Um apartamento avaliado em R$ 600 mil e um carro de luxo comprado à vista, via PIX, por R$ 107 mil. Esses seriam parte dos bens adquiridos por uma mulher de 38 anos, natural da região de Conselheiro Lafaiete (MG), suspeita de desviar cerca de R$ 1,5 milhão da própria tia, uma idosa de 84 anos, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. A Polícia Civil apresentou detalhes do caso durante coletiva de imprensa na 4ª Delegacia da Região Noroeste, na tarde desta sexta-feira (6 de junho).
Segundo o delegado Artur Vieira, responsável pelas investigações, o imóvel foi comprado há sete anos, pouco antes da morte do marido da vítima, e passou por uma reforma avaliada em R$ 150 mil. Documentos encontrados no local reforçam a suspeita de que o apartamento foi adquirido com recursos da idosa. Já o carro de luxo — um Honda HR-V, modelo 2019 — também está em nome da investigada e teve o valor transferido integralmente via PIX, diretamente da conta da vítima.
A mulher é sobrinha da vítima por afinidade e passou a morar com o casal de idosos há dez anos, quando teria iniciado uma relação de confiança com a tia. Durante o tratamento contra um câncer, a vítima entregou à sobrinha a responsabilidade pelas finanças da casa — o que, segundo a polícia, foi explorado pela suspeita para ter acesso irrestrito às contas bancárias.
“A investigada (sobrinha) se aproveitou da vulnerabilidade da vítima e passou a fazer movimentações financeiras em benefício próprio”, afirmou o delegado. A fraude só foi descoberta neste ano, após uma movimentação atípica de R$ 200 mil chamar a atenção do gerente do banco onde a vítima tem conta. Ele procurou a idosa e orientou que ela registrasse a ocorrência.
A partir das investigações, a Polícia Civil identificou elementos que comprovaram os crimes e solicitou a prisão preventiva, além da expedição de mandado de busca e apreensão. As ordens foram cumpridas nesta sexta-feira.
No imóvel dela, no bairro Inconfidentes, em Contagem, a Polícia Civil apreendeu celulares, computador e documentos. A investigação também apura indícios de lavagem de dinheiro e a possível participação de outras pessoas no esquema. O inquérito está em andamento. A mulher é investigada por furto qualificado mediante abuso de confiança — crime com pena prevista de 2 a 8 anos de prisão, que pode ser aumentada em até o dobro por ter como vítima uma pessoa idosa.