença sólida nos principais mercados europeus, ampliando a variedade de modelos — de veículos populares a carros premium.
Volkswagen: O salto para o luxo: Bentley, Lamborghini e Bugatti
Nos anos 1990, a Volkswagen assumiu o controle de marcas lendárias da alta performance. Em 1998, comprou a Bentley, sinônimo de luxo britânico; a Lamborghini, marca italiana que respira adrenalina; e a lendária Bugatti, símbolo máximo de velocidade e sofisticação.
Com a força tecnológica da Volkswagen, essas marcas passaram a produzir veículos que desafiaram os limites da engenharia.
- Lamborghini Gallardo (2003): Com motor V10, tornou-se o modelo mais vendido da marca italiana.
- Bugatti Veyron (2005): Supercarro que alcançou 431 km/h, quebrando o recorde mundial.
- Bugatti Chiron Super Sport 300+ (2019): O primeiro carro de produção a superar 490 km/h.
Esses marcos só foram possíveis graças ao suporte da engenharia alemã e ao desenvolvimento de motores como o W16, uma joia tecnológica criada exclusivamente para os modelos da Bugatti.
Um império sobre rodas — e também sobre trilhos
Além dos automóveis, o Grupo Volkswagen também investiu pesado em veículos comerciais. Adquiriu marcas como MAN e Scania, gigantes do setor de caminhões e ônibus. E não parou por aí: expandiu também para o universo das motocicletas de alto desempenho, com a aquisição da Ducati — responsável por modelos como a Panigale V4 e a Multistrada V4.
Segundo o site Motor1 Brasil, em 2023 uma das unidades do Bugatti Chiron chegou ao Brasil pela primeira vez, avaliada em cerca de R$ 50 milhões com impostos, tornando-se o carro mais caro do país.
A fusão que virou lenda: Porsche e Volkswagen
Uma das histórias mais curiosas da Volkswagen é sua relação com a Porsche. Embora ambas compartilhassem DNA desde os tempos de Ferdinand Porsche, foi apenas em 2012 que a Volkswagen concluiu a aquisição total da marca esportiva.
A integração ocorreu após anos de disputas societárias. A Porsche Automobile Holding vendeu sua divisão de fabricação de veículos esportivos, encerrando definitivamente a novela financeira que envolvia as duas marcas. Hoje, os modelos da Porsche — como o Macan, Taycan e Panamera — compartilham plataformas, tecnologias e até motores com veículos da Audi e da própria Volkswagen.
A engenharia por trás da força: motores Volkswagen e plataformas compartilhadas
Uma das estratégias de sucesso do Grupo Volkswagen é o compartilhamento de plataformas. A mesma arquitetura utilizada no Porsche Taycan (J1), por exemplo, é empregada no Audi e-tron GT. Já a plataforma PL71 serve tanto ao Audi Q7 quanto ao Volkswagen Touareg.
O mesmo se aplica aos motores. O bloco 2.0 TFSI, desenvolvido originalmente pela Volkswagen-Audi, é usado em modelos como o Porsche Macan, o Audi RS Q8 e até no Panamera. Isso garante não apenas redução de custos e padronização de qualidade, como também facilita inovações simultâneas entre marcas.
Em 2015, Audi e Lamborghini formaram uma joint venture para desenvolver os novos motores V6 e V8, que hoje equipam seus modelos mais modernos com foco em desempenho e eficiência.
O legado de uma marca que moldou a história da indústria automotiva
A Volkswagen deixou de ser apenas a criadora do Fusca para se tornar um verdadeiro império automotivo. Com presença em quase todos os segmentos — do carro popular ao superesportivo, passando por veículos comerciais e motocicletas —, a marca continua a surpreender o mundo com sua capacidade de adaptação e inovação.
A trajetória da Volkswagen é uma aula de engenharia, estratégia e resiliência. E tudo começou com um simples sonho: colocar o povo sobre quatro rodas.
Agora queremos saber de você: o que mais te surpreendeu nessa história? Já teve algum carro do Grupo Volkswagen? Deixe seu comentário abaixo e compartilhe este conteúdo com quem também é apaixonado por carros!
FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS