Dados do Ministério dos Transportes mostram que tirar a CNH no Brasil pode custar de R$ 1.950 a R$ 4.951
Em meio à polêmica sobre o fim da obrigatoriedade das aulas em autoescolas para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) no Brasil, dados do Ministério dos Transportes revelam quanto custa obter a CNH nas capitais do país. Para se ter uma ideia, os valores por estado variam entre R$ 1.950,40 e R$ 4.951,35. Dos 26 estados, mais o Distrito Federal, Minas Gerais aparece em quarto lugar entre as cinco capitais onde tirar a CNH é mais caro.
Tirar a carteira em Minas pode chegar até R$ 3.968,15. O Rio Grande do Sul lidera o ranking, sendo a capital mais cara do país. Para o motorista tirar a CNH por lá, o valor pode chegar até R$ 4.951,35. A diferença do estado gaúcho para o mineiro, por exemplo, é de quase R$ 1 mil.
Elma Ramos, de 57 anos, moradora de Itaúna, na Região Centro-Oeste, está no processo para retirar a CNH. Além dos altos custos com autoescolas da cidade, ela cita dificuldade para agendar aulas. Segundo ela, o valor cobrado é mais alto do que em municípios vizinhos, e há pouca flexibilidade de horários.
“Aqui parece que existe um padrão entre as autoescolas, como se fosse um cartel. É caro. Tentei marcar aulas depois das 18h e só consegui vaga para daqui a 15 dias”, contou. A moradora também criticou a falta de padronização nos pagamentos.
“Tem escola que não aceita Pix. Em uma delas, o preço muda conforme a forma de pagamento: é um valor no dinheiro, outro no cartão e outro no Pix. Não há um padrão definido”, afirmou. Ela explicou ainda que, até recentemente, apenas um local oferecia o curso de legislação na cidade.
“Só um lugar incluía a parte de legislação. Agora abriram outro, que começou no mês passado, mas é tudo meio atrelado às mesmas autoescolas”, disse. Por causa do preço, muitos moradores buscam alternativas em cidades próximas.
“Dizem que nas redondezas está bem mais barato. Tem gente indo para Itatiaiuçu ou Divinópolis para tirar a carteira. Aqui, parece que todas cobram praticamente o mesmo valor”, relatou. A moradora também apontou a falta de disponibilidade de horários como um obstáculo. “Fiz a prova em agosto e, até agora, não consegui começar as aulas por falta de horário disponível”, concluiu.
Ranking das autoescolas mais caras do país
Mato Grosso do Sul aparece na segunda colocação, com o valor de R$ 4.477,95. Já em terceiro está a Bahia, com preço médio de R$ 4.120,75; em seguida, Minas Gerais; e, por último, Santa Catarina, que cobra R$ 3.906,90.
Entre os menores valores para tirar a CNH estão os estados da Paraíba, R$ 1.950,40, e São Paulo, com o valor de R$ 1.983,90. Se compararmos os valores da CNH de Minas Gerais em relação à carteira de motorista mais barata, na Paraíba, a diferença é de mais de R$ 2 mil.
Taxas e exames
Proprietário da autoescola Pará de Minas, na Região Noroeste de Belo Horizonte, Moacir Moreira Júnior esclareceu que parte significativa do valor da primeira habilitação não é destinada às autoescolas. Segundo ele, 33% do custo da CNH correspondem a taxas e exames do Detran, e não ao serviço prestado pelas autoescolas. Juninho, como é conhecido, também comentou o debate sobre o fim da obrigatoriedade das autoescolas e reforçou que a formação vai além de apenas passar na prova.
“Dirigir não é só passar na prova, é cuidar de vidas. A formação profissional garante preparo, consciência e segurança no trânsito”, afirmou. Para ele, acabar com as autoescolas colocaria em risco a segurança viária.
Foto: Reprodução | Governo
Quanto custa tirar a CNH no Brasil? MG é o quarto estado mais caro; confira o ranking
“Acabar com as autoescolas é colocar mais motoristas despreparados nas ruas e mais vidas em risco. Nós seguimos firmes no propósito de formar condutores responsáveis e transformar o trânsito com segurança e responsabilidade”, completou.
20 milhões de brasileiros dirigem irregularmente
Segundo a pesquisa Perfil do Condutor Brasileiro, do Instituto Nexus, cerca de 20 milhões de brasileiros dirigem irregularmente, e 32% ainda não conseguiram tirar a CNH devido ao custo do processo.
Conforme o estudo, a percepção é de que o valor elevado é praticamente unânime: 80% consideram que tirar a CNH é caro ou muito caro. Já 66% dos brasileiros alegam que o preço cobrado não condiz com o serviço entregue pelas autoescolas.
Para se ter uma ideia, 81% dos brasileiros com renda familiar de até um salário mínimo não possuem habilitação. Em relação às regiões que contam com menos habilitados, o Nordeste dispara com 71% e o Norte com 64%. Nessas regiões, os campeões no preço da CNH são a Bahia, com valor médio de R$ 4.120,75, e o Acre, R$ 3.906,60, respectivamente.
A pesquisa revelou também que quase metade, cerca de 49%, dos condutores não habilitados dizem que o custo é o principal motivo para não regularizarem a situação.
FONTE: ITATIAIA