O valor das premiação, algo em torno de R$7,5 mil, será rateado entre as duas equipes; há possibilidade de dois jogos festivos nas cidades dos campeões
Pela primeira vez em mais de 35 anos de história, a Taça Vertentes Metalúrgica teve um desfecho inédito: Nacional, de Piranga, e Pinheiros, de Cristiano Otoni, foram declarados campeões. A decisão foi oficializada hoje, 18 de agosto, na sede da Liga de Desportos de Conselheiro Lafaiete (LDCL), durante reunião com diretores da Liga e representantes das equipes envolvidas. O episódio que motivou a decisão gerou polêmica, mas refletiu a única solução possível diante do caos que tomou conta do estádio do Guarani.
Um campeonato brilhante, uma final trágica
Ao longo de toda a competição, a Taça Vertentes Metalúrgica de 2025 foi um espetáculo de talento e paixão pelo futebol regional. Partidas emocionantes envolveram equipes de diversas cidades, atraindo grande público e elogios à organização da Liga. “Foi um campeonato lindo. A Liga fez um trabalho extraordinário, movimentando toda a região e levando centenas de torcedores ao estádio em cada rodada”, destacou Dionísio Leonardo Nogueira, presidente da LDCL.
A final, realizada no domingo, dia 3 de agosto, começou dentro da expectativa. O Nacional abriu o placar antes dos 10 minutos do primneiro tempo e o Pinheiros empatou na segunda etapa. O placar anunciava uma disputa emocionante nos pênaltis, mas um lance polêmico envolvendo uma falta a favor do Nacional e uma infração anterior marcada pelo quarto árbitro desencadeou uma confusão generalizada.
O caos em campo
Jogadores e membros das comissões técnicas se envolveram em empurrões e bate-boca. Torcedores, muitos em estado de embriaguez, arremessaram copos e latas em direção ao gramado. Palavrões e ameaças verbais se espalharam, transformando o estádio do Guarani em um local de alta periculosidade. A arbitragem foi diretamente atacada: o árbitro central relatou ameaças de morte, enquanto o quarto árbitro sofreu agressão física. Sem condições de prosseguir, a equipe de arbitragem decidiu encerrar a partida aos 20 minutos do segundo tempo.
O diretor de esportes Marcelo Dias não poupou críticas: “O que vimos no estádio foi selvageria. Alguns dirigentes e atletas se comportaram como se estivessem em uma guerra, e isso contagiou torcedores. Depois de 35 anos, a Taça Vertentes termina de forma vergonhosa. É inadmissível que, por falta de segurança e disciplina, um simples jogo de futebol se transforme nesse espetáculo de violência!”


Falhas múltiplas
O episódio expôs fragilidades em diversos níveis: Segurança insuficiente: o policiamento, requisitado em diversas ocasiões, não atuou de forma eficaz, deixando todos vulneráveis. Preparação da Liga e arbitragem: apesar do trabalho exemplar ao longo da competição, a final revelou a necessidade de protocolos mais rigorosos para lidar com situações de risco. Comportamento de dirigentes, atletas e torcida: xingamentos, ameaças e agressões transformaram o clima esportivo em conflito aberto.
Mesmo diante do caos, Dionísio Leonardo Nogueira adotou um tom mais ponderado: “Foi um episódio lamentável, mas precisamos separar a exceção da regra. O campeonato como um todo foi um sucesso, e a Liga continuará trabalhando para garantir que futuras edições sejam lembradas pela qualidade do esporte, e não por momentos isolados de violência.”
Repercussão na comunidade esportiva
Torcedores e admiradores do futebol regional expressaram indignação. “Nunca imaginei que a Taça Vertentes terminaria assim. É revoltante ver tantos anos de história serem manchados por irresponsabilidade e selvageria”, afirmou um torcedor presente à final. Outros ressaltaram a necessidade de mudanças profundas na segurança e no comportamento de atletas e dirigentes para que o futebol amador mantenha sua função social e esportiva.
Dois campeões e um aprendizado doloroso
A decisão de declarar Nacional e Pinheiros campeões foi encarada como a única saída possível diante do cenário de risco. O episódio deixou prejuízos emocionais sentidos por todos que acompanham o futebol regional: diretores da Liga abatidos, a Comissão de Arbitragem devastada, e torcedores e atletas perplexos.
A premiação será realizada no próximo domingo, dia 24 de agosto, no campo do Mineiro, em Conselheiro Lafaiete, reunindo atletas, dirigentes e torcedores para celebrar oficialmente o título.A Taça Vertentes Metalúrgica de 2025 deixa um alerta claro: disciplina, preparo e segurança não podem ser negligenciados. Nacional e Pinheiros mantêm seu prestígio, mas carregam agora a responsabilidade de transformar esta experiência em aprendizado. A esperança é que futuras edições do campeonato sejam lembradas apenas pelo esporte e pela paixão das torcidas, e não por episódios de violência.