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‘Segredo’ revelado: método chinês faz Renault encurtar de 4 anos para 23 meses o Twingo elétrico, acelerar o SUV Boreal — e já mirar o Brasil com a Geely

Estratégias globais aceleram lançamentos e ampliam a presença da Renault com inovação chinesa, investimentos bilionários e novos modelos no Brasil.

A Renault, uma das principais montadoras globais, promoveu uma revolução nos processos de desenvolvimento ao adotar práticas industriais de origem chinesa, que permitiram acelerar drasticamente a criação de veículos, como o novo Twingo elétrico.

A montadora francesa conseguiu reduzir o ciclo de desenvolvimento de novos carros de até quatro anos para apenas 23 meses, graças à integração de métodos e parcerias estratégicas com fornecedores chineses.

O avanço mais notório até o momento é o compacto elétrico Twingo, desenvolvido em colaboração com uma empresa chinesa, cuja produção ágil exemplifica a nova dinâmica de inovação na indústria automotiva internacional.

Segundo Ivan Segal, diretor global de vendas da Renault, o movimento marca uma inversão histórica: após três décadas em que montadoras ocidentais serviram de referência para as chinesas, agora as marcas europeias buscam inspiração nos métodos orientais para elevar sua competitividade.

Ele destaca que a entrada das fabricantes chinesas nos mercados do Ocidente é vista como um fator positivo para o setor automotivo global, proporcionando oportunidades de evolução tecnológica e eficiência produtiva.

Para monitorar e aprender com essa transformação, a Renault mantém uma equipe de 150 profissionais na China, dedicada a observar de perto como os fornecedores locais atingem altos padrões de produtividade e agilidade.

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Práticas industriais chinesas transformam o setor automotivo

A estratégia global da Renault, alinhada ao chamado “International Game Plan”, avança também sobre mercados emergentes.

No Brasil, a montadora firmou uma joint venture com a Geely, gigante chinesa do setor, e estuda a produção local de modelos elétricos.

O acordo faz parte de um robusto plano de investimentos, que prevê a aplicação de R$ 5,1 bilhões entre 2021 e 2027.

Entre as principais apostas está o lançamento do SUV Boreal e a expansão do utilitário Kardian, que já impactaram positivamente o desempenho da marca: apenas no primeiro semestre de 2025, as vendas nacionais da Renault cresceram 9% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Ivan Segal, que assumiu a direção global de vendas da Renault há um ano, tem amplo histórico na indústria automotiva, com passagens por marcas como Citroën e Volkswagen.

Recentemente, o executivo esteve no Brasil para apresentar o SUV Boreal, um veículo premium com objetivo de reposicionar a Renault em mercados fora da Europa, elevando o patamar de seus produtos em segmentos mais valorizados.

Internacionalização e equilíbrio nas vendas globais

No planejamento estratégico, a Renault busca equilibrar o volume de veículos comercializados dentro e fora da Europa até 2027.

Atualmente, cerca de 40% das vendas globais da marca ocorrem em mercados internacionais.

A expectativa é que esse percentual chegue a 45% até o fim do ano e ultrapasse a marca de 50% nos próximos anos, à medida que o International Game Plan avança e novos modelos são lançados em regiões como América Latina, Turquia, Coreia do Sul e Argentina.

Segundo Segal, o objetivo não é apenas ganhar participação de mercado, mas aumentar a rentabilidade e garantir a sustentabilidade do negócio e da rede de concessionários.

A renovação do portfólio europeu, com foco nos segmentos C e D — considerados mais sofisticados —, já elevou a participação dessas categorias de 15-20% para mais de 40% nas vendas do continente em apenas quatro anos.

A intenção da Renault é replicar esse modelo em mercados emergentes, investindo em veículos de maior valor agregado e ampliando a presença global da marca.

Brasil no centro da estratégia Renault

O Brasil ocupa posição de destaque no planejamento internacional da Renault, figurando como o segundo maior mercado da marca, atrás apenas da França.

A montadora também mantém forte atuação em países como Turquia, Argentina e Coreia do Sul, que integram os principais destinos de exportação e lançamento de novos modelos.

O SUV Kardian foi lançado primeiramente na América Latina e logo expandiu sua presença para outros mercados, como Turquia, Marrocos e Argentina, onde contribuiu para um aumento de 98% nas vendas semestrais.

Em território brasileiro, a competitividade do setor é reconhecida como um desafio constante.

Apesar disso, a Renault conseguiu ampliar seu market share, impulsionada especialmente pela aceitação do Kardian.

Segundo Segal, o Brasil é caracterizado por intensa disputa entre montadoras, mas o desempenho local serve de vitrine para a implementação de estratégias globais da empresa.

Alianças estratégicas e descentralização industrial

Frente a um cenário global de aumento do protecionismo, com países como Estados Unidos adotando tarifas elevadas sobre veículos importados, a Renault aposta na descentralização da produção e na criação de hubs industriais em diferentes continentes.

A diversificação das fábricas, incluindo unidades na Índia, Colômbia, Turquia, Marrocos e América do Sul, é vista como alternativa para driblar oscilações tarifárias e garantir flexibilidade frente às mudanças políticas e econômicas internacionais.

A parceria com a Geely, embora ainda em processo de aprovação por autoridades regulatórias da França, China e Brasil, é considerada estratégica para a expansão da Renault no país.

O objetivo é viabilizar colaborações industriais e desenvolvimento conjunto de produtos, especialmente veículos elétricos, ampliando a competitividade da marca em território nacional.

No entanto, até o momento, a produção conjunta ainda não foi confirmada oficialmente, dependendo de trâmites legais e regulatórios.

O impacto do método chinês na inovação automotiva

A ascensão das montadoras chinesas no mercado automotivo global é reconhecida como um estímulo à inovação.

Com preços competitivos e tecnologia avançada, as marcas asiáticas têm conquistado espaço em diversos países, forçando fabricantes tradicionais a reavaliar processos e investir em modernização.

A Renault, atenta a esse movimento, reforçou sua equipe na China para identificar tendências e incorporar práticas que possam acelerar a produção e reduzir custos, sem comprometer qualidade ou segurança.

O exemplo do Twingo elétrico, desenvolvido em apenas 23 meses graças à sinergia com parceiros chineses, simboliza uma nova era para a engenharia automotiva europeia.

Segundo a direção da Renault, o intercâmbio de conhecimento entre Ocidente e Oriente impulsiona avanços significativos, tornando possível oferecer ao consumidor veículos mais inovadores, acessíveis e sustentáveis.

Com um portfólio cada vez mais alinhado às demandas globais e uma estratégia de expansão focada em mercados fora da Europa, a Renault se posiciona como protagonista na transformação do setor automotivo, apostando em eficiência, inovação e colaboração internacional.

Diante de mudanças tão profundas e rápidas, a presença crescente de tecnologias e métodos chineses pode definir os próximos rumos da indústria automotiva mundial?

O consumidor brasileiro está preparado para essa revolução na forma de produzir e consumir veículos elétricos?

FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS

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